Curso de jornalismo iniciou sua digitalização nos anos 90

por Eduardo Veiga Nogueira
Curso de jornalismo iniciou sua digitalização nos anos 90

A partir da disponibilização de computadores, universidade introduziu novas tecnologias na prática dos estudantes

Por Eduardo Veiga, Maria Eduarda Souza e Vanessa Guimarães | Foto: Acervo PUC-PR

Durante a década de 1990, o curso de jornalismo da PUC-PR passou pelo seu processo de digitalização. A utilização de novos recursos, como computadores e internet, foi introduzida pela universidade na formação dos estudantes. Equipamentos e práticas de fotografia, gravação e edição foram atualizados e o acesso dos universitários foi ampliado. Aulas de datilografia, entre outras atividades, foram descartadas da prática do curso. Além de trazer novas possibilidades de estudo, as inovações também aproximaram a graduação da atuação profissional e deram autonomia aos estudantes.

O acesso à internet foi disponibilizado aos estudantes em março de 1996, com velocidade de transmissão de dados de 64 kbps (kilobytes por segundo). O uso era, inicialmente, limitado a 10 microcomputadores sem recurso multimídia. Apenas universitários dos últimos anos tinham acesso a esses equipamentos. Professores e funcionários tinham acesso desde 1993 à internet, com velocidade de transmissão de dados de 9,6 kbps. Em comparação, cada um dos 178 modens disponibilizados pela PUC-PR, em 2020, para os universitários estudarem remotamente, têm velocidade de transmissão de 150 mil kbps.

“Os computadores foram muito bem vindos e eram uma coisa nova”, comenta Josianne Ritz, jornalista formada pela universidade, de 1993 a 1996. De acordo com Ritz, que hoje trabalha no jornal Bem Paraná, a disponibilização de computadores e internet para os estudantes ajudou a reduzir a desigualdade social entre eles. “Na época, existiam pessoas com diferentes níveis de conhecimento dentro da turma. Até porque tinham poucas pessoas com acesso a um computador dentro de casa e outras que nunca tinham usado aquele tipo de equipamento”.

Os estudantes de Jornalismo tinham aula de datilografia antes da disponibilização dos computadores. A instalação dos computadores se restringiu, primeiramente, ao bloco dos cursos de engenharia. Era necessário o deslocamento até lá para fazer o uso. Ritz ressalta que a utilização desses equipamentos resolveu dificuldades da prática jornalística estudada no curso. “Foi bem na época em que a diagramação estava passando da manual para o computador. Então, a gente aproveitou bastante esse momento, ainda mais por que hoje todos esses equipamentos são muito relevantes e saber lidar com eles é essencial”. 

“Havia uma consciência da necessidade disso [disponibilizar computadores e internet]. Era importante que os estudantes estivessem ligados a uma experiência na universidade que não sofresse tanta diferença daquela que é de mercado”, comenta Celina Alvetti, professora de Jornalismo da PUC-PR desde 1990. Ela também foi coordenadora do curso em meados da mesma década. 

Para a docente, o acesso a computadores e internet, no caso do Jornalismo, aproximou os universitários dos profissionais também por diminuir as limitações econômicas entre a universidade e os meios de comunicação. “Se pensarmos nos anos 90, quando começa a adaptação às tecnologias de internet, nós temos um veículo [jornal] que tem uma hegemonia no impresso. Para se publicar, ele precisa de todo um aparato que exige muito poder econômico”. A universidade já possuía uma gráfica própria, mas a impressão do jornal feito pelos estudantes – intitulado A Voz do Bairro na época – era feita por gráficas contratadas. A professora destaca o início da utilização de blogs, que não trouxe custos efetivos à universidade e pôde aumentar a produção jornalística dos estudantes, no ambiente virtual.

Utilização de câmeras e equipamentos de edição

As câmeras digitais foram inseridas no curso de Jornalismo em 2001. Antes, os processos fotográficos eram feitos no laboratório de revelação de filmes da universidade. Mesmo com as câmeras digitais, ainda não era possível fazer gravações, segundo a professora de Produção de Imagem, do curso de Publicidade e Propaganda da PUC-PR, desde 2001, Fernanda Biazetto. “A qualidade era muito ruim, você podia escolher se a câmera teria um ou dois megapixels. Como você iria gravar com dois megapixels? A partir de 2005 começamos a ter as primeiras câmeras digitais que não fossem totalmente automáticas. Mesmo assim, elas eram bem amadoras”.

Quando o técnico de estúdio Gilberto Antoniacomi começou a trabalhar na universidade, em 1990, havia apenas um estúdio de gravação de áudio e vídeo, no bloco de Medicina, com uma mesa de som e um gravador de rolo usado. De acordo com Gilberto, ele ingressou na instituição por causa da reabertura do curso de jornalismo, em 1988, após cinco anos fechado.

“A edição era toda feita cortando os rolos de fita. Era muito mais difícil e trabalhoso antes da passagem do análogo para o digital, mas também o capricho do trabalho era maior”. Gilberto, que atualmente trabalha como técnico no LABCOM, também acredita que, no período analógico, os estudantes eram mais dependentes do trabalho dele. “Com os gravadores e editores digitais, os estudantes ficaram mais autônomos. Cada um pode fazer a sua própria gravação, a sua própria edição”.

Inovações no jornalismo televisivo e audiovisual, com Suyanne Tolentino

Em comemoração aos 60 anos do curso de Jornalismo da PUCPR, a professora e coordenadora do curso, Suyanne Tolentino, fala sobre as inovações da prática jornalística no meio televisivo e audiovisual desde a década de 1990, quando ela começou a dar aula para universitários. A professora comenta o impacto das evoluções tecnológicas e das mudanças profissionais da área na vida dos estudantes. Confira entrevista na íntegra.