Cresce número de jovens que nem estudam nem trabalham

por Ex-alunos
Cresce número de jovens que nem estudam nem trabalham

Número de jovens conhecidos como “nem-nem” é quase um quarto da população entre 15 e 29 anos

Por Camille Casarini e Thais Porsch

O número de jovens que não estudam nem trabalham no Brasil é de 11 milhões, de acordo com o site do Grupo Banco Mundial em março de 2018. Mais de 4 milhões de jovens entre 18 e 24 anos estão desempregados e esse número é maior para as mulheres e pessoas com baixa escolaridade, de acordo com os dados divulgados em agosto de 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE).

O grande número de jovens chamados  “nem-nem” está relacionado à falta de condições sociais de famílias pobres e à baixa escolaridade no país, na visão do pesquisador e sociólogo Lindomar Boneti. “As pessoas, mesmo em condições de pobreza, têm um projeto de vida que inclui estudar, avançar em condições sociais. Mas, quando se começa a ter complicações em relações a sobrevivência, o avanço social e o estudo ficam em segundo plano”.

Boneti também afirma que a concorrência de mercado está muito acirrada e as pessoas menos especializadas e estudadas ficam excluídas de vínculos empregatícios, pois, segundo ele, “quanto pior a condição social mais gente permanece fora do mercado de trabalho”.

Na percepção do economista Carlos Magno, os jovens “nem-nem” já estão inseridos na População Economicamente Ativa (PEA), todavia, “a partir do momento que não estão trabalhando, deixam de gerar riqueza. E, ao mesmo tempo, não estão se aprimorando porque deixaram de estudar”.

Para o economista o desemprego entre jovens pode gerar consequências futuras, que envolvem a previdência social, pois devem levar mais tempo para se aposentar. “É um uma geração que, por estar fora do mercado de trabalho, tem efeitos nocivos na economia como um todo”. Na visão de Magno, isso gera um atraso econômico para o Brasil, que levará tempo para se recuperar.

Jovens falam sobre a dificuldade de conseguir emprego

Jeferson Honório de Jesus, 20 anos, diz que está sem trabalhar por falta de qualificação e experiência, já que atualmente em várias vagas de emprego é necessário ter outros cursos além do Ensino Médio completo. “O que mais tenho é vontade de trabalhar e estudar, pois eu preciso ajudar a minha mãe”. Essa exigência acaba afetando os estudos dele, pois sem trabalhar não tem dinheiro para fazer uma faculdade. “As empresas exigem que o candidato para vaga de emprego, tenha experiência no mínimo de um ano de carteira assinada”.

A jovem Gabriela Zanette de 17 anos mudou de cidade e decidiu não estudar pois precisou de um tempo para si mesma e diz não conseguir um emprego pois ainda é de menor. Ela afirma não existir pressão para sair dessa situação, mas cobra de si mesma pois gostaria de administrar o próprio dinheiro. “Tenho vontade de estudar para trabalhar com o que gosto mas só de pensar na concorrência que tenho para conseguir cursar o que quero me desanima”.

Caroline de Lima Varela não tem pressão para sair dessa mesma situação já que sua filha é muito pequena e precisa dela em casa. “Eu tenho 18 anos e tenho uma filha, esse é o maior motivo de eu estar sem emprego e sem estudar no momento”. Ela também comenta que: “as empresas hoje exigem muita escolaridade e por isso muitas mães novas não conseguem trabalhar, mesmo tendo creche para as crianças”. Mas mesmo sendo mãe jovem, Caroline tem muita vontade de voltar a estudar, fazer uma faculdade e trabalhar.

Caroline também comenta outros motivos da falta de empregos para mães:

Além das dificuldades financeiras, o sociólogo Lindomar Boneti cita o caso dos chamados jovens desalentados – que desistiram de buscar estudo e/ou emprego nos últimos anos. “Quando o emprego não vem, nem uma coisa nem outra aparece, se perde a perspectiva de uma vida melhor, de uma ascendia social”. Em 2018, segundo o IBGE, o número de desalentados atingiu 4,8 milhões no 2º trimestre.

Para o pesquisador, as medidas para sanar o problema são a longo prazo, pois “isso está muito associado a esse momento político de desalento econômico”. Segundo Boneti, a retomada dos jovens aos estudos e ao mercado de trabalho depende de uma retomada de crescimento econômico do país e políticas sociais de melhor preparação da juventude para o trabalho.

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