Ofertas de emprego aumentam 262% no início de 2021 em Curitiba

por Milena de Fátima Chezanoski
Ofertas de emprego aumentam 262% no início de 2021 em Curitiba

No mês de janeiro, o número de empregos gerados foi duas vezes maior que em dezembro de 2020

Por Milena Chezanoski | Foto: Agência Estadual de Notícias do Paraná

Curitiba iniciou 2021 com saldo positivo na geração de empregos formais. Ao todo, na capital, foram gerados 5.624 novos postos de trabalho em janeiro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), número maior do que dezembro de 2020, que chegou ao saldo negativo de perda de 3.455 cargos. Mas, ainda assim, os trabalhadores relatam uma dificuldade em conseguir uma vaga no mercado de trabalho.

Dados disponibilizados pela Secretaria Estadual da Justiça, Família e Trabalho (SEJUF) através do CAGED, apontam que o Paraná está entre os cinco estados que mais geraram emprego em 2021 no Brasil, com um saldo de 24.342 novos postos de trabalho. Comparado com dezembro do ano passado, quando foram 8.077 demissões a mais do que contratações, o aumento é de 401% de empregos formais gerados. Em janeiro de 2020 houve um aumento de 14.101 vagas, então mesmo com a pandemia o Paraná avançou positivamente nos postos de trabalho gerados.

Neste cenário, Curitiba ficou em primeiro lugar dos municípios paranaenses que mais geraram empregos. O mês de janeiro já superou o ano inteiro de 2020 na capital, quando o saldo de geração de empregos foi de apenas 2.928 novos cargos segundo dados do CAGED.

Apesar de os números serem animadores, a pandemia causou muita preocupação nas famílias paranaenses ao longo do ano passado, o número total de desempregados no 4º trimestre de 2020 de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE (PNAD), foi de 578 mil pessoas. Quando no 1º trimestre do mesmo ano, eram apenas 102 mil desempregados. Ainda de acordo com o CAGED, o setor que mais sofreu em 2020 foi o comércio, com 71.848 desligamentos contra apenas 68.567 contratações, gerando um déficit de 3.281 empregos perdidos.

A Fundação de Assistência Social (FAS) de Curitiba informou por e-mail que trabalha com as famílias mais necessitadas para que não passem por tantas dificuldades, e incentivam o Cadastro Único, em que fazem um acompanhamento e direcionam essas famílias aos programas sociais que auxiliam neste momento, como o bolsa família.

Recolocação no mercado.
O engenheiro elétrico Cleiton Luis Moraes, 39 anos, foi um dos trabalhadores que perderam seu emprego durante a pandemia. Segundo ele, o número de vagas disponíveis em 2020 era bem escasso, principalmente até outubro. “Não havia, pelo menos na minha área de atuação, muitas ofertas de emprego.”

Desempregado desde junho do ano passado, Cleiton conta que foi obrigado a reorganizar toda economia familiar, e que após a última parcela do seu seguro desemprego, que foi em dezembro, estão se mantendo com trabalhos autônomos que ele consegue arrumar. “Algumas manutenções elétricas, e instalações elétricas em domicílios de conhecidos, é isso que eu tenho feito até então”.

Moraes não é o único. Adriano Prestes Macedo, 47 anos, trabalhava como técnico de elétrica até abril de 2020 e também sente dificuldades em se recolocar. “Existem algumas vagas, mas normalmente pedem coisas assim extremas. Quando existe uma vaga que não exija tanto, eles dizem que o que o seu currículo tem mais do que precisa.” O profissional é formado em engenharia elétrica e, relatou que, para se sustentar, abriu um MEI e começou a prestar serviços da sua área.

Ambos são chefes de famílias e, como únicos provedores de renda, sentem a pressão de ficar em casa. Adriano sente as contas batendo à porta. “Você tem que pagar os compromissos como as contas mensais de água, luz, telefone, e não começa a entrar nenhum rendimento, aí começa a ficar preocupante.”

Moraes ressalta também que apesar de ver um número maior de ofertas desde o final do ano, o fato de ter trabalhado por 15 anos no seu último emprego o deixou perdido na tecnologia usada hoje para recrutamento. “De 2005 pra cá, mudou muito o emprego, a forma de buscar, agora tem redes sociais e sites.” Apesar das dificuldades, em março deste ano, o engenheiro conseguiu um emprego de coordenador de obras.

O Consultor de recursos humanos Luiz Gustavo Faret confirma que em 2020 houve um momento de instabilidade, principalmente por conta da pandemia. Depois disso, o número voltou a crescer. Na indústria foi onde surgiram mais vagas. “No segundo semestre de 2020 deu para notar esse aumento de vagas com maior intensidade.”
Gustavo ainda salienta que não existe muita procura por parte dos profissionais e que, apesar de existirem vagas, não aparecem pessoas qualificadas. “Nas descrições das vagas ofertadas, sempre colocamos os requisitos para o cargo e recebemos bem poucos currículos nesses casos.”

Ele também afirmou que no primeiro trimestre deste ano, o número de vagas vem crescendo bastante, e que apesar das pequenas empresas terem sofrido muito com a pandemia, o setor industrial conseguiu manter as ofertas. Gustavo ainda lembra que uma das áreas com maior déficit de profissionais é a de Tecnologia da Informação, por ser uma função que pode ser feita remotamente, os salários precisam competir a nível global, para um pequeno número de profissionais capacitados.