Alunos brasileiros estão entre os que mais se estressam durante estudos

Adolescentes estão em segundo lugar no ranking mundial dos alunos que possuem altos níveis de ansiedade

Por Évelyn Rodrigues e Matheus Zilio

Os estudantes brasileiros estão entre os mais estressados do mundo e possuem os maiores níveis de ansiedade durante provas, é o que mostra os  dados do último Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA, na sigla em inglês), revelados no final do último ano. Segundo o relatório, 56% dos estudantes brasileiros relatam problemas de estresse durante os estudos. Nos demais países pesquisados, a média de ansiedade entre os alunos é de 55,5%. Os níveis de ansiedade do Brasil perdem apenas para Costa Rica.

A estudante Mariana Pereira pretende prestar vestibular para Psicologia no final do ano. O fato de ela terminar o Ensino Médio com quase 19 anos e estar um ano atrasada na escola faz com que a pressão para ingressar em uma faculdade, da parte de seus pais e dela mesma, aumente. “Há tempos  existe uma ideia de que é melhor que o aluno ingresse em uma universidade o mais cedo que puder, para que entre logo no mercado de trabalho”, afirma Mariana. A estudante conta que já teve problemas de ansiedade antes do período pré-vestibular, mas que eles se agravaram ainda mais nesta fase.

Mariana está no último ano do Ensino Médio e conta que a escola na qual ela estuda oferece aulas extra para preparar os vestibulandos. Além disso, os simulados para o vestibular acontecem frequentemente. “Minha rotina de estudos é bem puxada. Tenho que organizar todas as atividades em um cronograma e nem sempre é possível dar conta de tudo”.

A mãe de Mariana, Rosania Barbosa,  acompanha de perto a rotina cansativa da filha e entende que não é fácil. Entretanto, ela acredita que é melhor que Mariana termine o ensino médio e, em seguida, ingresse em uma faculdade, até mesmo para facilitar a entrada no mercado de trabalho. “Ela precisa disso porque a faculdade exige longos anos de estudos e quanto antes ela terminar, mais cedo ela tende a conseguir um bom emprego”.

Pressão pode levar a escolhas precipitadas

A pressão dos pais no período pré-vestibular pode aumentar os problemas de estresse e acarretar até mesmo em escolhas precipitadas, como é o caso da estudante de Publicidade Renata Arrosi. No vídeo abaixo ela conta um pouco de sua experiência durante essa fase. 

O professor e coordenador educacional dos Cursos Técnicos do Ensino Médio da PUCPR  (TECPUC), Élcio Miguel Prus, explica que a escola onde trabalha dispõe aos alunos um sistema de preparação para o vestibular, que envolve simulados e aulas de reforço. Ele conta que há uma parcela de 25% dos alunos que não pretendem prestar vestibular este ano, mas os demais são tão focados na preparação para as provas de final de ano que acabam decaindo nas notas nas matérias regulares do colégio “Eu percebo que os alunos sentem-se cansados e irritados devido à rotina pesada”.

Do ponto de vista do educador, os alunos que estão no último ano do ensino médio devem prestar vestibular somente se estiverem certeiros da escolha de curso de graduação, caso contrário, ele acredita que o ideal é se preparar um pouco mais para os vestibulares. “Acredito que uma escolha errada pode acarretar em uma enorme frustração aos alunos que entram em uma faculdade e acabam desistindo no meio do caminho. Acho que, pra quem está em dúvida, vale a pena se preparar e pensar um pouco mais”.

A psicóloga Layla Ferreira explica que o pré vestibular vem acompanhado de uma escolha profissional e por isso esse é o primeiro grande passo na vida de um jovem. A psicóloga afirma que a pressão da sociedade é uma das principais consequências do surgimento de ansiedade nos adolescentes, porém que a família também é um dos fatores responsáveis por pressionar, ou até mesmo projetar a carreira do filho.

Para Layla, os estudantes, na maioria das vezes, projetam o que querem fazer em uma fase muito jovem. Portanto, na hora do vestibular a pressão é tão grande e difícil de lidar que pode influenciar até mesmo na aprovação em uma faculdade ‘’O estudante tenta uma, duas, três vezes e não consegue. Consequentemente, ele vai passar a subestimar sua capacidade, isso é ansiedade também’’, afirma a profissional.

De acordo com Layla, o papel do psicólogo na vida dos pacientes é de anulador, pois trabalha com o estudante todos os questionamentos e problemas ao redor dele, para que ele possa descobrir qual área ele mesmo quer seguir, sem os empecilhos da sociedade. ”Começamos a questionar esse indivíduo como ele sendo um ‘eu’ e não como a sociedade diz o que é certo e o que é errado”, afirma a psicóloga.

Layla ainda explica quais são os tipos de ansiedade e como elas acontecem: