Curso de jornalismo tem matriz curricular atualizada às mudanças sociais e de mercado

por Helene Mendes da Rocha Loureiro
Curso de jornalismo tem matriz curricular atualizada às mudanças sociais e de mercado

Suficiência em língua estrangeira, formação das DCNs e maior participação dos professores em uma matriz multidisciplinar foram algumas das alterações durante os 60 anos de jornalismo da PUCPR

 

Helene Mendes e Paula Braga

Os alunos da primeira turma de Jornalismo da Faculdade Católica de Curitiba, em 1956, estudaram disciplinas como Publicidade e Técnica do Jornal, Técnica de Periódico e Criminologia. Passados 60 anos, muita coisa mudou no curso. Algumas matérias, no entanto, continuam com a mesma essência, como é o caso de Radiojornalismo, Sociologia e Técnica de um Jornal.  

As frequentes mudanças nas matrizes curriculares do Jornalismo da PUCPR mostram preocupação com uma modernização constante do curso. As alterações refletem a natureza da própria profissão, que está sempre em processo de atualização. 

Somente nos últimos cinco anos, a grade do curso foi alterada três vezes. As disciplinas mudam a cada semestre, com a chegada de um novo modelo de ensino. “Nós não trabalhamos mais com apenas a disciplina. Trabalhamos com a matriz por competência. São metodologias ativas, que trabalhamos com a solução de problemas futuros, desenvolvimento de habilidades nos estudantes”, comenta a professora Suyanne Tolentino, coordenadora da Escola de Belas Artes e docente do curso desde 2018.

De maneira geral, o modelo de ensino por competências se dá em três provocações: a propagação expansiva de conhecimento, a necessidade de aprendizagens para os alunos de forma autêntica e o processo de avaliação contínua para o não fracasso escolar. Essa abordagem permite o pensamento curricular com enfoques qualitativos, trazendo um ensino menos técnico e conteudista para os alunos. Isso permite que a educação seja vista como processo e não como meio-fim. 

Suyanne diz que a principal modernização do curso nos últimos anos foram as atualizações na matriz de 2018, que inseriu o modelo de redação convergente. “[Nesse modelo] não se separa mais o offline do online. É uma interdisciplinaridade horizontal entre as disciplinas, que permite que os professores trabalhem de forma integrada, algo muito próximo que se encontra no mercado de trabalho.”

Desde de sua fundação, o curso de Jornalismo da PUCPR, o mais antigo e tradicional do estado, passou por aproximadamente 14 mudanças de matrizes curriculares do curso. Desde 2013, as disciplinas são regidas de acordo com as Diretrizes Curriculares  Nacionais (DCNs).

No início do curso em 56, as disciplinas do primeiro ano de formação eram voltadas ao básico conhecimento humanitário, não necessariamente aprofundada no jornalismo e suas ramificações. Matérias como dogma, legislação da imprensa, história da civilização e geografia humana estavam presentes nas aulas do estudante calouro.

A professora da PUCPR, Lenise Klenk, afirma que apesar das disciplinas se modernizarem com novos conceitos e linguagens, elas ainda de maneira geral se igualam com as de antigamente.

‘‘Antigos ou reformados, fundamentos que vêm de áreas como a da Comunicação, Sociologia, História, Economia ou Filosofia são e serão sempre de extrema importância na formação do profissional jornalista. Na PUC, ao mesmo tempo em que os estudantes têm contato com técnicas e teorias que dizem respeito ao jornalismo mais tradicional, também são inseridos com os desdobramentos que essa prática assume na era da convergência.’’

A atual proposta da PUCPR de atualização das matérias abrange três campos principais de saberes: Multidiversidade, Multiuniversidade e Multicomunicação. Além da formação do jornalista multiprofissional, com uma visão ampliada do universo da comunicação social e mais opções de atuação. 

Atualmente, o ensino do curso de Jornalismo faz parte deste Eixo MultiComunicação junto com os cursos de Cinema e Audiovisual, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda.                                                                                                                                                                                                As quatro áreas incluídas compartilham as disciplinas, permitindo aos estudantes uma formação multidisciplinar e o desenvolvimento de projetos com graduandos de todas as habilitações.

É observado também uma diferenciação no foco das teorias práticas do curso. Inserido nas atualizações da expansão da internet, o ensino acaba se centralizando no aprendizado de como desenvolver e produzir mídias sociais, se esquecendo da análise aprofundada do conteúdo criado.

O presidente do SINDIJOR, Gustavo Henrique Vidal, afirma que esse aprofundamento é necessário para a grade atual de ensino. ‘‘Na formação do curso, o foco fica na produção técnica, e não mais no conteúdo. O que falta nos cursos, é o aprofundamento teórico. É preciso ter um investimento na literatura no mesmo grau que no estudo da prática.”

Além disso, a internet também trouxe rapidez e simplicidade para os meios de comunicação, seja jornalístico ou não. Agora, é muito mais fácil a propagação de conteúdos e projetos no meio online, atingindo assim maior quantidade de pessoas e público alvo. Nisso, os eventos online também atingiram a matriz.

‘‘Hoje está muito mais claro e estudado como colocar os métodos jornalísticos na internet, de que maneira se trabalha nesse meio. Acho que essa é a grande diferença entre o tempo onde eu, ou de qualquer pessoa anterior a mim, vê na grade curricular hoje.’’

Com a pandemia da Covid-19, fica ainda mais forte o uso de computadores e meios alternativos das técnicas de ensino para a forma remota. O ensino remoto se tornou uma realidade não só para estudantes PUCPR, mas para todo o mundo.

A evolução jornalística passou a criar novos caminhos para matérias práticas serem realizadas de forma online, passando por incontáveis realizações externas e internas na grade e no curso em geral. Mesmo com a incapacidade das aulas presenciais, o ensino de jornalismo nunca para.