Curitiba interrompe vacinação contra Covid-19 sete vezes por falta de doses

Depois de quatro meses de campanha, apenas 206.205 curitibanos (10,5% da população) receberam as duas doses da vacina contra a Covid, segundo Vacinômetro da Prefeitura Municipal

Por Letícia Fortes| Foto: Ali Raza – Pixabay

A campanha de vacinação contra a Covid-19 foi suspensa ao menos sete vezes em Curitiba desde 20 de janeiro. Confirmadas pela assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal, as paralisações ocorreram devido à falta de doses do imunizante, entregues pelo Plano Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde. Segundo as informações oficiais, em nenhum momento houve paralisação nas aplicações  da segunda dose para idosos e da primeira dose para profissionais da saúde. 

A paralisação da vacinação por falta de doses é considerada um problema individual e coletivo. Além de prolongar a exposição da população à Covid-19, também facilita a circulação do vírus e a proliferação de novas variantes, ou cepas, mais contagiosas que as anteriores, que podem evoluir até tornarem-se resistentes às vacinas aplicadas no Brasil, que são a CoronaVac (Instituto Butantan), Covishield (Fiocruz/AstraZeneca) e Pfizer/BioNTech.

A primeira suspensão ocorreu em 19 de fevereiro e o retorno da vacinação ocorreu uma semana depois (26). A falta de doses suficientes da vacina fez com que inúmeros idosos – que aguardavam a imunização em 14 pontos diferentes da cidade – tivessem de retornar para suas casas sem a aplicação. Naquela semana, o público-alvo eram os idosos com 85 anos ou mais. Somente a aplicação da segunda dose da vacina foi mantida na época, imunizando profissionais de saúde, idosos que moram em lares de longa permanência e indígenas.

Cerca de um mês depois, a aplicação da vacina foi novamente suspensa. Com isso, idosos de 65 a 69 anos tiveram de aguardar mais do que o esperado pela imunização. A segunda paralisação da campanha ocorreu em 31 de março, quando os idosos de 68 anos recebiam o imunizante. Na época, pessoas de 75 a 79 continuaram recebendo a segunda dose. A imunização com a primeira dose foi retomada em 1.º de abril, apenas para idosos com 67 anos completos. 

No dia seguinte (2), Curitiba recebeu uma nova remessa de imunizantes contra a Covid, com 1.930 doses da CoronaVac entregues pelo Plano Nacional de Imunização (PNI). Do total recebido, 870 doses foram reservadas para imunizar as forças de segurança pública e as outras 1.060 para idosos de 65 a 67 anos.

A terceira paralisação da campanha ocorreu em 5 de abril e apenas a aplicação da segunda dose para idosos entre 75 e 78 anos foi mantida. A retomada da vacinação com a primeira dose ocorreu no dia seguinte (6), dando início à imunização de agentes da segurança pública, como bombeiros, guardas municipais e policiais do Instituto Médico-Legal (IML). Para idosos de 65 a 67 anos, a vacinação retornou seis dias depois, em 12 de abril.

Em 13 de abril, a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid foi suspensa pela quarta vez. A partir desta data, a campanha atendeu apenas os grupos previstos para receber a segunda dose e os idosos de 67 anos ou mais que perderam o prazo anterior e ainda não haviam sido vacinados com a primeira dose.

Uma nova remessa de vacinas foi entregue pelo governo federal em 16 de abril, totalizando 5.785 doses de imunizantes contra a Covid. Desse total, 41.175 doses eram da vacina CoviShield (produzidas pelo laboratório AstraZeneca em parceria com a Fiocruz) e 24.610 da CoronaVac, do Instituto Butantan. Nessa remessa, 43.195 doses foram destinadas a idosos e 2.670 para trabalhadores da saúde, enquanto os imunizantes para as forças de segurança foram reservados pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, que liberou o montante necessário para imunizar cada grupo. Por isso, a imunização foi retomada em 17 de abril, para idosos com 65 anos.

A quinta paralisação ocorreu em 19 de abril e, na época, a vacinação com a segunda dose continuou em Curitiba. Apenas idosos que já haviam recebido a primeira aplicação há mais de 21 dias foram imunizados, respeitando o intervalo recomendado entre as doses da CoronaVac. Após uma pausa durante o feriado de Tiradentes, o retorno da aplicação da segunda dose ocorreu em 24 de abril, enquanto o cronograma geral da campanha foi retomado dois dias depois (26), com a primeira dose para idosos com 63 anos. Isso foi possível após a entrega de um novo lote de imunizantes pelo governo federal em 23 de abril, com um total de 35.460 novas doses da vacina. Entre elas, 29.340 foram destinadas para a primeira dose, e o restante, para a segunda aplicação. 

A sexta paralisação da campanha de imunização ocorreu em 29 de abril, quando a Prefeitura de Curitiba concentrou a vacinação apenas no pavilhão do Parque Barigui. No local, houve a aplicação da segunda dose para os integrantes de dois grupos diferentes: profissionais de saúde e de segurança pública com data agendada no app Saúde Já; e idosos acima de 63 anos que não haviam recebido a primeira dose da vacina contra a Covid na primeira data estabelecida. Um dia após a sexta paralisação (30), Curitiba recebeu uma entrega de 52.685 novas doses (sendo 51.655 da CoviShield/AstraZeneca e 1.030 da CoronaVac/Instituto Butantan), que viabilizou a retomada da vacinação em 3 de maio, com a primeira dose para idosos acima de 60 anos. Em 5 de maio, Curitiba concluiu a vacinação contra a Covid do grupo prioritário de idosos, que abrange pessoas com 60 anos completos. 

A falta de doses da vacina também atrasou a imunização dos profissionais da educação e de pessoas com comorbidades, causando a sétima paralisação da campanha em Curitiba. A aplicação da primeira dose da vacina foi suspensa para praticamente todos os grupos nesta quarta-feira (26), exceto para pessoas com deficiência de 40 anos ou mais. A retomada da campanha ainda não tem data prevista para ocorrer, pois o Paraná recebeu um novo lote de 390.190 vacinas contra a Covid-19 nesta terça (25) e não realizou a distribuição das doses para as cidades do estado até o momento.