Segurança no transporte público preocupa curitibanos

por Tobias Dietterle
Segurança no transporte público preocupa curitibanos

Insegurança e medo afetam usuários que necessitam do transporte público para se locomover diariamente na capital

Por André Blatt, Lucas Azevedo, Felipe Cubas e Tobias Dietterle.

Andar de ônibus em Curitiba tem causado insegurança em muitos usuários do transporte público. Apesar do número de assaltos ter diminuído nos últimos anos, muitas pessoas ainda relatam ter um certo medo ao ter que usar o transporte. Segundo dados da Secretaria de Trânsito de Curitiba,em 2022 foram registrados 103 casos de assaltos no interior dos ônibus. É importante ressaltar que houve uma diminuição nos casos de assaltos, contudo a “fama” de que poder ser assaltado no transporte ainda gera medo em muitas pessoas. 

Mesmo com a redução do número de assaltos decorrente da mudança do método de pagamento, usuários relatam que ainda se sentem inseguros ao frequentarem o transporte coletivo. Até o mês de maio de 2023 era necessário a presença dos cobradores de ônibus dentro dos veículos para realizar a entrada dos passageiros que pagavam em dinheiro, porém a adoção do pagamento somente via cartão, fez com que a presença dos cobradores se tornasse inútil. Outro motivo que contribui é a implantação de câmeras dentro dos ônibus, o que proporciona mais segurança ao passageiro. O presidente da URBS, Ogeny Pedro Maia Neto, em entrevista ao Bem Paraná contou que hoje, o transporte público deixou de ser um dos principais alvos de assaltos na capital.

O usuário do transporte público Leonardo Silva revela que quase foi assaltado. “Ele falou: “Você tem uma grana aí para eu ir embora?” E eu disse que não andava com dinheiro. Quando ele pegou uma faca e perguntou novamente. Eu fiquei em choque sem saber o que dizer, porque eu realmente estava sem dinheiro. Mas daí saí correndo para o meio da galera no ônibus e não deu nada”

A estudante Kauwanne do Prado relata que estava no ônibus indo para casa quando o assaltante pegou seu celular e saiu correndo para fora do ônibus, pois a porta estava aberta. “Então, depois desse dia eu não mexo no celular no ônibus e fico bem atenta a qualquer movimentação suspeita. Fiquei alguns dias traumatizada com medo de pegar ônibus, mas já estou melhor e mais atenta.” Ela completa dizendo que conseguiu rastrear o seu aparelho e foi com a polícia mais tarde para tentar recuperá-lo. Porém, quando chegaram no local, nada foi encontrado.

Além do prejuízo material, na maioria das vezes, o usuário ainda sofre de traumas, demorando para voltar a utilizar o transporte coletivo ou tendo que fazer acompanhamentos para que possa voltar a viver normalmente.

A secretaria de segurança pública do Paraná (SESP-PR) traz alguns cuidados que podem ajudar a evitar assaltos dentro do transporte coletivo: Evite ficar sozinho em pontos de ônibus isolados, especialmente à noite. Em ônibus com poucos passageiros, sente-se próximo ao motorista. Separe antes o valor da passagem, para não mostrar seu dinheiro na hora de pagar. 

Evite ficar em partes vazias do ônibus, principalmente à noite. Dentro do transporte, coloque a carteira, a bolsa, pacotes ou sacolas na frente do seu corpo.

O impacto psicológico causado em pessoas assaltadas no transporte 

As consequências causadas em usuários do transporte público após um momento de tensão.

Ser assaltado é uma das piores coisas que podem acontecer na vida de uma pessoa, perder bens que batalhou para conquistar durante muito tempo é uma dor muito grande sofrida. Contudo, não são apenas danos materiais que a pessoa sofre, o transtorno psicológico causado também é um fator negativo neste contexto. Um lugar que tem tudo para ser seguro e passar tranquilidade para seus passageiros, é um lugar causador de angústia e sofrimento.

Os usuários de transporte público em qualquer lugar adentram ao automóvel com um único objetivo definido: chegar ao seu destino sem nenhuma adversidade no caminho. Infelizmente, não é uma rotina para todos os curitibanos. Segundo levantamento da Urbs com base nos boletins de ocorrência registrados pelas empresas de ônibus, 834 assaltos foram registrados em 2019. Em 2022, esse número fechou em 103 – queda de 87%. 

De acordo com a psicóloga Thais Schmidt, alguns medos podem ser aflorados depois de sofrer um assalto, a mesma relata. “O que mais vejo acontecer na clínica em casos de pessoas que sofreram assalto é a ansiedade. A ansiedade é um sentimento natural que todo ser humano tem e que quando se transforma em um transtorno se torna um caso patológico. A ansiedade faz com que o ser humano fique em alerta para tudo que está acontecendo ao seu redor”. É importante ressaltar a importância do acompanhamento psicológico para as vítimas de assaltos para que amenizem seus traumas futuros.

A reação após o ato do assalto é algo que preocupa e leva muitas pessoas a deixarem de frequentar determinados lugares por medo do pior acontecer. Segundo a Thais, isso é muito normal de acontecer em um primeiro momento. “Muitas vezes a pessoa por estar neste estado de ansiedade, de medo que vá acontecer alguma coisa, acaba deixando de ir a um lugar que costumava ir”.

Uma das maneiras de tratar esses casos de traumas é com acompanhamento através de um atendimento personalizado. Schmidt afirma.“De maneira geral, a gente consegue manejar tudo isso através da psicoterapia. Nós auxiliamos o sujeito a entender tudo que aconteceu, entender esses sintomas de ansiedade e o auxilia a lidar com essa ansiedade.”