Número de imigrantes trabalhando em Curitiba triplica em dez anos

por Ex-alunos
Número de imigrantes trabalhando em Curitiba triplica em dez anos

Estrangeiros de diversos países vêm para o Brasil em busca de uma melhoria de vida

Por Beatriz Tedesco e Matheus Ledoux

O número de imigrantes que atuam no mercado de trabalho formal em Curitiba triplicou nos últimos dez anos, conforme o levantamento do Ministério do Trabalho divulgado em agosto. Entre 2007 e 2016 o número passou de 1059 para 3464 trabalhadores vindo de outros países. Cerca de 40% desse grupo é formado por haitianos, mas existem também chilenos, israelenses, venezuelanos, sírios, argentinos e paraguaios que escolheram Curitiba para recomeçar a vida. Os dados ainda apontam que a maior parte é do sexo masculino, possui entre 30 e 39 anos e mais de 50% concluíram o ensino médio.

A empresária Courter Nasser é uma das muitas pessoas que vieram para a cidade em busca de melhoria de vida. De origem israelense, Courter está no Brasil há dez anos. Ela conta que seus primeiros anos no país foram muito difíceis, pois tentou investir na pecuária, mas não obteve sucesso. Há quatro anos abriu uma loja de produtos judaicos e então, sua vida começou a melhorar.

A empresária afirma que a cada ano a situação financeira tem ficado melhor, mas ainda passa por dificuldades. O filho de Courter não conseguiu emprego na área de formação dele e está indo para os Estados Unidos em busca de melhores oportunidades.

 

Imigrantes que atuam no mercado de trabalho formal em Curitiba | Beatriz Tedesco

 

A socióloga Darli Sampaio vê esse crescimento de forma positiva, pois mostra que preconceitos estão sendo desconstruídos e mais oportunidades estão sendo geradas para esta minoria. Porém, ela afirma que existem muitos estrangeiros que atuam em áreas indignas, trabalham onde ninguém quer trabalhar e fazem o que ninguém quer fazer por necessidade de sobrevivência e sustento familiar. Darli acredita que embora os números de crescimento de imigrantes em Curitiba sejam visto como algo bom, é necessário avaliar as condições de trabalho em que essas pessoas se encontram.

A professora universitária de francês Hanady Mitry veio da Síria para o Brasil há dez anos devido a situação complicada em que ela e a família se encontravam por conta da guerra. Ela conta que passou por dificuldades para encontrar um emprego por não conhecer a língua portuguesa. “Nós sofremos bastante porque chegamos aqui sem falar nenhuma palavra em português”. Após Hanady revalidar seu diploma universitário no país, conseguiu um emprego na área de atuação dela e não pensa mais em morar fora do Brasil por conta da dificuldade que passou para estabelecer a vida no país.

Hanady conta qual foi a primeira impressão dela sobre o Brasil:

 

A superintendente da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) – instituição que acolhe vários estrangeiros que vêm para a cidade -, Roberta Pivatto Borges de Mello, conta que os imigrantes que vêm para o Brasil procuram a fundação por estarem passando por crises financeiras, sociais, políticas ou humanitárias em seus países de origem. Na FAS, eles recebem ajuda na emissão de carteiras de trabalho, orientação profissional e intermediação de mão de obra.

Roberta relata que a instituição é parceira de algumas redes que oferecem gratuitamente cursos de português, de qualificação profissional e até ofertas de emprego. A superintendente afirma que em 2017 a FAS inseriu 40 imigrantes no mercado de trabalho e 21 no primeiro semestre de 2018. As áreas que eles mais foram inseridos foram em serviços de limpeza e alimentação.

Confira os lugares que fornecem apoio a migrantes e refugiados em Curitiba: