Organizações humanitárias do Paraná são parte dos 75 anos da ONU, celebrados neste sábado (24)

por Bruna Eugenia de Cassia Quaglia Colmann
Organizações humanitárias do Paraná são parte dos 75 anos da ONU, celebrados neste sábado (24)

A organização foi criada nos Estados Unidos em 1945, após a segunda guerra mundial 

Por Bruna Colmann, Rochelly Renosto e Sthefanny Gazarra

Organizações humanitárias de todo o mundo celebram neste sábado (24) os 75 anos da Organização das Nações Unidas (ONU). Não é diferente no Paraná, onde diversas instituições parceiras contribuem para fortalecer a missão internacional que tem como objetivo promover a paz entre os povos. No Brasil, a ONU é representada por agências especializadas, fundos e programas. No Paraná, uma dessas organizações que atuam em parceria com as Nações Unidas é o braço estadual da Cáritas Brasileira, um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Um dos trabalhos mais expressivos é o de atendimento a migrantes, por meio de projetos vinculados ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM). A Secretária Regional da Cáritas do Paraná, Marcia Ponce, comenta que a relação com a Acnur existe há quase 5 anos e com a OIM há aproximadamente 2 anos. A Cáritas desenvolve projetos pontuais e possui parcerias com agências que representam a ONU, para a execução de trabalhos especificamente voltados à população migratória. 

Existem 5 áreas de atuação prioritárias na Cáritas: a economia popular solidária (EPS), a migração e o refúgio, a convivência com os biomas, meio ambiente, gestão de riscos e emergências (Magre) e povos e comunidades tradicionais. 

A Cáritas Curitiba atua nas áreas de economia popular solidária, migração e refúgio, voluntariado, formação de seus agentes e, durante a pandemia do novo coronavírus, também está trabalhando com a segurança alimentar e nutricional.

O membro do conselho fiscal da Cáritas curitibana Marcos Regazzo diz que a entidade é parceira da Organização das Nações Unidas por meio de suas agências, colaborando, por exemplo, na acolhida de migrantes vindos da Venezuela em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR/UNHCR). E distribuindo vale-alimentação para famílias em situação de vulnerabilidade social em parceria com o Programa Alimentar Mundial (PAM/WFP). 

Sobre a ONU

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi estabelecida em 1945 como um organismo intergovernamental. O foco inicial era promover a paz entre os países, evitando guerras e conflitos como a Segunda Guerra Mundial. Por esse motivo, os agentes internacionais desenvolveram a Carta das Nações Unidas, que entrou em vigor em 24 de outubro do mesmo ano e levou a assinatura de 51 países. 

Os propósitos da ONU descritos na carta articulam o compromisso de defender os direitos humanos, a dignidade e a igualdade própria a todos os cidadãos. Também delimitam padrões de vida mais altos e abordam problemas econômicos e sociais afim de promover e estimular o respeito universal e efetivo dos direitos humanos, sem distinção de raça, sexo ou religião. 

Em junho de 2020 o secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirmou tais princípios como atuais marcando assim o 75° aniversário da Carta e completou dizendo que: com a união mundial é possível “realizar esta visão de paz, direitos humanos e justiça para todos.”

Para a internacionalista e mestranda em Resolução de Conflitos Jéssica Cristine de Sá Silva, por muito tempo a ONU funcionou de forma eficaz na prevenção de conflitos e segue sendo importante para a promoção da paz mundial. Atualmente ela percebe que a organização apresenta algumas adversidades (que não reduzem a importância de sua atuação). Um dos obstáculos seria a desigualdade da hierarquia dos países nas reuniões, entendendo que as nações ricas possuem mais poder na tomada de decisões. 

Jéssica diz que comemorar o aniversário da ONU é uma forma de fortalecer  organismos criados para a manutenção da paz mundial. “Relembrar é viver. Essas comemorações são essenciais para manter vivo o motivo da criação da ONU e a sua importância, buscando compreender também as necessidades de mudanças na organização e o que precisamos fazer a partir disso.” 

A mestranda em direito pela PUCPR, Angelina Colaci Tavares Moreira cita a Agenda 2030 da ONU como exemplo de projeto elaborado para enfrentar diversas questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável e à promoção e respeito dos direitos humanos. O documento estabelece 17 objetivos para se alcançar o desenvolvimento sustentável. “Trabalhar esta agenda e ensinar para as pessoas como se alcançar os objetivos ali destacados contribuirá para a formação de cidadãos mais consistentes e preocupados em promover uma vida digna para todos.” 

Angelina diz acreditar que futuramente a Organização das Nações Unidas aumentará a promoção de agendas de combate às mazelas sociais e ambientais, como o combate à fome e o desmatamento. “Creio que o organismo seja o único lugar capaz de resolver questões políticas de alta relevância e questões humanitárias, buscando sempre atingir resultados pacíficos para solucionar problemas que afetam a humanidade.”

A Organização das Nações Unidas durante a pandemia

Para Jéssica, a atuação da ONU durante a pandemia do novo coronavírus é crucial e trouxe novamente uma ideia de unidade entre os países que, mesmo sendo de diferentes níveis sociais e econômicos, uniram forças para enfrentar a doença. “Um vírus não ‘conhece’ fronteiras territoriais e desrespeita tanto os ricos quanto os pobres”, afirma. 

Angelina cita a notória relevância da Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão subordinado à ONU, durante a pandemia do Covid-19. Ela acrescenta ainda a importância da Organização das Nações Unidas nesse período, que está auxiliando os países a repensarem o bem-estar da população. “As organizações internacionais possuem um papel crucial para promover o diálogo entre as nações, engendrando um sistema de transparência e troca de conhecimento para o combate à doença.”

Relação com a PUCPR

A Clínica de Direitos Humanos da PUCPR, coordenada pela professora doutora Danielle Pamplona, terá uma programação diferenciada durante a semana de aniversário da ONU. Temas como a história, os desafios e o futuro da organização internacional serão apresentados por meio de postagens no Instagram do grupo (@moothumanrights_pucpr).

A estudante de Direito e participante da Clínica Cassiana Binda ficou responsável pela postagem das artes no instagram. Ela acredita que na era das fake news é essencial a divulgação de conteúdos como a história e o funcionamento da ONU. “Essa foi uma forma que o grupo encontrou de conseguir democratizar informações.”