Industria do turismo contabiliza R$ 3,9 bilhões de prejuízo com pandemia

por Mariana Alves de Oliveira
Industria do turismo contabiliza R$ 3,9 bilhões de prejuízo com pandemia

Em decorrência do isolamento social pela pandemia de Coronavírus, 98% das empresas já foram afetadas por cancelamentos de compras de consumidores

Por Guilherme Araki e Mariana Alves | Imagem: Agência Brasil

Os cancelamentos de viagens pela pandemia do novo Coronavírus afetaram 98% das operadoras de viagens. A indústria turística, que gera mais de 25 mil empregos e fatura anualmente R$ 15,1 bilhões, já superou percentual de embarques esperado de cancelado 75% do total previsto. As mesmas defendem incentivos fiscais do governo até o fim da pandemia. Segundo dados da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), os impactos das medidas de contenção novo COVID-19 já somam R$ 3,9 bilhões de prejuízo.

Segundo dados da Braztoametade das empresas do setor acredita que a retomada das vendas se dará ainda em 2020. Uma parcela de 12% aposta que a recuperação pode ocorrer até o mês de julho, e 36% vê o segundo semestre como momento de retomada. Para 43% das operadoras, a comercialização de viagens voltará ao normal apenas em 2021. Uma parcela de 9% ainda não consegue prever uma retomada.

Entre as medidas tomadas pelo governo do Paraná para combater a crise, está um pacote econômico que beneficia, entre outras, empresas do setor de turismo e eventos. Elas podem ter acesso ao crédito de R$ 1 bilhão disponibilizado por meio de linhas de financiamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e da Fomento Paraná.


Reembolso

O Procon-PR orienta que, neste momento delicado, o apoio entre as partes é a melhor solução. Sobre os serviços de reservas e pacotes turísticos cancelados, o prestador de serviços ou a sociedade empresária são obrigados a reembolsar os valores pagos pelo consumidor, a menos que assegurem a remarcação das reservas cancelados. Caso não atendido, o consumidor poderá fazer um registro no Procon pelo site.

A consultora de turismo Ana Brime diz que o cliente que fez a compra pela agência de turismo terá a opção de remarcar a viagem ou receber o reembolso. Se optar pelo dinheiro, a tarifa que ela comprou as passagens for light (tarifa mais barata), as companhias aéreas estão dando um prazo de doze meses para reiterar. “Clientes que tiveram os voos cancelados estão recebendo o reembolso integral”, completou.

Quem iria sair do País ou retornar também saiu prejudicado. Com casamento suspenso pela pandemia, o advogado Arthur Fernandes precisou adiar a  lua de mel em Cancún. “Compramos a passagem por um site e o cruzeiro por outro e ambos têm o mesmo protocolo de remarcar as datas em doze meses. Mas ainda não se pronunciaram sobre a devolução do dinheiro”, contou o noivo. “Ficamos muito chateados. Agora a maior apreensão é quando iremos viajar realmente e, se eles cancelarem, vão pagar a cotação do dólar atual ou pago anteriormente. Não sabemos de nada ainda”, ressaltou.

Quem também acabou sendo prejudicado pela pandemia foi a estudante de Administração da PUCPR, Maria Laura Fogaça, que relatou dificuldade tendo que se virar com home office e a aula a distância na Itália. “Meu voo não chegou a ser cancelado da Itália para o Brasil, mas ocorreram diversas divergências do voo de São Paulo para Curitiba. A companhia ficava me realocando várias vezes e eu achei que poderia ser bem mais perigoso ficar sozinha no aeroporto no meio de uma pandemia”, conta. “Acho que ficar foi a decisão mais sensata”, complementou.

Quando remarcar as passagens?

Até segunda ordem, o mais importante nesse momento é ficar em casa. Se for em caso de emergência, tomando todas as precauções necessárias. Mas, para o turismo, o mais recomendado com segurança é no momento que se encerrar a necessidade do isolamento social e órgãos nacionais, como o Ministério da Saúde e entidades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) acharem recomendável.

A consultora de turismo Ana Brime acredita que até o fim do ano não terá viagem a lazer e apenas quem for a trabalho. “O destino mais procurado é EUA , quem esta remarcado está deixando para o ano que vem, porque deixar para esse ano é muito arriscado”, completa.