Escolas longe do Centro sofrem com falta da Patrulha Escolar em Curitiba

por Beatriz Bleyer
Escolas longe do Centro sofrem com falta da Patrulha Escolar em Curitiba

Responsáveis por alunos e as direções das escolas reclamam da falta de segurança na entrada e saída dos alunos

Por Beatriz Bleyer, Eduarda Fiori e Juan Camilo Bautista

Os colégios estaduais das zonas mais afastadas de Curitiba, como o Colégio Estadual Hasdrubal Bellegard, no bairro Sítio Cercado, enfrentam dificuldades para administrar a segurança dos alunos, pois têm pouca assistência da Patrulha Escolar em horários como entrada e saídas de aulas. A Polícia Militar do Paraná justifica o problema informando haver falta de recursos para o programa Patrulhas Escolares Comunitárias (PEC).

A diretora do Colégio Hasdrubal, Doralice de Oliveira Carvalho, detalha as dificuldades para conciliar momentos de violência em que não está presente a PM. Nas situações de risco, são feitos os agendamentos a Patrulha, porém muitas vezes eles não estão disponíveis. “Fizemos um chamado e até hoje estamos esperando”. Para lidar com essa situação, os próprios funcionários, junto à diretora e à equipe pedagógica, se submete a fazer o trabalho dos policiais, que é verificar quem está entrando e saindo do Colégio e se porta arma (branca ou de fogo). A diretora acrescenta que é possível observar o mesmo problema em outras escolas das proximidades.

Denúncias de pais e responsáveis são feitas com frequência. A cabeleireira, e mãe de uma das alunas do Colégio Hasdrubal, Cris Cândido, acredita que se deve investir mais em segurança, e a o prioridade do trabalho da Polícia Militar deveria ser nas escolas. “Esqueceram essa parte”,diz. 

A falta de investimento e comprometimento do governo são fatores que acabam prejudicando o desempenho da Patrulha. “Nós temos uma dificuldade de acessar determinados bairros”, explica a 1ª Tenente Evelyn Garcia Barros, responsável pela Comunicação Social BPEC.

A falta de viaturas disponíveis é a maior questão, que obriga as equipes policiais a focarem em colégios centralizados, pela facilidade em alcançar os locais. “Faltam recursos, e a gente tenta dar o melhor que podemos com o que nós temos. Tem época boa e época ruim; tem época que há um investimento e há época que não. Estamos em uma época de baixo efetivo e está acontecendo na polícia inteira”. A Tenente ainda completa: “Quando nós tivermos recursos para contemplar todas as áreas, nós vamos aplicar em todas as áreas, mas enquanto não temos, usamos certos critérios para ver o número que atingiremos em cada local.”

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, 72,9% dos entrevistados afirmam que existe agressão verbal/física entre alunos. Diante desse cenário, o colégio Hasdrubal toma suas próprias providências com a gestão da escola. Diferente do que foi encontrado nos bairros mais apreciados, como o Colégio Estadual do Paraná (CEP), que recebe assistência da Patrulha diariamente, em todos os períodos do dia. 

A coordenadora do Observatório de Violência nas Escolas – Brasil, Miriam Abramovay, afirma que a escola deixou de ser um espaço protegido e tornou-se um local que reproduz as violências que acontecem na nossa sociedade em nível macro e, ao mesmo tempo, devido às especificidades como instituição, fomenta e constrói múltiplos e variados  tipos de violências. “A escola pode ser vítima, mas também autora de processos violentos”.


Oque é Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária o BPEC

A BPEC (Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária) foi criado em 19 março de 2008, e possui cerca de 40 policiais atuando. O programa funciona com um planejamento semanal de atividades, cada equipe policial composta por uma dupla é responsável por uma área, bairro ou município, se organizando durante a semana para tentar contemplar ao máximo desses colégios com visitas. Durante as visitas, eles interagem com gestores, familiares e estudantes, sendo um serviço ordinal com patrulhamento e abordagem.

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