Curitibanos buscam novas opções de carnes para economizar

por Mariana Toneti
Curitibanos buscam novas opções de carnes para economizar

O ano de 2020 fecha como ano recorde na produção de gado no Paraná e o primeiro trimestre de 2021 tem alta nos cortes da cesta básica

 

Por Mariana Toneti| Foto: Pixabay

O ano de 2020 fechou com cerca de 2 milhões de toneladas de produtos de origem animal comercializados com outros países, além de garantir o melhor ano no setor agropecuário no Paraná, segundo projeções da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Apesar do período positivo para o setor, a alta no preço da carne dificulta a compra e consumo de produtos bovinos em Curitiba. 

Em um levantamento feito com 35 curitibanos, com o propósito de entender os hábitos alimentares da população, 32 entrevistados afirmam que a carne bovina está presente nas refeições do cotidiano e todos os entrevistados notaram um aumento no preço dos mercados. Os cortes populares como fraldinha, contra filé, coxão mole e patinho foram os mais inflacionados na opinião dos consumidores. Na busca de manter todos nutrientes e economizar, muitos optaram por consumir carne branca, carne suína, ovos e legumes como uma opção saudável e barata, além de suplementos industrializados.

Visão do produtor

Para o produtor Alisson Porceno, o aumento do preço pode ser explicado pela alta exportação com um preço mais baixo, o que resultou na falta de animais para o mercado interno e, por consequência, alta no preço da carne. “Vendeu barato antes da crise, aqui dentro ficou faltando boi e, agora, para repor esse gado que foi vendido, os custos acabam ficando lá em cima, dificultando a produção”. Além disso,  afeta diretamente os donos de açougues e mercados, visto que o preço é elevado, portanto, lucram menos e vendem menos.

Por outro lado, a produção também ficou mais cara. Produtos inflacionados prejudicam o preço final que chega ao consumidor, como o dólar, água, luz, combustível, vacinas para animais e fretes. Para Alisson, o preço elevado continuará por um tempo. “Um ponto que também interfere é a alta produção de soja, pois os pastos reduziram para a entrada do plantio, diminuindo o espaço para o gado”, afirma o produtor.

O lado econômico 

No bolso do consumidor, essa inflação é mal vista, já que a cesta básica custa em torno de R$573,53 em Curitiba, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos DIEESE, resultando em um aumento de 27,88% desde fevereiro de 2020. O primeiro trimestre de 2021 começou com uma alta de 6% da cesta na capital paranaense. A carne bovina de primeira está entre os principais itens em alta, apesar da grande demanda externa e interna. 

A psicóloga Léa Maria comenta que os preços elevados afetam a vida e também a saúde dos curitibanos. “O aumento foi absurdo, quase dobrou o preço e isso afeta diretamente a vida do brasileiro, pois muitas pessoas estão procurando carnes mais processadas, cortes mais baratos e fazendo substituições em sua alimentação, já que nem cesta básica é distribuída para todos.” 

A pandemia afetou milhares de famílias, muitas dependem do auxílio emergencial e cestas básicas para garantir uma qualidade de vida. A gestora financeira Julia Marques comenta que a realidade da carne bovina em Curitiba pode continuar sendo negativa por um tempo. “A tendência que eu vejo é que não haverá, em um futuro próximo, a diminuição nos preços da carne, porque, com o aumento do dólar, há também um aumento no interesse de exportar esse produto, resultando numa diminuição da oferta no mercado nacional e aumento dos preços.”

 

Entrevista com nutricionista

Com a alta no preço da carne, muitas famílias buscam outras opções para manter uma dieta balanceada no cotidiano, tanto com ovos, carnes brancas e suplementos. Além disso, em situações de inflação dos alimentos, muitas pessoas procuram dietas específicas, como o veganismo e o vegetarianismo. A nutricionista Gabriele Moreira explica como a carne e as dietas sem a carne implicam no organismo. 

Como um corpo reage sem o consumo da carne?

Nosso organismo se adapta às mudanças que fazemos e alguns sinais podem ser percebidos, como: melhora da pele, melhora dos níveis de colesterol, pode perder alguns quilos, reduz o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, pode gerar deficiência de vitaminas, a B12 principalmente, pode sentir mais fome no início da transição. Esses são alguns sinais, mas não significa que todos sentirão isso.

Qual a importância do consumo de carne?

A carne é uma fonte proteica e as proteínas exercem várias funções no nosso corpo, algumas delas são: formação dos tecidos, como pele, unhas e músculos, são fontes de energia, regulam o metabolismo (hormônios) e participam do mecanismo de defesa do organismo, ou seja, o sistema imunológico. 

A carne bovina pode ser substituída por carne branca e ovos? 

Pode ser substituída sim! Só deve-se ficar atento com as quantidades de cada alimento, para não ingerir quantidades baixas de proteína.

Quais outras fontes de proteínas podem ajudar a manter uma alimentação saudável, com todos os nutrientes e de uma forma econômica para o bolso?

Existem diversas formas de fontes proteicas, tanto animal quanto vegetal, alguns exemplos são: peixes, frango, ovos, queijos, além das fontes vegetais, como grão de bico, quinoa, semente de gergelim, semente de linhaça, ervilha, tofu, lentilha, soja, amendoim. Ainda tem as proteínas vegetais em pó!

Qual dica você recomenda para quem quer começar uma dieta vegetariana ou vegana agora?

Primeiro passo é procurar um nutricionista, para que seja possível calcular uma dieta equilibrada, além de dar as informações necessárias para essa mudança no estilo de vida. As proteínas são de extrema importância, portanto, é preciso ter esse cuidado.