Apps de transporte público afetam a rotina de usuários em Curitiba

por Luiza Braz
Apps de transporte público afetam a rotina de usuários em Curitiba

Por: Bernardo William, Isadora Guerra, Krissians Torres e Luiza Braz

Os aplicativos para transporte público estão mudando a forma de pegar ônibus em Curitiba, facilitando a orientação da população pelo sistema. Usuários, porém, reclamam que as informações presentes nos aplicativos não são exatas e atrapalham a rotina. Muitos relatam que se atrasam por causa disso e, não raro, se perdem quando não conhecem bem o trajeto.

Algumas das principais plataformas para transporte público na capital são o Moovit, Metrocard e Curitiba 156. Os serviços prestados por elas incluem as opções de rotas, alternativas de linhas próximas, e atualizar em tempo real em que altura do trajeto o veículo está. Ao acessar o sistema de itinerário, o usuário consegue ver a melhor opção para o percurso e horário necessários.

Além disso, esses softwares têm funções de notícias sobre o sistema de locomoção. No Curitiba156, que até o final do mês de abril tinha 131.174 usuários, a informação mais buscada por quem o utiliza mensalmente são os horários de ônibus, itinerários e o saldo do cartão, respectivamente.

O Metrocard, aplicativo para o transporte da Região Metropolitana de Curitiba, tinha 50 mil downloads até maio de 2023. Ele é usado por 10% dos 150 mil passageiros que usam as linhas operadas pela Metrocard.

O nível de precisão do algoritmo nem sempre é exato, o que prejudica os consumidores, causando transtornos como perder o horário ou até mesmo se atrapalhar pelas ruas da cidade, por conta de um mapa incorreto. O público-alvo são jovens e novos moradores, que ainda não sabem se localizar e se locomover pela cidade. Por isso, é comum que instruções erradas causem frustração nos usuários. 

Foi o caso de Maria Julia de Castro, estudante de Marketing da PUCPR e usuária do aplicativo Moovit. Ela conta que no começo deste ano houve um período em que a linha Cabral-Portão havia mudado uma parte da rota para desviar da Vila Torres, mas o servidor levou mais de um dia e meio para noticiar a alteração.

Essa não foi a primeira vez que Maria Julia passou por algo assim. “Algumas vezes, ele me dizia que o ônibus já havia passado, mas na realidade estava atrasado e ainda não tinha chego no ponto em que eu estava”. O Moovit, utilizado por Maria Julia, é de alcance global. No Brasil, Curitiba é uma das 10 cidades com mais usuários.

A situação é mais comum do que deveria ser. Também foi o caso de Fernanda Gomes Martins, que mora em São José dos Pinhais e usa o transporte público para ir à faculdade e ao trabalho. A estudante relata que, certa vez, quando precisou sair da praça Santos Andrade e ir até os arredores do Passeio Público, o app informou que ela poderia usar o Ligeirão Santa Cândida ou ainda o Santa Cândida/Capão Raso.

Como não mora em Curitiba, a estudante dependia das informações do aplicativo para saber em qual ponto descer. Ela conta que o ônibus não parou no tubo indicado, e em seguida, a orientou a descer três pontos à frente, em um lugar ”muito estranho, que não tinha loja, não tinha nada, não tinha outros veículos passando”. 

Quando foi confirmar se realmente era esse o ponto, o aplicativo travou e não carregava mais. “E aí o ônibus continuou andando. Eu não desci no ponto e quando eu percebi, estava lá no terminal do Santa Cândida perdida, sozinha. Eu tive que voltar para o Passeio Público de Uber porque fiquei com medo de dar erro e eu me perder mais uma vez.”

Idosos no transporte público 

A tendência de utilizar aplicativos para se localizar no sistema de transporte público na cidade é maior entre o público mais jovem. Cerca de 180 mil idosos circulam pelas ruas através desse meio, segundo dados da URBS, mas apenas 38% utilizam o Curitiba 156.

Para os mais velhos, o modelo atual é desnecessário e complicado. Os idosos preferem fazer à moda antiga: decorar os trajetos e horários. Iedo Farias, de 73 anos, não usa e nem conhece esses aplicativos. Prefere ir ao ponto, entrar no ônibus e descobrir os horários e rotas pelo caminho. “Se me atrasar, me atrasei. Se acabar muito longe, caminho até em casa. Não preciso de tecnologia”, brinca. 

Seu Iedo, que é aposentado e não paga pela passagem, tem os horários do Santa Cândida/Capão Raso decorados. Ele pega o ônibus todos os dias pela manhã para ir à praça do Japão, onde caminha mais de 6 Km. Ativo, ele conta que o único aplicativo que gosta de usar é o que marca a distância percorrida nos passeios que faz.