Com falta de cloroquina, alimentação à base de plantas é grande aliada no tratamento da Lúpus

por Emily Carravieri Peixoto Redis
Com falta de cloroquina, alimentação à base de plantas é grande aliada no tratamento da Lúpus

Apesar de remédios como a cloroquina serem eficazes no tratamento, a Plant-based diet também pode ser um agente estabilizante e redutor dos sintomas.

Por Emily Redis, Enzo Bacarin, Gabriel Américo e Rodrigo de Angelucci | Foto: Henri Gueddes/Burst 


A falta de cloroquina foi motivo de internação de pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico, conhecida simplesmente como Lúpus, desde que líderes e influenciadores no país e no mundo propagaram o discurso de que o remédio seria eficaz no combate à COVID-19, algo nunca comprovado cientificamente.

Para entendermos mais sobre a doença, a estudante de medicina Thaysi Hanke, conta como ela funciona. “O lúpus é uma doença autoimune, em que os nossos próprios anticorpos acham que as células e tecidos do nosso corpo são invasores, então o nosso corpo luta contra isso, como se fosse uma bactéria, destruindo as células e os tecidos”.

Ela também explica sobre a relação da cloroquina com o lúpus. “A hidroxicloroquina é um tratamento básico para todos os tipos de lúpus. Todos os pacientes a partir do momento que recebem o diagnóstico, saem pelo menos com a receita desse medicamento. Porque ele faz com que a gravidade da doença diminua, o mecanismo de ação vai fazer com que o paciente tenha uma doença mais crônica com menos reincidência, então o paciente fica mais confortável com a doença e com menos crise, sendo assim diminuindo a mortalidade.” Afirma Thaysi. 

 Até que a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendesse os testes em pacientes com a Covid-19, muitas pessoas começaram ir atrás da cloroquina, chegando a faltar em diversos lugares e dificultando o tratamento em pacientes com lúpus.

O reumatologista João Alho foi ao Twitter recentemente reclamar a falta do medicamento nas farmácias. Ele relatou que, por este motivo, estava com cinco pacientes com lúpus em estado grave na cidade de Santarém, no Pará. Mencionou ainda que a média de internações pela doença é de uma a cada 20 dias. Mas a tal droga que ficou famosa durante o início do período de pandemia não é a única maneira de tratar essa rara doença.

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A alimentação à base de plantas pode mudar vidas, até de pessoas com doenças autoimune, como a Lúpus. De acordo com a nutricionista Tatiana Zazin, do site Tua Saúde, a alimentação para portadores de Lúpus é um aspecto significativo do tratamento, que ajuda a controlar os sintomas de cansaço excessivo, dor nas articulações, queda de cabelo, problemas cardiovasculares e erupção na pele, que são marcantes dessa doença reumática, a qual, em casos mais graves, se não tratada adequadamente, pode levar à morte.

Visto que no Brasil a maioria da população tem difícil acesso aos medicamentos e que estes possuem um custo elevado, a terapia com plantas e seus metabólitos é indicado por estudiosos. Não é necessário adotar o veganismo ou vegetarianismo para comer melhor tratando da Lúpus, apenas optar por alimentos orgânicos, com mais verduras, legumes e frutas, também com temperos plantados em casa, já é suficiente. 

Segundo um estudo do IJDRP (International Journal of Disease Reversal and Prevention), jornal de artigos sobre a ciência da nutrição, ao investigar casos de pessoas com Lúpus, ficou nítido a mudança em um paciente que adquiriu a dieta a base de plantas, comparando com outro paciente que continuou com a alimentação “normal”, sendo que o paciente nem precisou mais de transplante de rim. Isso acontece devido a redução da inflamação, alimentada pela ingestão de ômega-3, e melhorias no estresse oxidativo, alimentado pela ingestão de frutas e vegetais ricos em antioxidantes.

Como observado pelo Portal Salutem, a nutricionista Lauren Manaker, autora de livros e estudiosa da saúde da mulher, diz que a maioria das pessoas as quais adotam esse modelo de alimentação começa a sentir que tem mais energia. A principal dica de Lauren é comprar alimentos variados e ricos em proteína vegetal, aumentando as opções na hora da fome.

A bióloga Giselle Petronilho, de 54 anos, diagnosticada com Lúpus em 2017, revela que começou a fazer curso de culinária para aprender a se alimentar com alimentos à base de planta: “Se alimentar não pode ser um sacrifício, pois comida é prazer”, e defende o tipo de tratamento: “Essa alimentação, não adianta ser de vez em quando, tem que ser criado um novo hábito alimentar”.

 

O que é a Plant-based diet

Plant-based diet (dieta à base de plantas) tem circulado bastante desde 2006, com a forte chegada no Brasil em 2018, a dieta tem sua composição feita por vegetais: frutas, legumes, verduras, grãos integrais, nozes, castanhas, sementes, feijões e outras leguminosas. Em que exclui qualquer alimentos de origem animal. Muitas pessoas não conseguem segui-la a risca, então são mais flexíveis, mas mesmo assim conseguem sentir a diferença em consumirem alimentos orgânicos e mais nutritivos

Muitas pessoas acreditam que veganismo e Plant-based diet é a mesma coisa, mas a diferença é que ao ser vegano, você adota não apenas ao hábito alimentar, mas como as vestes e tudo que compra, tem que ser vegano e sustentável. Diferente da dieta à base de plantas que é voltado somente para a alimentação.

Alecrim Plant Based

Foto: Giselle Petronilho

 

Em 2017 Giselle Petronilho começou o tratamento para estabilizar a doença e melhorar a qualidade de vida, com isso acabou criando amor pela cozinha e por esse novo estilo de vida. “Quando o médico me contou que teria que mudar radicalmente minha alimentação, fiquei preocupada com o que iria comer, então comecei a ir atrás, visitar restaurantes, conhecer os chefes e fazer curso para me alimentar de maneira adequada e prazerosa”, diz ela.

Giselle começou a cozinhar para a família e amigos, então a incentivaram de fazer marmitas para vender. Sendo assim o fez e hoje em dia só não abriu um estabelecimento físico por conta da pandemia, mas pretende assim que tudo voltar ao normal. “O meu propósito é de expandir saúde”.