Renda média baixa do brasileiro diminui o investimento em cultura

por Ex-alunos
Renda média baixa do brasileiro diminui o investimento em cultura

Secretaria de Estado da Cultura - SEEC Curitiba, 02 de fevreiro de 2011 Foto: Kraw Penas - Comunicação SEEC

Incentivo à cultura pode melhorar o olhar crítico da população

Por Gabriela Fontana

Nos últimos anos o Brasil vem sofrendo um processo de redução de renda, que causa uma queda de investimentos da população, que se torna na maioria das vezes, apenas para demandas mais urgentes e necessárias. Com isso, o investimento em cultura acaba não sendo o gênero de primeira necessidade para o brasileiro.

A grande massa da população só tem acesso à cultura através dos meios de comunicação, principalmente a televisão, segundo o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (CoreconPR), Daniel Poit. “Principalmente para as pessoas que ganham pouco, elas são muito pressionadas pelas demandas imediatas, como alimentação, transporte, moradia, remédio, vestuário”, destaca.

Resultados do Profice

Para o economista, existem três principais fatores para que a renda média esteja abaixo da média: queda no emprego, fazendo com que empresas troquem funcionários por outros, que passam a ganhar menos, executando a mesma função; falta de emprego, que acaba pressionando as pessoas a trabalhar por um salário menor e, por fim, as tarifas públicas. “Esta é a forma mais silenciosa e mais perversa, que é o aumento exagerado das tarifas assustadoramente acima da inflação. Os combustíveis, por exemplo, aumentaram mais de 150% nos últimos três anos, enquanto que a inflação oficial anunciada não chegou a 20%”, explica Poit.

O estado do Paraná desenvolveu o Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice), que é um mecanismo de incentivo cultural para a população. A coordenadora de Incentivo à Cultura da Superintendência de Cultura da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Paraná, Wanessa Hoinacki, explica que por meio da renúncia fiscal do  Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), são incentivados projetos culturais. “Eles são nas áreas audiovisual, literatura, livro e leitura, artes visuais, patrimônio cultural, dança, circo, povos, comunidades tradicionais e culturais populares, e ópera”, destaca.

Wanessa explica que a Superintendência é responsável pelos espaços culturais estaduais, e que este ano pretende realizar sessões de cinema ao ar livre em cidades de todo o estado para maior estímulo à cultura. “O programa permite que ocorra uma descentralização dos projetos/incentivos, que não atendem somente a capital, mas sim cidades em todas as macrorregiões do Estado”, conclui a coordenadora sobre a importância do incentivo à cultura e ao lazer.

A técnica em Administração Bianca Rodrigues acredita ser muito importante este incentivo à cultura por parte do governo. “Eu sempre guardo entre 3% a 5% da minha renda mensal para ir pelo menos ao cinema, ou ao museu. Se todos tivessem acesso à cultura, teríamos um povo mais instruido e desenvolvido”, conclui Bianca sobre a grande importância de incentivos e investimentos na área da cultura.

Para Poit, o investimento em cultura, não só em grandes eventos de envolvimento popular, como festas comemorativas municipais, shows, ou até jogos de futebol, mas em atividades como teatro, cinema, fotografia, etc., é sempre positivo. “A cultura, principalmente a arte, de uma certa maneira, contribui para a consciência cidadã. Faz com que as pessoas se choquem e se conscientizem de determinadas condições, e passem a ser mais críticos em relação aos seus governantes, e mais conscientes em relação aos seus direitos”, diz o economista.

Os maiores e mais importantes, impactos observados em eventos culturais podem movimentar uma grande máquina financeira, como observa o conselheiro do CoreconPR, e desta forma é possível gerar empregos e estimular mais a produção de bens.