Analistas: a importância dessa nova função do futebol

por Gabriel Almeida
Analistas: a importância dessa nova função do futebol

Entenda qual a importância dessa nova área que está em alta no esporte

Por Gabriel Franco 

Enquanto os clubes de futebol europeus mantêm, cada um, equipes com cerca de 20 profissionais contratados como analistas de desempenho, no Brasil, essa média é de apenas dois por time. Segundo o levantamento tal,… Para especialistas, a

 

 

indicar a fonte desse dado

dados 

informações técnicas que possam ser citadas com suas respectivas fontes

  • quantos analistas estão em atuação no BR?
  • linkedin é possível filtrar vagas abertas?
  • existe uma organização que represente esses profissionais?
  • ideal seria mais um analista
  • tentar alguém da CBF
  • quantas pessoas já passaram pelo curso da CBF?

 

A evolução no futebol é diferente da evolução do futebol. No futebol, esse avanço é no jogo em si, dentro do campo. Do futebol, é a melhoria dentro de campo e fora dele. A melhora da estrutura é notória. Bolas, chuteiras, uniformes, e todo material esportivo passou por um desenvolvimento grande. 

 

     Fora do campo, o futebol teve uma grande evolução, em todos os setores. Hoje, todos os profissionais têm uma grande importância. Além dos jogadores e treinadores, existe uma grande estrutura já conhecida por trás dos clubes. Advogados, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, e muitos outros profissionais, já conhecidos, são essenciais dentro das instituições.

 

     Mas essa mudança no esporte trouxe também, a inclusão de novos profissionais. Que hoje, são essenciais: os analistas. Essa nova função se tornou indispensável para os clubes brasileiros. 

 

     Hoje a tecnologia é protagonista no esporte, o VAR é a mais conhecida, e ainda muito polêmico, diversas vezes criticado por atletas e treinadores. Por outro lado, o estudo de dados e análise de desempenho é uma nova ciência que vem sendo muito elogiada por jogadores e principalmente por técnicos. Contudo, o grande ponto positivo dessa modernidade é a possibilidade de aumento de performance em contexto geral da equipe. 

 

Mas… o que fazem os analistas?

 

   Esses profissionais têm função importante em várias áreas do clube, facilitando muito o trabalho do treinador e comissão técnica na preparação dos elencos, treinamentos e na montagem dos elencos para a temporada. Aqui estão alguma das funções dos analistas de desempenho:

 

  1. Na contratação, ele recolhe informações do jogador desejado com números de jogos, gols, mapa de calor em campo, passes certos, passes errados, desarmes, dribles… deste modo, é possível analisar o que realmente pode se esperar do atleta. Assim, há ainda a possibilidade de saber o nível de condicionamento físico e se costuma ter lesões.
  2. No estudo do adversário, o analista tem a função de dar informações ao corpo técnico sobre pontos negativos e positivos do oponente. Com a finalidade de criar estratégias, jogadas e escolher jogadores que possam se encaixar melhor para o tipo de jogo.
  3. No estudo da equipe, o profissional deve conhecer intimamente cada jogador. Outro ponto importante é o recolhimento de dados para saber qual equipe está sendo mais eficaz, quais jogadores rendem mais ou menos juntos.
  4. Na preparação dos treinamentos, ele verifica onde os atletas estão com dificuldades e precisam evoluir em uma situação específica. Por exemplo: na saída de bola quando está sob pressão.
  5. Na correção e análise de erros e táticos e técnicos, analisando onde o atleta cometeu algum erro que resultou em gol adversário/problema para a equipe. 

Existem duas formas de extrair dados das equipes: pela análise qualitativa e a quantitativa. Elas não trabalham separadas, inclusive muitas vezes se complementam.

Análise de Desempenho Qualitativa

A análise qualitativa é basicamente a observação do jogo. Para dar mais precisão, ela costuma acontecer por meio de vídeos, gravados acoplados a um software de auxílio. A partir daí, é possível ter noção da dinâmica do jogo e o comportamento dos times. Com isso, pode-se analisar os acontecimentos passo- a-passo, também por frames. Ao estudar esse vídeos, os analistas conseguem analisar como um jogador ou time age durante a partida. Podendo avaliar como a se comportam em determinados momentos do jogo.

Análise de Desempenho Quantitativa

Mais conhecida como scout, a análise quantitativa reúne números, transformando os acontecimentos do jogo em estatísticas. Tanto dos jogadores, quanto da equipe. Serve para entender onde a equipe tem mais facilidade ou dificuldade, analisando por meio dos números da partida. Cada analista seleciona as estatísticas que acha mais importantes para o crescimento da equipe.

 

Como os softwares funcionam na análise da partida?

A primeira programação utilizada é para que a bola seja reconhecida, tanto parada como em movimento. Após isso, é a hora de marcar os jogadores, que recebem uma programação diferenciada para cada perna.

As microcâmeras são os equipamentos responsáveis por captar todas as imagens que depois serão transformadas em dados e informações para criar a melhor tática para a equipe.

 

O computador deve ser configurado previamente, antes de a bola rolar. Nessa programação, são solicitados todos os dados que se deseja que o software capte. Após o início da partida e o play no programa, é só esperar para ter todas as informações requeridas.

A partir daí, é possível criar inúmeros gráficos e planilhas, com a evolução de cada atleta em todos os fundamentos. Assim, se consegue também medir o desempenho individual ou coletivo. É possível obter qualquer dado, até mesmo qual jogador mais errou passes no primeiro ou no segundo tempo ou em determinado setor do campo.

Quantificar esses dados, elaborar estudos e laudos sobre as equipes envolvidas e enviar para o restante da comissão técnica é o papel do analista. Apesar de parecer fácil, é preciso ter um prévio entendimento de futebol e uma boa leitura de jogo. Aqueles profissionais que desejem se inserir no mercado devem buscar uma qualificação, para que possam desempenhar essa função de maneira eficiente.

 

 

 

 

História das análises

Essas análises podem ser feitas tanto em softwares modernos e atuais, quanto na moda antiga com papel e caneta. Que foi como tudo começou, com Charles Reep, o primeiro analista de futebol da história. Ex-contador e ex-comandante de voo das forças aéreas inglesas começou a se encantar por táticos. 

No intervalo durante uma partida monótona de terceira divisão entre Swindon Town e Bristol City, em que via incontáveis ataques darem em nada, ele perdeu a paciência. Ele pegou lápis e caderno e começou a escrever furiosamente o que acontecia no gramado – contando o número de passes e chutes a gol, num primeiro esforço sistêmico do uso de dados para análise futebolística.

Há sinais do que Reep tentou fazer nos anos 50 – ele usou seus dados para propor (de forma equívoca) que gols geralmente resultam de jogadas curtas, quatro passes ou menos. Sua análise ajudou a criar um estilo de futebol em longos passes que se tornou icônico na Inglaterra por décadas. Desde sempre as análises têm influência nos comportamentos, táticas e planejamentos dos clubes. 

O estudo de análises no futebol começou na Europa e chegou tardiamente no Brasil, mas é um profissional indispensável para qualquer clube. Porém, a diferença do investimento na área do nosso país com o velho continente ainda é muito grande. E percebemos isso pela média de profissionais de análise nos clubes: enquanto no continente europeu os clubes possuem cerca de 20 analistas em média, no Brasil essa realidade é diferente: os times possuem entre um e dois analistas. O que faz com que o trabalho fique sobrecarregado e não entregue tanta qualidade.

Por que será que a análise de desempenho, tão eficiente na Europa, ainda não é tão evoluída no Brasil?

 

Estamos vendo, aos poucos, o país do futebol, onde os jogadores já nascem com a bola nos pés, ficando para trás de algumas outras nações que não têm tanta tradição no esporte. Um dos motivos pode ser a falta de profissionalização.

Enquanto o Brasil não atribui muita importância ao desenvolvimento tático e à tecnologia que vem sendo criada para isso, países de outros continentes estão voando à nossa frente. Um dos motivos para que isso esteja ocorrendo pode ser o alto nível de investimento necessário para colocar em prática a análise de desempenho.

Além disso, é preciso montar a equipe completa, e não apenas contratar alguns poucos profissionais e sobrecarregá-los. Há também o problema da constante troca de treinadores e comissão técnica no futebol brasileiro.

 

 

Para entendermos um pouco mais sobre as diferenças dos tipos de análise, e a importância que ela tem para as equipes e atletas atualmente, entrevistamos o Arthur Butilheiro, analista de desempenho individual. Ele é formado em Ciências do Desporto pela Universidade de Porto (Portugal), tem licença UEFA C de treinador, e trabalha com análise para vários atletas espalhados pelo mundo.

 

 

 

Como são feitas as análises e quais os estudos feitos por trás delas?

R: ‘’Tem haver com o que nós vamos buscar ver nas análises, não adianta nada fazer uma análise sem saber o que quer encontrar. Esse é o primeiro ponto: entender o que queremos encontrar na análise, os comportamentos que queremos ver no jogo tanto no coletivo quanto no individual. Já sabendo o que eu quero encontrar, temos um ponto de partida. E nisso entramos nos diferentes momentos e sub-momentos do jogo, que podemos ver os comportamentos individuais e coletivos nessas situações.’’

Quais são esses sub-momentos?

R: ‘’ São referenciais teóricos, ou seja: temos 4 momentos no jogo: organização ofensiva, organização defensiva, transição ofensiva e transição defensiva. E dentro desses quatro principais momentos temos os sub-momentos, como por exemplo: os blocos na organização defensiva: o bloco baixo (retranca), o médio ou o alto (pressão). Dividindo os momentos, facilita  muito na análise do jogo e nos comportamentos que os atletas têm nessas situações.

 

Como é a forma de abordar o jogador para que ele comece o trabalho individualizado? Existe alguma reação de negação por parte de alguns jogadores? 

R: ‘’ Eu comecei a trabalhar com a análise individual há aproximadamente um ano e meio. Fui um dos primeiros a começar com esse trabalho de análise tática individual. É algo novo no futebol, e muita gente não conhece. E por isso, muitos têm desconfiança no trabalho. A maneira ideal de abordar um atleta é explicando como isso pode ajudar no crescimento profissional dele, mostrando como funciona o  estudo e o trabalho, e como ele pode evoluir. Muitos jogadores não dão crédito no trabalho, acredito ser por essa falta de conhecimento da área. Mas a tendência é esse desconhecimento sumir.’’

 

Para você, a falta de cursos e estudos qualificados que priorizam a qualidade teórica sobre os conhecimentos do futebol, dificulta para que tenhamos analistas de desempenho qualificados para exercer seu trabalho?

R: ‘’ Acredito que sim e nem me refiro a entidade do futebol  (CBF e UEFA), e sim cursos virtuais. Eu já fiz alguns desses cursos e de uma forma geral: o conteúdo é raso. O conhecimento que tenho de futebol foi pela faculdade, mestrado, mas também por outras pessoas que produzem conteúdos na internet de forma profunda, o que acrescenta muito a quem consome isso.’’

Para você, os analistas auxiliam para que os times tenham maiores chances de construir um perfil definido para as suas equipes? Tanto para contratar, quanto para revelar atletas. 

 

R: ‘’ Com certeza, se o clube não tem um projeto estabelecido de que tipo de jogador ele quer formar, de que tipo de jogador ela quer contratar para sua equipe, qualquer jogador que for oferecido ao clube, vai ser aceito. Por isso, é necessário um perfil de qual atleta o clube está a procura, e dessa forma o analista vai ao mercado procurar um jogador daquele perfil, ou o mais próximo daquilo que procura. Isso profissionaliza mais o clube e auxilia na formação do elenco.