Clubes emergentes dependem de campeonato paranaense para viver

por Davi Guiarzi Luiz Moreira
Clubes emergentes dependem de campeonato paranaense para viver

As equipes utilizam a competição para arrecadar verba, conseguir patrocínios e projetar jogadores para o futebol nacional

Por Davi Guiarzi | Fotos: Davi Guiarzi

Em 2024, os jogos do Campeonato Paranaense ocorreram em apenas 17 datas. A restrição de calendário é uma das maiores críticas das equipes à Federação Paranaense de Futebol (FPF). Clubes emergentes dão importância e enfrentam a necessidade de participar desses campeonatos. Segundo eles, a visibilidade e as receitas são maiores. Fator que ajuda a pagar as contas, além do campeonato servir como acesso às divisões superiores e nacionais.

Um dos gestores do Iraty Esporte Clube, Sandro Cabral, detalha como o clube da terceira divisão paranaense sobrevive. Com o patrocínio durante a temporada. A bilheteria e a venda de camisas nos ajudam. Temos vários eventos no clube também, como a locação de campo society e campo principal”.

Pelo regulamento, os participantes da primeira divisão do futebol paranaense não têm direito à premiação financeira. Deste modo, um dos meios de arrecadação para os clubes é a venda de placas publicitárias e direitos de transmissão. Porém, esse ativo é levado como uma fonte secundária pelas equipes do estado. 

O gerente de comunicação do Maringá Futebol Clube, Rodrigo Araújo, lamenta o baixo valor dos meios. “O Campeonato Paranaense está se reestruturando, melhorando nos últimos anos, mas a verba que vem para os clubes como direito de imagem, premiação e TV ainda é muito aquém do que poderia ser, inclusive comparado com outros estaduais do Brasil”. O Campeonato Paulista é que premia mais no Brasil. Para a edição de 2024, o campeão desembolsará R$ 5 milhões. Do segundo lugar ao décimo quarto lugar, será distribuído R$ 6,33 milhões em premiação.

Ao mesmo tempo, em divisões inferiores, as verbas de transmissões são menores ou inexistentes. Os clubes buscam outras fontes de renda durante a temporada. “A importância da competição é a visibilidade, para a instituição e para os atletas. Tentar colocar um atleta na vitrine e assim alguma equipe se interessar por ele”, enfatiza o gestor do Iraty, que utiliza o campeonato para lucrar com parcerias e vendas de atletas.

O futebol paranaense terá sete representantes em competições nacionais ano que vem

Outro motivo dos clubes emergentes defenderem o campeonato estadual são as vagas nacionais. O gerente do Maringá, equipe finalista do paranaense deste ano, explica que o clube usa o paranaense para acessar a Série D e Copa do Brasil do ano seguinte. “É o que define se o time terá calendário cheio, interferindo diretamente em todo o planejamento financeiro da temporada”.

Pelo desempenho no campeonato, o Maringá está classificado para a Copa do Brasil e para o Campeonato Brasileiro Série D de 2025. Entretanto, Rodrigo destaca que, em questões de visibilidade, é melhor participar do estadual do que da quarta divisão nacional. “Hoje ainda é muito maior (jogar o paranaense) que a Série D”. Dos times da primeira divisão, apenas Andraus, Cianorte, Galo Maringá, PSTC e São Joseense atualmente não possuem vaga nacional para o ano que vem. Deste modo, o elenco profissional fica sem jogar, restando somente competições de base.

Torcedores no Estádio do Pinhão, observando a partida entre São Joseense x Hope Internacional, válida pelo Campeonato Paranaense Sub-20 2024

A situação se torna mais delicada em divisões inferiores, como explica Eduardo Ferreira, diretor de Marketing do AA Iguaçu, atualmente na segunda divisão paranaense. “O time que não disputa a primeira divisão, não se classifica para outras competições (nacionais). O elenco profissional fica ocioso e o clube ainda deve arcar com as despesas dos campeonatos de base (que não possuem bilheteria)”.

Eduardo destaca que muitos times do estado vivem a mesma situação do Iguaçu. O diretor ainda finaliza com um pedido de mais campeonatos profissionais. “Outras equipes também buscam alternativas para ‘se manterem vivos’. A disputa de mais uma competição profissional para esses clubes, com certeza ajudaria muito a fortalecer o futebol em várias regiões”.

Conteúdo extra

A segunda divisão paranaense começa no dia 5 de maio, com o jogo de abertura entre Paraná Clube e Nacional de Rolândia. Na edição deste ano, dez times buscam as 2 vagas de acesso à primeira divisão. Confira a primeira rodada da competição e o mapa dos participantes abaixo.

1ª rodada

04/05

16h00 | Paraná Clube x Nacional AC – Vila Capanema, Curitiba

18h30 | Patriotas FC x EC Laranja Mecânica – Estádio Atílio Gionedis, Campo Largo

05/05

11h00 | Rio Branco SC x AC Paranavaí – Gigante do Itiberê, Paranaguá

16h00 | AA Iguaçu x Apucarana Sports – Estádio Antiocho Pereira, União da Vitória

18h00 | Foz do Iguaçu FC x Grêmio Maringá –  Estádio do ABC, Foz do Iguaçu