7 filmes e séries para entender a política do Brasil

por Thiago Rasera
7 filmes e séries para entender a política do Brasil

Confira filmes e séries que retratam o tema

Por Damaris Pedro

Pode parecer difícil compreender a política, mas estas obras audiovisuais ajudarão você entender o governo do Brasil de forma simples e interessante. Separamos sete filmes e séries que fazem alusão a alguns períodos históricos da política do país. Assim fica fácil aprender, e você pode estudar comendo pipoca!

 

Para o professor de Ciências Políticas Rodrigo de Alvarenga, é extremamente válido discutir este assunto por diversos meios de comunicação, mas adverte que, apesar da síntese no formato cinematográfico tornar mais fácil a assimilação, o rigor da obra deve ser considerado. Por isso, contamos com a colaboração de  alguns especialistas no assunto para ajudar a compreender esta didática de forma mais coerente: Celina Alvetti, pesquisadora na área de audiovisual e professora de Cinema, e o professor Paulo Camargo, também pesquisador e crítico de cinema.

As obras a seguir, estão na ordem cronológica da época que representam, e não no ano em que foram lançadas.

1 – Olga

A obra dramatiza a vida de Olga Benário, (Camila Morgado) uma jovem militante  que é perseguida pela polícia, e foge para a Rússia onde sofre grande transformação em treinamento militar. De lá, ela é incumbida de deslocar-se ao Brasil junto a Luis Carlos Preste, um grande líder comunista, para conduzirem a Intentona Comunista em 1935. Entre romances e tragédias, os dois seguem juntos nesta luta.

O jornalista cultural e crítico de cinema Paulo Camargo concorda que o Brasil é colocado em evidência quando faz esta ligação de grandes nomes ao seu passado. Segundo o crítico, este filme, assim como a minissérie JK, (veja o item 4 desta lita) tem o propósito de trazer para novas gerações acontecimentos históricos de importância fundamental, para explicar de forma mais descontraída o passado do país em que vivemos. “O país que não compreende seu passado, jamais terá capacidade de entender o seu presente”.

2 – Chatô, o rei do Brasil

O filme retrata a vida do magnata da comunicação, que em seu delírio vive muitas aventuras políticas e amorosas em um programa de TV ao vivo, em rede nacional.  

Para a pesquisadora cinematográfica Celina Alvetti, o filme tem como opção de narrativa a liberdade de lidar com os fatos. É por isso que, segundo ela, é possível o espectador perceber que ele não propõe que sejam “verdades”; mas, sim ,visões. A professora também cita os aspectos exagerados da farsa e deboche, mas que no fundo reconhecem os aspectos da realidade sobre os interesses, a corrupção, o caráter e as contradições do personagem Chatô.

3 – Getúlio

A trama escrita por João Jardim, lançada em 2014, delineia o início do fim da Era Vargas. Interpretado por Tony Ramos, Getúlio passa seus últimos dias sob pressão em consequência de acusações de que teria motivado atentados contra Carlos Lacerda, um político e jornalista que liderou a campanha de oposição ao presidente.

Celina afirma que este filme seja parcialmente mais realista, atem-se mais aos fatos e possui personagens mais nuançados. Segundo a professora, a trama é mais pontual em relação ao clima do período que antecedeu o suicídio do presidente, e para ser mais acessível, provavelmente, utiliza recursos do filme de gênero para prender a atenção do espectador. “Funciona, mesmo não sendo um grande filme, acredito que permita entender um pouco do Vargas”, complementa.

4 – JK

A minissérie foi exibida pela Rede Globo em 2006, e em 47 capítulos ela dedica-se a narrar 74 anos de vida de Juscelino Kubitschek, que nos anos 50 trouxe grandes novidades para o Brasil. A pesquisadora Celina comenta que a minissérie tem uma boa dramaturgia, e apesar de não ter assistido todos os capítulos, pondera sobre as circunstâncias políticas e pessoais, que o personagem Juscelino Kubitschek interpretado por Wagner Moura e José Wilker era um tanto romanceado, e explica que a JK foram, quase somente, atribuídas qualidades, logo muitos personagens e ações são mera ficção.

5 – Tropa de Elite

Paulo Camargo lembra que Tropa de Elite e Tropa de Elite II, são exceções como efeito de narrar uma história baseada em fatos reais. O Capitão Nascimento é um personagem fictício, interpretado por Wagner Moura e criado por João Padilha, porém, seu maior propósito é resgatar a memória dos brasileiros. “Não sou eu que digo, muitos dizem que o Brasil é um país que tem memória curta”, argumenta. Para o crítico, o brasileiro conhece pouco e superficialmente a própria história e cada um destes filme, a sua maneira, resgata episódios do país, porém esta é uma obra que se estabelece na  fronteira entre a realidade e a ficção, mas que de certa forma representa um determinado arquétipo, que é a figura do BOPE: a força de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro e o confronto com o tráfico de Drogas, no entanto não problematiza o problema da droga.

6 – Tropa de Elite 2

Agora o Capitão Nascimento está 10 anos mais velho, e é sub-secretário de Inteligência na secretaria de segurança pública do Rio de Janeiro. Ele precisa lidar com problemas ainda maiores, tentando descobrir qual a origem dos problemas do tráfico, interferindo nas grandes milícias do estado.

A análise do pesquisador Paulo Camargo traz a ideia da captura de um momento mais contemporâneo e a construção de um discurso um pouco menos policialesco que no primeiro filme. Segundo ele, no primeiro filme, o  Capitão é um homem em crise, atormentado e última instância na personificação do Estado na luta contra o crime, que age como espécie de justiceiro. O professor explica que na época ele foi percebido como espécie de grande herói nacional, motivo de grande parte das críticas, mas que este segundo filme é feito de maneira mais inteligente, trazendo uma grande figura que é o deputado fazendo alusão à figura de Marcelo Freixo que é um pouco mais matizado.

7 – O Mecanismo

Inspirada na Operação Lava Jato, a série é narrada pelo policial Marco Ruffo que tenta problematizar as raízes da corrupção política, e entender o mecanismo que move todo o esquema na rota do dinheiro sujo.

A série é uma transfiguração, explica Paulo Camargo. “Ela não pretende ser literalmente histórica, pois troca nomes de personagens e nomes das instituições. Um artifício bem frágil”, argumenta. O professor sugere que, quando o espectador assiste a série percebe que se trata de um Brasil de hoje, com a operação Lava-jato, dos governos Lula e Dilma, do juiz Sérgio Moro e do mecanismo de lavagem de dinheiro e obtenção de fundos por meios corruptos e conclui que é uma tentativa de retratar o momento presente do país.

 

Agora é só partir pra busca. Alguns desses longas ou séries estão disponíveis na Netflix, no Globo Play, ou até mesmo no Youtube. Não vai ser difícil encontrá-los.

Celina Alvetti cita vários outros filmes que podem ajudar a estudar a política do Brasil, como O dia em que meus pais saíram de férias (Cao Hamburguer), passando por O que é isso, companheiro (Bruno Barreto), Pra frente, Brasil (do recém falecido Roberto Farias) e A Terra em transe, de Glauber – filmes lançados em anos distintos, mas que nos permitem pensar sobre hoje. A pesquisadora também recomenda mais uma forma de aprender história da política brasileira por meio de audiovisuais: assistir a documentários. Mas explica que ainda, a maioria tem um ponto de vista que nem sempre corresponde de modo objetivo aos fatos, se o espectador sabe disso, pode filtrar a informação.