Procura pelo skate aumenta em Curitiba após medalhas nas Olimpíadas

por Tayná Luyse Cordeiro da Silva
Procura pelo skate aumenta em Curitiba após medalhas nas Olimpíadas

Inspirados pelas 3 medalhas de prata conquistados nas Olimpíadas Tóquio 2020, as pistas curitibanas começaram a serem mais procuradas

Por Maria Luísa Cordeiro, Tayná Luyse e Pietra | Foto: Tayná Luyse

As vendas de artigos para prática de skate aumentaram significativamente após as Olimpíadas de Tokyo 2020. Com medalhas de prata para Rayssa Leal (13), Pedro Barros (26) e Kelvin Hoefler (28), houve maior procura pelo esporte e consecutivamente acelerou o mercado. 

Para o multicampeão de títulos no skate Rudil Júnior (42), mais conhecido como Ferrugem, houve um aumento em sua loja de artigos para skate, “Eu tenho empresa de skate e aumentou significativamente a procura. O esporte está sendo procurado. Ao invés da criança optar por uma bola, já está optando pelo skate. Eu acho que é um crescimento muito grande e isso é muito importante para o nosso esporte”, afirma.

De acordo com o Google Trend, que mostra os assuntos mais pesquisados no Google, o termo “skate” teve um aumento repentino nas buscas pelo país, especialmente entre os dias 25 a 31 de julho, exatamente nos dias de competição do esporte nas Olimpíadas. Curitiba foi a sexta cidade com o maior registro de procura pelo skate. Na rede social Twitter, durante os Jogos Olímpicos, a atleta mais mencionada e comentada no mundo inteiro foi Rayssa Leal, a Fadinha do skate. 

William Verdi (35) é profissional de skate e do ensino desde 2007, com certificação internacional, além de idealizador da escola de skate “Aulas de Skate Curitiba”. Para ele, a procura por aulas aumentou em torno de 70%. Apenas na semana dos jogos Olímpicos, mais de 150 novos contatos na escola, dobrando o número de alunos e contratando mais dois instrutores. Mesmo em pandemia conquistaram crescimento em torno de 30% ao ano.

Para o professor, a previsão de aumento é ainda maior, “pela falta de profissionais capacitados temos propostas de mais clubes e escolas também para inserir instrutores capacitados, visto que a graduação de Educação Física até hoje não tem a instrução técnica da modalidade”, afirma. 

De acordo com a loja Sumatra, no Shopping Palladium, que vende vestuário de skate, comparando com o início das olimpíadas e agora, tiveram um aumento aproximado de 15% nas vendas.

Para Ferrugem, que já ganhou mais de 15 vezes o título brasileiro, com títulos como bicampeão mundial -, a introdução do skate como esporte olímpico ajudou a trazer um novo olhar para a modalidade. “A televisão conseguiu mostrar um pouco a realidade do skate, a vida e mostrar que o skate é um esporte em que você pode viver dele, ele dá condição de você ter sucesso na sua carreira. Então mudou bastante. Mas assim, até então, era mal visto.”

As mulheres no skate

Letícia Marcelli, que também pratica o esporte há anos, conta que no começo tinha muita vergonha por ser a única menina. “E como eu era a única menina sempre, no skate, por exemplo, você está numa pista, você tem que esperar o outro acabar pra você poder ir, aí eu tinha vergonha de fazer os outros me esperarem, os meninos”. 

Para ela, a vitória de Raissa nas Olimpíadas colaborou para que mais meninas se interessem pelo skate, “Meu ex professor de skate tem contato ainda com o meu pai e ele contou em grupo que aumentou muito a venda de skate na loja em que ele trabalha e agora eu vejo meninas próximas andando de skate.”

Na escola “Aulas de Skate Curitiba” a procura tem sido especialmente por meninas.  A vitória de Raissa realmente influenciou a maior procura pelas meninas, de acordo com William. “A maior parte das novas alunas têm idade entre 6 e 12 anos. Mães, tias e irmãs mais velhas também estão procurando pelo esporte”.

 Movimento nas pistas 

Kevin Buccioli, skatista amador, conta que, após os Jogos Olímpicos, a pista em que praticava dobrou de participantes. A procura pelo corrimão e rampas cresceu principalmente entre os mais jovens que agora buscam se aventurar nesse novo esporte.

 

O praticante de skate há mais de 10 anos, Vinicius Freitas, acredita que o esporte é mal visto principalmente pelas pessoas de mais idade, “É uma construção social de relacionar skatistas com pessoas que não trabalham, que não fazem mais nada da vida além disso. As pessoas geralmente têm dificuldade de entender de que isso pode tanto ser um hobby quanto uma profissão.” 

Para Vinicius, a vitória do Brasil nas Olímpiadas teve um papel fundamental para ajudar a desmarginalizar o esporte, “o que mais ajudou foi o Brasil ter ganho medalha, porque assim as pessoas deram valor, porque se fosse só um esporte olímpico e não tivesse ganho nada, eu acho que também não teria acrescentado muito”. 

O skatista profissional e curitibano Heverton de Freitas, começou a praticar com 13 anos, e hoje compreende que uma de suas maiores conquistas foram as amizades que colheu ao longo do tempo no esporte, além dos campeonatos e títulos que acumulou. Para o profissional, a procura pelo skate não se deve exclusivamente pelas Olimpíadas, visto que “ele se tornou um esporte olímpico justamente pelo seu crescimento”, afirma. Segundo ele, as olimpíadas ajudaram a impulsionar esse mercado que já vinha crescendo dentro e fora do Brasil. 

Heverton e seu pai, Eloi, atualmente também desenvolvem projetos, como o skate adaptado para crianças com deficiência. Para eles, o maior objetivo é permitir que elas possam sentir o prazer que é andar de skate. 

Curitiba no cenário internacional

Curitiba já foi considerada a capital do skate, devido aos títulos, aos campeonatos e a relação do curitibano com o skate, de acordo com o bicampeão mundial. Para Ferrugem, todos os seus títulos são também de Curitiba e com sua experiência, afirma que o skate e a cidade sempre tiveram uma boa relação, mas graças a toda exposição na mídia, devido à Olimpíada, o esporte vai crescer muito mais. 

Para Heverton, Curitiba sempre foi bem representada e reconhecida pela quantidade de skatistas de qualidade. “Seja a nova geração, mas principalmente a velha geração, fez com que nossa cidade fosse reconhecida até mesmo fora do país”. Ele ainda conta que a capital já teve diversos campeonatos importantes como o “Circuito Drop Dead” e que “hoje em dia o que falta é a volta desses grandes eventos, mais apoio para os skatistas e mais investimento para que o skate curitibano continue crescendo”, afirma.

Para Ferrugem, a capital paranaense está bem assistida na quantidade e qualidade das pistas de skate. “Mas referente ao resto do mundo, cara, eu acho que Curitiba está sendo bem assistida. Tem muitas cidades que não tem pista, e Curitiba é repleta de pistas. Acabou de sair uma pista na Wenceslau Braz, temos outra pista super moderna no Boqueirão, na praça Menonitas, temos a pista do Atlético no centro da cidade. Então assim, Curitiba está sendo bem assistida. Não tenho o que dizer sobre isso.”

A capital possui 34 pistas públicas para a prática de skate, veja abaixo o mapa da cidade.

 

Para saber mais sobre o endereço clique aqui.

Ferrugem deixou uma mensagem para aqueles que precisam de uma motivação extra para começar a praticar o skate.