Inverno seco pode acarretar falta de água em Curitiba

por Maria Júlia Alves Neves
Inverno seco pode acarretar falta de água em Curitiba

Foto: Nithin PA/Pexels

Obras inacabadas da SANEPAR contribuem para esse cenário

Por Bernardo William, Maria Júlia Alves Neves e João Alexandre

A chegada do inverno, na última terça-feira (21), alerta para a possibilidade de falta de água em Curitiba, em decorrência de poucas chuvas previstas para o período. A previsão da SIMEPAR para a estação é de uma precipitação média abaixo do normal. Obras e manutenções inacabadas da SANEPAR também podem contribuir para esse cenário.

Ao que tudo indica, a falta de água no inverno deste ano deve ser menos rigorosa que a dos últimos anos, mas ainda aponta para um cenário alarmante. Atualmente, as barragens de Curitiba encontram-se em 91,06% da sua capacidade. Há 2 anos, no solstício de inverno de 2020, estava em 37,2%, e ao longo da estação chegou a 30,71%. Os níveis foram maiores no ano seguinte, mas permaneceram longe do ideal; 52,72% no solstício de inverno e 50,70% ao final da estação.

O baixo índice pluviométrico ao longo desses períodos contribuiu para esse agravo. A média de precipitação mensal no inverno foi de 80mm em 2020, 21% menor que o esperado; e 67mm em 2021, 34% menor que o esperado. A previsão para o inverno deste ano pela SIMEPAR ainda está em processo, mas, segundo o meteorologista Fernando Mendonça, essa tendência de redução das chuvas deve continuar. “O inverno é um período de seca, e, considerando que são 3 meses de poucas chuvas, isso é motivo para preocupação”, acrescentou.

Segundo a SANEPAR, a implementação de rodízio em Curitiba acontece se o nível das barragens estiver inferior a 80%. Em 2020, O período de rodízio começou em 17 de março, quando o nível médio dos reservatórios de Curitiba se encontrava em 69%. A moradora Adriana dos Santos e seu marido Altair enfrentaram a falta d’água nesse período. Adriana relata que durante esses dois últimos anos houve rodízio em seu bairro. “Eram 36 horas com água e 24 horas sem”, afirmou.

Obras da Sanepar

Obra inacabada da SANEPAR no bairro Abranches. Foto: Adriana dos Santos

Atualmente, mesmo com chuvas mais frequentes, regiões de Curitiba ainda apresentam falta d’água. Moradores do bairro Abranches relatam que ainda enfrentam dificuldade para ter o acesso a água regularmente. “Ultimamente toda semana ficamos um dia ou outro sem o abastecimento”, disse Adriana. O responsável por esse problema são as obras inacabadas que acontecem na região.

As obras de manutenção, ampliação e melhoria do sistema de abastecimento, da Sanepar, tiveram início no dia 18 de maio, e ainda não se encontram finalizadas. Neste mesmo dia, era prevista a normalização de abastecimento do bairro até as 23h, mas o acesso a água permaneceu comprometido por mais de 4 dias. “Isso acontece direto, desde a suspensão do rodízio. Já vieram várias vezes consertar e nunca solucionam o problema.”, diz Rosane, moradora do bairro, que também expressa “Não dão um descontinho sequer nas nossas contas, continuamos pagando como se o abastecimento fosse normal”.

Segundo a SANEPAR, atualmente o sistema de abastecimento está sendo ampliado, com a implantação de mais 107 quilômetros de rede e 4 novos reservatórios na cidade. Essa obra faz parte do planejamento da Companhia, com o objetivo de tornar mais prático a distribuição de água em toda a Região Metropolitana, levando em conta o crescimento da população. “Para interligar as tubulações novas ao sistema existente e os novos reservatórios ao sistema de distribuição, é preciso fechar registros, o que gera falta temporária de água. É este o caso do Abranches, obras de interligações”.

“Essas obras e paradas programadas sempre são feitas. No período do rodízio, as pessoas não sentiam porque a Empresa fazia a programação dos serviços justamente nos períodos em que parte da população já estava sem água”. A SANEPAR não comentou sobre os constantes atrasos da normalização do abastecimento.

Clezi Simião, moradora do bairro Jardim Botânico, também afirma que em sua região há falta de abastecimento desde março. A SANEPAR defende que as obras não estão inacabadas, mas sim sendo executadas dentro do cronograma. Porém, no site da Companhia não consta o tempo total de duração, nem o prazo de conclusão dessas obras, e os moradores argumentam que não são devidamente informados e buscam uma solução para o problema. Alda, do bairro Abranches, declara que “agora a Sanepar não avisa mais quando vai faltar água, tudo por que eles não têm organização”. “Liguei na Sanepar e, para variar, informaram que não tem nenhum corte” alega Luciana, outra moradora. Já Adriana diz que “muitas vezes não tem previsão do horário que vai ser liberada a água”.

Dicas para economizar água

Em vista disso, a assessoria de imprensa da SANEPAR relata como é importante que as pessoas tenham caixas d’água adequadas ao tamanho de sua família e suficientes para garantir horas do abastecimento nos momentos de parada. Outras ações reforçadas pela SANEPAR que podem ser tomadas pelos moradores para reduzir o desperdício de água são:

  • Redução do tempo de banho;
  • Apenas ligar a torneira e/ou chuveiro quando for usar;
  • Não descartar lixo no vaso, pois demandará uma maior quantidade de água para mandar o lixo embora;
  • Reaproveitar a água da máquina de lavar para enxaguar calçadas e lavar carro;
  • Verificar e corrigir vazamentos;
  • Implementação de descarga com válvula de duplo acionamento.