Paraná registra mais de 200 mil casos de Covid-19 entre jovens

por Maria Eduarda Cassins
Paraná registra mais de 200 mil casos de Covid-19 entre jovens

Com o estado ultrapassando 990 mil casos de Covid-19, a população de menor faixa etária está cada vez mais descumprindo o isolamento social

Por: Maria Eduarda Cassins  | Foto: Pixabay  

Segundo dados do informe epidemiológico feito pela Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa), o último levantamento mensal disponibilizado no dia 11 de maio, apontou 204.259 casos de Covid-19 em jovens de 20 a 29 anos no estado.

Isso ocorre devido às inúmeras aglomerações ilegais e pela falta de cuidado de alguns dos próprios ambientes autorizados como restaurantes, bares e comércio. Atitudes irresponsáveis devido ao quadro crítico de mais de 24 mil mortes no estado. 

Conforme o boletim atualizado pela Sesa no dia 11 de maio, o Paraná possui 93% de ocupação dos leitos do SUS nas UTIs, e a capital sofre com 91% dos leitos ocupados, sendo 478 pacientes e 525 vagas disponíveis. Já nos 726 leitos de enfermaria a ocupação está em 76%.

Mortes precoces

Em entrevista para a RPC no dia 23 de fevereiro, o governador Ratinho Junior aponta que o problema está tomando proporções maiores agora devido a nova cepa que estamos enfrentando, a qual causa tal mutação nos jovens de 20 a 29 anos, que os leva a passar mais dias internados do que os próprios idosos. 

A tatuadora Letícia de Souza (22) perdeu uma vizinha de 25 anos depois do carnaval. Ela revela que a vítima, que terá o nome preservado nesta matéria, contraiu a doença por causa de uma festa clandestina no feriado de Carnaval. Dias depois, ela começou a sentir dificuldades respiratórias e o teste de Covid-19 deu positivo. Após longo período de internamento, ela não resistiu e morreu. ‘’Para mim, foi um susto. Eu assisto diariamente às notícias de apenas pessoas mais velhas falecendo, o que cria na nossa cabeça uma falsa confiança de que idade é sinônimo de saúde.” . 

Segundo o Painel Covid-19 da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, quanto maior a idade, maior a chance de desenvolver um quadro mais grave do vírus, porém apesar de estarem menos propensos a chegar nessa situação, os mais novos não estão imunes e podem ser vetores da doença.

A enfermeira Viviane Moraes relata a situação que se depara diariamente em sua rotina hospitalar e se humaniza com o cenário: ‘’Muitos contam que nem sabem como se contaminaram e ficam com muito medo, nervosismo e ansiedade por estarem internados. O pavor de piorar seus sintomas toma conta deles, e a agonia de ficar sozinho no hospital sem visitas também é grande.’’

Mas a profissional não deixa de lado as consequências, lamentando sobre “Tem os que ficam só no oxigênio e com medicação e reagem bem, logo saem de alta mas infelizmente a maioria chega a precisar de intubação com o estágio bem avançado da doença, dependendo mesmo de um milagre para se salvar. É desesperador,muitos pedem para não serem intubados por medo de morrer mas não tem o que fazer quando o pulmão fica comprometido.’’ E finaliza com um alerta para a população: “Todos pensam que os idosos sofrem mais com a doença, mas nem sempre é assim, tem muitos jovens que ficam bem pior que os idosos e ficam com graves sequelas depois’’.

Equipe formada por uma enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, três professores e 11 estudantes do Departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde (CCS), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), tiveram a iniciativa de desenvolver um projeto inédito de pesquisa sobre sequelas de pacientes do Covid-19. 

Segundo a professora Celita Salmaso Trelha, o principal objetivo da pesquisa é analisar o estado funcional dos pacientes pós Covid-19. Conforme Celita,sua literatura e experiência clínica profissional apontam que os sintomas comuns pós-Covid são fadiga, dispneia, dores musculares e nas articulações, redução do paladar e do olfato, e ansiedade crônica.

Medidas tomadas

A capital paranaense intercala constantemente entre a bandeira vermelha e a laranja. As medidas restritivas tomadas pelo estado consistem na suspensão de aulas presenciais por todas as instituições de ensino, a abertura de estabelecimentos apenas considerados essenciais, o toque de recolher da população entre as 20 horas e 5 horas (o mesmo vale para a venda de bebi- das alcoólicas), e a abertura do comércio apenas de segunda a sexta após as 10 horas, com capacidade de 50% de ocupação em lugares fechados.

[box] Denuncie as aglomerações * Ligue no número 190 da Polícia Militar do Paraná, para denunciar aglomerações que estão ocorrendo a sua vista. * Ligue no número 181 da Polícia Militar do Paraná, para denunciar aglomerações que você sabe que estão programadas para acontecer ou que já aconteceram.[/box]

 

Infográficos

Créditos: Allanis Menuci