Paraná é o terceiro estado do país que mais desmata a Mata Atlântica

por Gisele Passos
Paraná é o terceiro estado do país que mais desmata a Mata Atlântica

Estado fica à frente somente de Bahia e Minas Gerais no quesito desmatamento

Por Guilherme Almeida

O Paraná é o terceiro estado do Brasil com maior índice de desmatamento da Mata Atlântica, segundo estudo divulgado pelo Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, da ONG SOS Mata Atlântica, no final do último mês de dezembro. A pesquisa, realizada em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta que, entre os anos de 2014 a 2016, houve uma modificação de 74% da área desmatada no Estado, enquanto no período entre 2015 e 2016, foram desmatados mais de três mil hectares, que equivalem a mais de três mil campos de futebol.  O Paraná fica à frente somente de Bahia e Minas Gerais na questão do desmatamento da Mata Atlântica. Outro dado altamente agravante: a destruição concentra-se na região das araucárias, espécie seriamente ameaçada de extinção, com apenas 3% de florestas remanescentes.

Infelizmente, não é somente a Araucária que está sofrendo com os avanços da degradação desenfreada. De acordo com o engenheiro florestal, Alexandre Koehler, outras espécies como o Cedro Rosa e o Mogno igualmente entram em estado de ameaça de extinção. Estas, no entanto, devido à cobiça madeireira. Ainda segundo Koehler, há uma legislação vigente que proíbe o manejo legalizado do Mogno, o que passou a levar madeireiros a fazer o corte ilegal destas espécies.

A questão das madeireiras e do corte ilegal é complexa. Existem áreas em que são permitidos o corte e comércio das árvores, desde que haja um replantio por parte dos grandes empresários. Isso, no entanto, não faz com que a vegetação mantenha as mesmas características de antigamente.

Quem fica responsável pela fiscalização do transporte e do Documento de Origem Florestal (DOF), ferramenta eletrônica que integra os documentos de transporte florestal federal e estadual, e tem como objetivo, monitorar e controlar a exploração, transformação, comercialização, transporte e armazenamento dos recursos florestais, é o Batalhão da Polícia Militar Ambiental.

Além de fiscalizar e tentar inibir os desmatamentos ilegais, a corporação trabalha na questão das atuações e multas para os infratores. Segundo o tenente do Batalhão da Polícia Florestal do Paraná, Marcel Elias dos Santos, ao ser constatado um crime ambiental, a partir de sua gravidade, os infratores podem ser encaminhados para assinar um termo circunstanciado, ou até mesmo, prisão em flagrante.

De acordo com Santos, o nível de atuações no estado do Paraná é muito alto, se comparado aos demais estados brasileiros. “Estado não é tão grande comparado a outros do Brasil, mas a quantidade de infração, cerca de dois mil campos de futebol, é bastante razoável, isso somente no período de 2016”, afirma. Ainda de acordo com o policial, foram lavrados 1275 autos de infração por desmatamento ilegal e notificações que somam mais de R$ 14,7 milhões em multas, somente no último ano.

Segundo o tenente, em Março de 2017, houve uma operação na região de Guarapuava e Campos Gerais, realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), denominada Mata Atlântica de Pé, na qual, foram detectados 1800 hectares de mata devastada de forma irregular, sendo quase o dobro em relação a 2016. Nesta operação foram apreendidos 3552 metros cúbicos de madeira; e 24.998 kg de Carvão.

No Paraná existem dois tipos principais de biomas. O bioma florestal; e o bioma cerrado. O estudo realizado pela SOS Mata Atlântica, aponta que as principais áreas de desmatamento ficam na região centro-oeste do estado, onde é mais complicada a fiscalização.

Para Koehler, inúmeras são as mudanças no bioma destas áreas afetadas pelo corte madeireiro. “Causa uma série de impactos de maior e menor grau, além da remoção de espécies ameaçadas de extinção e também raras no ecossistema, provocando um impacto maior sobre todas as outras vegetações presentes no ambiente”, pontua.

Ainda de acordo com o engenheiro florestal, o resultado desse descaso também se faz presente em relação à fauna, acarretando em um impacto geral na paisagem e na estrutura das flores, causando uma mudança abrupta no estado original do ambiente.

Essas mudanças, como relatado anteriormente, acabam levando a uma alteração na paisagem natural do ambiente. O bioma afetado não terá mais a sua característica original. No entanto, existem algumas campanhas que visam conscientizar as pessoas sobre a necessidade do replantio de espécies nativas para a recomposição de áreas degradadas.

É o caso da campanha “Plante Árvores”, que tem como objetivo, estimular a recuperação florestal no Estado com as mudas oferecidas gratuitamente pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

A campanha oferece uma carteira de ações que poderão ser desenvolvidas por entidades públicas e privadas em parceria com o órgão ambiental. Voltada para diferentes públicos específicos, tem como objetivo destacar a importância de cada árvore, a fim de que a população possa conhecer os benefícios das respectivas espécies e aprender mais sobre suas características.

Em nota, o IAP explica que haverá uma divulgação maciça da campanha, e que ela será feita toda pelas redes sociais, contando com apoio de empresários, cooperativas e setores ligados ao agronegócio.

Para conseguir uma muda, o cidadão deve entrar no site do IAP, clicar no ícone “Requerimento de Mudas Nativas” e fazer o cadastro. Após o envio dos dados, os requerimentos passam pela análise do IAP e, uma vez aprovado o pedido, um e-mail é enviado, informando o viveiro que irá atendê-la. Na retirada das mudas é necessário apresentar duas guias do requerimento impressas.