Internet é tendência para propaganda eleitoral

por Caio Yuke
Internet é tendência para propaganda eleitoral

Resultados de 2018 apontam queda na importância da televisão para obter bons resultados nas eleições

Por Caio Yuke, Enrique Ceni e Vinícius Setta | Foto: Caio Yuke

As últimas eleições mostraram que a maneira de se fazer propaganda política está mudando.O antes almejado tempo de tela na televisão não é mais uma garantia de votos nas urnas. Com o poder da internet e das redes sociais, candidatos e eleitores precisam se adaptar às novas estratégias publicitárias. Nas últimas eleições de esfera nacional, segundo pesquisa do Instituto DataSenado, 45% dos 2400 entrevistados tiveram sua decisão nas urnas influenciada pela internet. 

Na corrida eleitoral de 2022, a internet deve ser uma arma ainda mais veraz para os candidatos do que  já havia sido em 2018. Com o uso de qualquer estratégia e ferramenta possível para ganhar vantagem nas pesquisas, exigindo do eleitor atenção redobrada com a veracidade das informações divulgadas nas redes sociais, se tornando necessário verificar cada notícia em veículos de informações com credibilidade.

O consultor em marketing político Sandro Gianelli explica a estratégia usada para campanhas publicitárias online. O especialista, diz que cada rede social tem um público específico, o que pode variar na maneira que diferentes candidatos usam a internet.

“Se um político jovem for em uma cidade onde o Tiktok é bem disseminado, o Tiktok pode conversar melhor com a juventude. No geral, em idosos é mais Whatsapp e facebook, depende de idades e lugares.” 

O consultor explica como é pensada a campanha de um político de modo geral. Ele diz que a estratégia traçada por cada político precisa apresentar, além de si próprio, as causas que defende e o que pretende apoiar durante seu mandato. O especialista ainda diz que uma boa campanha publicitária política causa impacto quando é bem estruturada e planejada e quando se conhece o eleitorado.

“Para se tornar um candidato interessante, é necessário você conhecer a dor do seu eleitor, para apresentar a solução para essas dores. A propaganda política impacta de uma forma surpreendente, porque ela vai falar das dores de uma parcela da população diretamente para essa parcela. Por exemplo, hoje existem pessoas que defendem os Pets, ele demonstra sentindo a mesma dor, o mesmo tipo de atenção dessas pessoas e a campanha é feita em cima disso,  o mais importante é impactar o público alvo, e isso a propaganda é impactante.”

Gianelli ainda exemplifica essa questão usando a campanha do presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018.

“Nas eleições de 2018 fomos extremamente bombardeados em grupos de whatsapp e redes sociais com vídeos de assaltos a residências e comércios, isso foi mobilizado nas redes e foi criada a situação que o Brasil passava uma mensagem de insegurança. Então, chega o Bolsonaro, com a imagem de capitão do exército. Ele se colocava como o cara que ia resolver o problema da insegurança e também da corrupção no Brasil. Foi criada a situação em que para resolver aquela dor, a única solução era a eleição do Bolsonaro.”

O consultor de marketing também deduz que a dor em questão nessa eleição de 2022 será a economia. Assim como vimos no mandato Dilma-Temer, a pauta da corrupção na primeira prateleira da problematização na política, temos hoje a situação delicada da economia do país, com problemas como a queda do poder de compra, inflação e alta no preço da gasolina sendo os maiores desafios do dia-a-dia do cidadão brasileiro.

O estudante de direito Fábio Arthur foi um que se identificou com as promessas do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. Ele conta que a premissa de “algo novo” foi o que o convenceu a votar no candidato na última eleição presidencial. 

Fábio ainda vê que a escolha por se apoiar principalmente na internet como inteligente por parte de Bolsonaro, que pôde divulgar com mais eficácia informações favoráveis à sua candidatura por meio das redes sociais. O gráfico mostra como o atual presidente estava bem atrás no tempo de tela de televisão para propaganda em 2018.

Instituído pela lei 9.504/97, em julho de 1965, a propaganda eleitoral é obrigatória na televisão, o horário eleitoral gratuito é exibido em todas as emissoras de TV e rádio, simultaneamente. É um espaço reservado para os candidatos concorrentes fazerem a apresentação de seus projetos.

Fábio também enxerga uma mudança na maneira da propaganda política. Com maior uso da internet, brigando pelo maior engajamento. Conversando assim com mais faixas etárias. 

“Ele tenta se modernizar ou alcançar o público mais jovem por saber que gera mais engajamento e repercute mais.” 

Desde 2016, com base no  artigo 57-A da Lei n° 9.504/1997, é considerado crime contratar pessoas ou serviços para difamar outros candidatos ou partidos nas redes sociais, sob pena de multa de até R$50 mil para o contratante e contratado. Contudo, com alguns minutos de busca nas redes sociais, fica evidente que a lei parece não impedir o volume de perfis dos chamados “bots” elogiando algum candidato e atacando o rival.

Leia Mais: Saiba o quanto de dinheiro público é gasto com propaganda eleitoral

Saiba quanto é desembolsado dos cofres públicos e destinado à publicidade 

Para a eleição presidencial de 2022, os partidos poderão usar um total de RS 4,9 bilhões para promover seus candidatos durante as eleições. As doações de pessoas físicas continuam permitidas (com limite de até 10% da renda bruta anual declarada à Receita no ano anterior às eleições). 

A cada eleição, o Fundo Especial de Financiamento e Campanha (FEFC) cresce na questão de recursos a serem distribuídos. Em 2018, foram disponibilizados R$1,7 bilhão para as campanhas, já em 2020 chegou a R$2 bilhões.   

O valor do fundo é definido pela Lei Orçamentária Anual(LOA), que é proposta pelo poder Executivo, ajustada pelo Congresso Nacional e depois reconhecida pelo Palácio do Planalto.

No início deste ano, os cofres públicos distribuíram cerca de R$940 milhões do Fundo Eleitoral. O cálculo deste pagamento é feito com base no número de cadeiras alcançadas por partido na Câmara dos Deputados nas últimas eleições. Confira os cinco partidos que mais receberam (fonte: TSE): 

1º – PSL: R$104,5 milhões

2º – PT: R$87,9 milhões

3º – PSDB: R$54,7 milhões

4º – PSD: R$53,4 milhões

5º – MDB: R$50,6 milhões