Um fio de esperança

por Sofia Magagnin
Um fio de esperança

O número de mortes por coronavírus causa pânico e desesperança, mas a sociedade tem se mobilizado para reverter esse quadro

Por Maria Cecília Zarpelon, Marina Prata e Sofia Magagnin

O mundo já está perto da marca de 1 milhão de pessoas recuperadas do coronavírus, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número de recuperações é três vezes maior do que o de mortes. Por mais que o segundo dado seja responsável por causar pânico e desesperança, a sociedade tem se mobilizado para reverter esse quadro e trabalhar em prol de uma causa maior: a vida.

A ideia de ser contaminado pelo coronavírus nunca passou pela cabeça do jovem estudante de economia Mardel Melo. Foi no dia 13 de março, em um evento sobre políticas públicas para educação, que ele acabou infectado. Foi um simples aperto de mão que colocou sua vida em risco. 

Depois de diagnosticado, o baiano de 27 anos fez o tratamento da doença por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “Me preocupou o fato de eu não ter plano de saúde. Me surpreendi, pois fui acolhido e muito bem tratado. Sou muito grato ao SUS porque, caso contrário, não poderia arcar com um tratamento desses”, relata.

Recuperado, Mardel passou a refletir sobre a importância da coletividade. Mesmo em quarentena, o jovem tem se dedicado a arrecadar donativos e alimentos para os mais necessitados. Para ele, a melhor forma de agradecer pela vida é ajudar ao próximo. “Sempre tive muita fé no que as pessoas podem fazer umas pelas outras.”

Para o psicólogo Cloves Amorim, a crise é um momento de desenvolvimento, que pode potencializar características boas como a criatividade, a adaptabilidade e a generosidade. O principal desafio da humanidade nesse período é exercitar a resiliência, ou seja, a capacidade de se adaptar positivamente em contextos de grande adversidade.

Um dos maiores aprendizados que o isolamento social pode proporcionar é o autoconhecimento. “Aprendemos a regular nossas emoções e gerenciar a ansiedade. Passamos a arcar com nossos próprios erros e atos, já que nosso nível de responsabilidade coletiva aumentou. Precisamos respeitar nossa própria vida e a do outro.”

Amorim acredita que algumas dessas mudanças de comportamento irão, felizmente, ser permanentes. “Estamos ampliando nossa confiança uns nos outros, aprendendo a pedir ajuda e a ajudar, estabelecendo uma comunicação mais aberta e honesta, desenvolvendo espírito colaborativo para a solução de problemas”, conclui. 

O psicológico enfatiza a importância de valorizar os pequenos momentos da vida, afinal, é em situações como essa que as pessoas são convidadas a refletir e externar o que têm de melhor.