Lojas curitibanas encontram meios de venda no Dia das Mães de 2020

por Bruna Eugenia de Cassia Quaglia Colmann
Lojas curitibanas encontram meios de venda no Dia das Mães de 2020

Com o aumento do comércio online, aumentam também os cuidados e prevenções dos consumidores e clientes na internet

Por Bruna Colmann, Isadora Deip e Sthefanny Gazarra

O Dia das Mães é considerado a segunda data mais importante para o comércio paranaense, segundo a Associação Comercial do Paraná (ACP). Perde apenas para o Natal. Porém, com a atual pandemia do novo coronavírus, comerciantes e lojistas curitibanos buscaram soluções para que suas vendas não reduzissem drasticamente neste período. Redes sociais, websites e entregas por delivery são algumas das possibilidades encontradas para a continuação do comércio no período do Dia das Mães deste ano.

A assistente administrativa e financeira da loja de roupas Farm Rio, localizada no shopping Mueller em Curitiba, Larissa Canofre, comenta que a página na web do estabelecimento já possuía um grande fluxo de compras diárias, e agora se tornou a principal ferramenta para que a loja possa enfrentar a fase de isolamento. 

De acordo com Larissa, apesar de serem em menor escala, as compras de produtos no Dia das Mães de 2020 foram boas. “O valor de vendas foi inferior ao valor do ano passado, mas ainda sim obtivemos resultados positivos.” Como alternativa para manter o rendimento na data comemorativa, a Farm Rio lançou promoções de desconto nas peças compradas pelo site.

O lojista Matheus Khalil, da loja de acessórios para celulares e assistência técnica Top Center, localizada no centro de Curitiba, afirma que as vendas do Dia das Mães deste ano superaram suas expectativas. Ele conta que a loja vendeu bastante pela internet, com o motoboy entregando em várias regiões da cidade. O movimento de pessoas na loja também foi maior do que o esperado. “Por conta do fechamento dos shoppings, quem precisava comprar presencialmente acabava optando pela vinda ao centro”, explica Matheus. 

Com a quarentena, a Top Center está funcionando em horário reduzido. Para que as vendas não caíssem de forma brusca, foram adotadas estratégias como a intensificação de propagandas e parcerias com blogueiras com patrocínio do Instagram e Facebook. Matheus comenta que a loja já possui a opção do delivery há dois anos, mas com a crise da pandemia os pedidos de entrega à domicílio estão mais frequentes, assim como a venda via plataformas online. 

Os restaurantes curitibanos também tiveram que modificar a forma de atendimento durante a quarentena. O sócio-proprietário do Bistrô Saltimbocca Caio Ferreira conta que o estabelecimento passou a funcionar apenas com a retirada de pedidos no balcão e entregas a domicílio, realizadas de carro pelos próprios donos do restaurante.

Caio comenta que o resultado de vendas no Dia das Mães deste ano foi muito positivo, com uma demanda alta de pedidos, que surpreendeu o proprietário. “Se tivéssemos convertido o número de pedidos (considerando quantidades de porções) em número de pessoas, teríamos lotado o restaurante duas vezes.”

A auxiliar administrativa da Floricultura Ópera Garden, Deice Oliveira, comenta que no período antecessor ao Dia das Mães deste ano, devido ao novo coronavírus, a procura por mercadorias no estabelecimento tinha diminuído, mas ela percebe que gradativamente a situação está melhorando. “Não estamos vendendo da mesma forma que vendemos no mesmo período em 2019, mas a procura aumentou em comparação com os primeiros 15 dias de quarentena, em que muitos não saíam de casa.” 

O atendimento da floricultura está sendo realizado através das redes sociais e de compras antecipadas, justamente para não gerar tumultos e aglomerações. Deice relata que neste Dia das Mães, mesmo com a nova forma de comércio as vendas foram boas, pois devido ao fechamento de vários shoppings muitas pessoas procuraram as floriculturas.

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, anunciou que iria permitir a reabertura do comércio na cidade no dia 15 de abril. A Associação Comercial do Paraná orientou o funcionamento das lojas das 10h às 16h para evitar acúmulo de passageiros no transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana nos horários de pico – início da manhã e final da tarde. Foi solicitado auxílio à Câmara Municipal para que o horário alternativo do comércio fosse definido por uma lei, mas até o momento não houveram medidas para atender o pedido da ACP.

A Associação buscou a reabertura do comércio após consultar seus associados, que optaram pelo retorno. Eles acreditam que é possível conciliar o funcionamento do comércio com os cuidados com a saúde, como o uso de álcool gel e máscaras e o distanciamento entre os clientes. Segundo a Associação, desde o início da quarentena a expectativa de redução nas vendas é de, no mínimo, 50% e em alguns casos chegando até a 80%. Uma estimativa antes do Dia das Mães apontava a queda de 39% nas vendas em relação ao mesmo período em 2019.

A revendedora de cosméticos Adriana Borges por exemplo, comenta que suas vendas para o Dia das Mães de 2020 diminuíram 80%, diferentemente dos anos anteriores, em que terminava o mês com ótimos resultados. O modo de trabalho da revendedora também foi alterado na fase da quarentena do COVID-19: antes ela realizava visitas com produtos a pronta entrega, agora as vendas são feitas através das redes sociais “Envio imagens dos produtos para as clientes no WhatsApp. Após a escolha da compra, levo os itens até a pessoa em uma entrega rápida.”

Segundo os economistas Kelly e Erinson Machado, a expectativa de ganho do comércio no Dia das Mães deste ano era baixa. Um dos motivos seria que o poder de compra da população diminuiu durante a pandemia, “Muitas pessoas não estão recebendo salário e estão sem trabalhar há mais de 40 dias, isso irá impactar muito nas vendas.”

De acordo com os economistas, uma dica para os comerciantes enfrentarem essa fase de isolamento social é manter o foco nas vendas online e enxugar as despesas. Os lojistas também devem ficar mais próximos dos clientes por meio das redes sociais, para entender suas necessidades.

Já os consumidores precisam tomar cuidado com as compras onlines, Kelly e Erinson alertam sobre produtos com preços mais baratos que o normal “As pessoas não devem comprar sem ter a certeza de que o site é confiável. Precisam desconfiar de produtos vendidos com preços muito abaixo do mercado.”

A farmacêutica Mônica Picasky conta que nesse Dia das Mães comprou o presente no comércio local, durante a semana e em um lugar mais vazio para evitar o risco de contaminação pelo COVID-19. Ela acredita que a liberação do comércio deve vir acompanhada de um bom senso da população. “Infelizmente tenho visto muitas pessoas saírem sem tomarem os devidos cuidados”, conta. Mônica enxerga a internet como uma boa opção para a realização de compras durante a quarentena.

Apesar da expectativa de queda nas vendas dos comércios curitibanos prevista pela ACP e por economistas devido a pandemia do novo coronavírus, alguns comerciantes da cidade ficaram surpresos com o rendimento de suas lojas no Dia das Mães. Com formas alternativas de atendimento ao consumidor, muitos estabelecimentos tiveram resultados positivos de procura dos consumidores durante o período da data comemorativa.

Confira galeria de fotos com alguns consumidores e comerciantes no Dia das Mães

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