Restaurantes de Curitiba mudam rotina para se adaptar às restrições da pandemia

por Georgia Giacomazzi Barbosa Lima
Restaurantes de Curitiba mudam rotina para se adaptar às restrições da pandemia

Prefeitura de Curitiba suspende buffet em restaurantes da cidade

Por: Augusto Vellozo e Georgia Giacomazzi | Foto: br.freepik.com    

O serviço de autoatendimento em restaurantes de Curitiba está suspenso desde o dia 17 de abril, por decreto implementado pela Prefeitura Municipal de Curitiba, suspendendo o sistema de alimentação por self-service temporariamente em restaurantes, bares, lanchonetes, padarias e similares. A medida foi tomada em virtude de controlar a pandemia do novo coronavírus na cidade, visto que os consumidores podem expelir gotículas em louças, talheres e alimentos apresentados nos bufês, facilitando a contaminação.

Os estabelecimentos poderão servir pratos à la carte, por delivery ou com entregas nos balcões, seguindo as regras gerais contidas no regulamento. Medidas como controle de fluxo de pessoas, local para higiene das mãos e uso de máscaras, entre outras, deverão ser adotadas para evitar a circulação do vírus. Já são mais de 800 casos e 30 mortes por conta da doença na cidade.

Curitiba comporta cerca de 12 mil estabelecimentos de restaurantes e bares, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), e são esses os setores que estão sendo mais prejudicados devido às consequências geradas pelo Covid-19. A Abrasel, junto com o governo, tentou negociar a liberação de verba de financiamento para remuneração de 90 dias dos funcionários, para tentarem se reorganizar e não precisarem realizar grandes cortes nas empresas futuramente, evitando maior prejuízo em relação à crise.

Ainda no final de abril, a Abrasel pensou em uma proposta sobre recursos para administrar cursos de treinamento online, podendo direcionar e orientar os proprietários de restaurante que utilizam buffets para se adaptarem em relação a forma de atendimento aos clientes, garantindo, assim, economia de gastos e um menor risco de contaminação para todos.

“Prevejo 20% de diminuição no faturamento”, diz Ademir Carmo da Silva, dono do restaurante D’Carmo, sobre a visão de como o fluxo comercial será afetado após a pandemia. “Com isso, haverá uma redução equivalente à diminuição do faturamento do quadro de funcionários”.

Silva fechou temporariamente as portas do restaurante em 19 de março e, durante esse período, ele e sua equipe estão pensando em algumas estratégias de higiene mais específicas para quando o estabelecimento retornar às atividades. “Temos que nos adaptar ao mercado, utilizando máscaras e dando mais enfoque à higiene das mesas logo após a troca de clientes”.

Já em outro restaurante de Curitiba, cujo nome a proprietária prefere não revelar, somente após o decreto que foi percebida a diminuição no número de pessoas. Entretanto, como já realizava entregas via delivery previamente, sentiu menos a mudança e seu prejuízo se tornou menor. O restaurante agora possui um cardápio semanal virtual, possibilitando a escolha do prato e a posterior entrega, em mãos ou na portaria, para seus consumidores sem precisarem sair de casa. “Acredito que essa alternativa passe mais segurança para nós, clientes, e para todos os funcionários”, diz Michel Lima, freguês do estabelecimento, sobre essa iniciativa.

O aumento da demanda por pedidos feitos por meio de deliveries vem crescendo simultaneamente com a necessidade do isolamento social por conta do novo vírus. Os aplicativos que trabalham com o sistema de delivery procuraram alternativas para que na hora da entrega o contato com os consumidores não seja direto, assim preservando a saúde tanto do entregador quanto do cliente. Isso faz com que o cliente, na hora de fazer o pedido, consiga optar pela alternativa de deixar o produto no portão de casas ou portaria de prédios e condomínios.

Especialista apoia restrição imposta pela Prefeitura

O médico infectologista Ricardo Dimas Zimmermann concorda com a postura da Prefeitura suspender o autoatendimento nos restaurantes. “Como o número de óbitos em Curitiba é crescente, todo cuidado é pouco”,  Segundo ele, o método self-service aumenta a disseminação viral, pelo maior risco de exposição às gotículas respiratórias infectadas através do contato direto em bancadas e o compartilhamento de utensílios, como talheres e pratos.

Com esse raciocínio, no ponto de vista médico, o método mais eficaz para a comercialização de alimentos seria o delivery. Ricardo afirma: “Em algum momento, que não se sabe qual, a taxa de transmissão começará a reduzir; assim, sendo natural que a liberação para self-services aconteça regularmente. Enquanto isso, cabe às pessoas e aos estabelecimentos se adaptarem à nova realidade”.