Professores relembram “massacre” do 29 de abril com críticas ao governo

por Guilherme Seisuke da Silva Araki
Professores relembram “massacre” do 29 de abril com críticas ao governo

APP-Sindicato convocou carreata em Curitiba e mobilizações em outras cidades do estado

Por Guilherme Araki e Igor Barrankievicz | Foto: Franklin de Freitas / Bem Paraná

Educadores realizaram ato em frente à Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná, em Curitiba, na manhã desta quinta-feira (29),  e partiram em carreata até o Centro Cívico relembrando o ocorrido do dia 29 de abril de 2015, que completa seis anos. Na ocasião, professores e demais servidores públicos do Paraná foram impedidos de acompanhar a sessão da Assembleia Legislativa (ALEP) que alterava a previdência dos trabalhadores e foram agredidos pela Polícia Militar do Paraná com bombas, balas de borracha e spray de pimenta.

Além de lembrar o acontecido no ano de 2015, a mobilização desta quinta-feira aconteceu contra a “política do se vira”, do atual governo, assim nomeada pela fala do secretário de educação Renato Feder de que os estudantes sem acesso aos equipamentos para acompanhar as aulas remotas teriam que se virar. Foram criticados o encerramento do contrato de professores e funcionários no mês de abril, a militarização de colégios estaduais, a carga horária excessiva de trabalho e o congelamento de salários.

“Hoje o massacre continua, todos os dias, mesmo nesse cenário pandêmico, com o governador do estado, que já é outro, nossa reivindicação ainda é o direito ao trabalho, que está sendo violado. A partir de amanhã (dia 30), mais de mil educadores e funcionários de escola serão demitidos por esse governo”, conta Clau Lopes, professor PSS e presidente do Conselho Permanente de Direitos Humanos.

A carreata contou com bandeiras contendo os dizeres “o massacre na educação continua”, relacionando o momento vivido pela educação pública em 2015 com o atual. “Só tem piorado a situação. De seis anos pra cá o desmonte foi grotesco e está sendo cada vez pior”, relata Clau. “Começando pela questão salarial, nós não temos reajuste a 5 anos. As condições de trabalho, da saúde mental, e do assédio, que o secretário de educação Renato Feder vêm colocando no ensino não presencial, mostram que ele desconhece a realidade dos nossos estudantes e a realidade das escolas públicas”, completa.

A APP-Sindicato, que representa os trabalhadores em educação pública do Paraná, denuncia a sobrecarga enfrentada pelos educadores com a nova metodologia de aulas online e afirma que os funcionários estão sendo substituídos por terceirizados. O sindicato, além da carreata em Curitiba, convocou mobilizações em outras cidades do estado e nas redes sociais.

Procurada pela reportagem, a Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná não quis se manifestar.

29 de abril de 2015

A operação, comandada pelo então governador Beto Richa (PSDB) e o então secretário de segurança pública, Fernando Francischini, teve duração aproximadamente de três horas, custo de R$ 948 mil, deslocou 2516 policiais e utilizou helicóptero e veículos blindados da PMPR. Segundo relatório da polícia, foram usadas 1413 bombas, 2323 balas de borracha e 25 garrafas de spray de pimenta. Foram feridos 213 manifestantes e 3 profissionais da imprensa.