Curitiba receberá Museu da Democracia em 2024

por Isadora Jacon
Curitiba receberá Museu da Democracia em 2024

Escolha da cidade para sediar o museu enseja debate sobre o destaque que a cidade vem recebendo nos últimos anos dentro do cenário político nacional

Por: Caio Stelmatchuk, Carolina Senff, Isadora Jacon | Fotografia: Caio Stelmatchuk

Curitiba será sede, a partir do próximo ano, do Museu da Democracia. A proposta é a criação de um ambiente virtual onde o visitante possa caminhar pela cultura e história democrática do Brasil nos últimos 40 anos. A iniciativa é do iDeclatra (Instituto de Defesa das Classes Trabalhadoras) e tem apoio de Prefeitura de Curitiba, Correios, Universidade Federal do Paraná e Ministério da Cultura.

A inauguração  está prevista para 12 de janeiro, 40 anos após o primeiro comício das “Diretas Já”, com o lançamento de um teaser sobre o movimento. Em meio aos recentes ataques à democracia brasileira e o destaque político que a capital paranaense vem recebendo no cenário nacional, a Praça Santos Andrade se torna a possível sede do Museu da Democracia. Segundo a diretora do iDeclatra, Dra. Mirian Gonçalves, já existem negociações para que a sede seja no antigo prédio dos Correios. O acordo deve ser firmado até o final de setembro.

O Museu da Democracia é um espaço que visa ser uma memória ativa da democracia Brasileira. O acervo irá relembrar fatos do processo de redemocratização que o Brasil viveu nos últimos 40 anos, desde o fim da Ditadura Militar, o Golpe de 64 e, também, alguns direitos garantidos em constituições anteriores. A intenção é proporcionar uma reflexão e valorização do Estado Democrático de Direito, da Constituição Federal e da importância de eleições livres e periódicas.

O Museu também pretende trazer o contexto histórico da democracia internacional. Para isso, o acervo irá abordar a Origem da democracia na Grécia Antiga; a Revolução Gloriosa, na Inglaterra; a Revolução Francesa; as eleições estadunidenses, com seus estados originais; e a criação da ONU (Organização das Nações Unidas).

A doutora em História Maria Cecília Barreto Amorim Pilla afirma que a democracia exige uma maturidade da sociedade e que, para isso, ela deve ser vivida diariamente, para ela uma das formas de viver a democracia é a memória. Desse modo, o museu é uma ferramenta para manter a memória democrática viva, tentando evitar horrores acontecidos no passado.

O recente destaque de Curitiba no cenário político nacional

Desde 2014, Curitiba chama a atenção do resto do país, quando se tornou o epicentro da Operação Lava Jato. Ao longo dos últimos anos, a cidade teve manifestações de grande expressividade tanto no âmbito da esquerda quanto da direita. Entre eles, as manifestações a favor e contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, as manifestações em apoio à operação Lava Jato e a Vigília Lula Livre, em frente a Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, em apoio ao agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava preso.

Historicamente falando, Curitiba teve um papel de grande influência política. Em 1984, na Boca Maldita, estima-se que 40 mil pessoas se reuniram para o comício das “Diretas Já”, que gerou uma onda de manifestações por todo país contra a Ditadura Militar, pedindo eleições diretas à presidência e a restituição das instituições democráticas.

A “Boca Maldita” é um local do Centro da cidade em que os homens se reuniam para discutir a política municipal e nacional. Hoje, esse encontro entre Praça Osório e fim da Rua XV é palco de manifestações e comícios políticos, sendo um laboratório social da democracia e da diversidade política curitibana.

A doutora Maria Cecília Barreto ressalta a importância do Museu ser sediado em Curitiba para auxiliar a remodelar a imagem que a cidade tem passado no país de que a “República de Curitiba” é conservadora, retrógrada, elitista e a cara da extrema direita. Por isso, o iDeclatra considera que a sede do Museu deve ser a capital paranaense.

“A gente nem chegou a pensar em um plano B. O plano A é Curitiba sem dúvida nenhuma”, afirmou a Dra. Mírian Gonçalves, diretora do iDeclatra.

O Museu da Democracia também vem para mostrar que a capital paranaense tem uma história de relevância e tradição democrática e, que como diversas outras no Brasil, é uma cidade de contradições, não pertencendo só à direita, nem só à esquerda.

Como entrar em contato com o iDeclatra

Aquelas pessoas que tenham interesse em ajudar com a produção do acervo do museu podem entrar em contato direto com o iDeclatra e enviar sua contribuição através do telefone de contato: (41) 99953-1319.