Faturamento da exportação de café aumenta R$ 1bi em 2022

por Giulia Militello Dias dos Santos
Faturamento da exportação de café aumenta R$ 1bi em 2022

Por Giulia Militello | Foto: Pixabay

Foram exportados o equivalente a 3,6 milhões de sacas de 60kg de café brasileiro em março de 2022

O Brasil deve ter um faturamento vindo das lavouras de café de estimados R$ 71,7 bilhões de reais para 2022, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Essa estimativa é realizada a partir dos dois diferentes tipos de grãos exportados pelo país, o café Arábica e o café Conilon, que são os mais consumidos. 

As duas espécies têm diferenças em seus aromas, sabor e cafeína. O Arábica é mais aromático, com o sabor mais suave a ácido, com cerca de 1,2% de cafeína. O tipo Conilon é mais amargo com uma concentração um pouco maior de cafeína, com 2,2%.

No Brasil, o café Arábica tem uma produção que ocupa cerca de 1,43 milhão de hectares, com uma produtividade de 27,1 sacas por hectare, em média. O café Conilon tem uma ocupação de 389,2 mil hectares, com uma média de 43,6 sacas por hectare. Visto isso, no contexto econômico, o café Conilon representa 19,7% do total de café produzido, com uma receita estimada de R$ 14,17 bilhões de reais; e o café Arábica corresponde a 80,3% do faturamento de 2022, o equivalente a R$ 57,54 bilhões.

De acordo com a Embrapa, em contexto geral, são 17 produtos agrícolas que estão incluídos no cálculo de faturamento bruto das lavouras que nos meses de janeiro e fevereiro totalizou R$ 869,4 bilhões. Entre eles, os cinco produtos agrícolas que apresentam uma as maiores estimativas de faturamento bruto, são: soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão.

O café está em quarto lugar no ranking do Valor Bruto da Produção (VBP), em 2022, responsável por cerca de 8,2% do faturamento total das lavouras do país.

O produtor rural Luiz Felipe Moya, de Minas Gerais, afirma que o café do tipo Arábica se desenvolve melhor em ambientes com altitudes maiores, “geralmente , regiões  acima de 900 metros, têm o sabor de sua bebida destacada, por que a maturação do grão é mais lenta.” A região Sul de Minas, com altitudes que chegam a 1400 m e com o clima favorável para a produção de grão, em que as temperaturas variam entre 18 e 24°C, é uma das áreas que mais produz café Arábica, sendo responsável por 50% da produção do estado. 

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) existem 15 estados brasileiros com produção de café. Minas Gerais é o estado mais significativo, com 451 municípios cultivadores e com uma área de 1,3 milhão de hectares, foi responsável por 46% da safra total do país em 2021. Os mineiros colheram o equivalente a 21,45% milhões de sacas, sendo 99% do tipo arábica e com destino para mais de 80 países. 

Em relação aos dados de exportação, de acordo com o relatório anual publicado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), foram exportadas 10,6 milhões de sacas de 60kg no primeiro trimestre deste ano, arrecadando uma receita cambial de US$ 2,4 bilhões, tendo um aumento de quase 1 bilhão, se comparado ao mesmo período do ano anterior. 

Com base na lista, disponibilizada pela Cecafé, de 105 países importadores de café brasileiro, lideram o ranking os Estados Unidos, Alemanha e a Bélgica, todos ultrapassando o milhão de sacas importadas entre janeiro e março de 2022, confira a quantidade que foi importadas por esses países:

De acordo com a empresária Letícia Siqueira, o preço de venda do café varia de região, qualidade, tamanho e o sabor dos grãos. “O produtor pode escolher se vai vender a saca, que é 60kg, ou se vai gourmetizar a sua produção vendendo a varejo.” Ela completa dizendo que a maior parte das vendas por saca são feitas através de cooperativas ou corretoras e o preço é baseado em quanto está o dólar e na cotação do café na bolsa de valores.

Conforme informações do site Perfect Daily Grind Brasil, existem diversos tipos de negociação para a exportação, os principais International Commercial Terms (INCOTERMS) são:

  • FOB – Free On Board: onde o produtor segue os regulamentos e taxas de exportação, até que o café seja carregado para um navio transporte, o comprador, dessa maneira, paga o frete marítimo e seguro.
  • EXW – Ex Works: é dever do comprador, assim que assumir a propriedade, se responsabilizar pelo risco de movimentação e armazenamento. “Normalmente, isso se refere ao transporte terrestre de um armazém.”
  • CFR – Cost and Freight (Custo e frete): o produtor/exportador, é responsável por entregar o café em seu porto de descarga e o comprador deve pagar pelo seguro. Nesse INCOTERM é atribuído ao produtor, qualquer deterioração e escassez que resulte do transporte, caso o café não seja embalado de maneira adequada.
  • CIF – Cost Insurance Freight (Custo do Seguro do Frete): o produtor/exportador se torna responsável pelo pagamento do café até o porto em que o produto será descarregado. Esse pagamento inclui o seguro. Já o comprador, é responsável pelos encargos de importação.

A empresária, que faz essa conexão entre produtores e compradores com maior capacidade de margem, explica um pouco sobre o processo de exportação, “Os produtores que desejam exportar diretamente seu café devem preparar uma lista de verificação e um fluxograma indicando os requisitos das autoridades governamentais e de logística portuária.” A documentação, certificação, transporte de contêineres no porto, pagamentos são itens essenciais para a exportação, completa.