Brasil está atrás de vizinhos em educação sexual, aponta estudo

por Ex-alunos
Brasil está atrás de vizinhos em educação sexual, aponta estudo

“Ainda existem vários tabus relacionados à educação sexual”, diz sexólogo

Por Guilherme Levorato e Mariane Pereira

O Brasil tem os piores índices quando o assunto é educação sexual nas escolas, se comparado com outros países da América Latina. Os dados são de um estudo feito pela Federação internacional de Planejamento Familiar em 2015.

O estudo analisou países como Argentina, Colômbia, Chile e México em aspectos relacionados ao planejamento familiar e também ao acesso das mulheres a métodos contraceptivos, e concluiu que, em todos os países, a forte influência religiosa pode afetar o desenvolvimento de políticas relacionadas a contraceptivos.

No Brasil, especificamente, isso ocorre de forma mais intensa, como explica o sexólogo Abnézer Lima da Silva. “Ainda existem vários tabus relacionados à educação sexual e às crenças limitantes relacionadas a questões culturais e religiosas que levam pessoas a evitarem de entrar em qualquer assunto relacionado à sexualidade. Há casos também em que adultos que não tiveram uma boa educação sexual quando crianças acabam sofrendo com a  falta de informação e com isso adquirem insegurança e traumas”.

A pesquisa completa pode ser encontrada aqui.

Crianças e sexualidade

De acordo com psicóloga Giorgia Brassac, a educação sexual é de extrema importância para crianças e adolescentes, pois traz informações claras sobre preservativos, gravidez precoce, uso de anticoncepcionais, e alerta sobre doenças sexualmente transmissíveis. “Além disso as questões anatômicas dos organismos feminino e masculino são abordadas, assim, quanto mais informação de qualidade o adolescente tiver, maior será a chance de ter uma vida sexual saudável, sem expor-se a riscos e com escolhas seguras”.

A psicóloga comenta que  educação sexual não tem idade certa para ser iniciada, mas deve ser feita dentro de casa, e deve ocorrer quando a criança começar a questionar os pais sobre o assunto. “Às  vezes na escola as crianças escutam algo sobre o assunto, ou assistem em novelas e filmes e a curiosidade é despertada”.

Giorgia explica que os pais devem sempre responder os filhos quando forem questionados sobre sexualidade, entretanto, as respostas devem sempre ser objetivas, com foco apenas no conteúdo das perguntas, já que a criança ainda não está pronta para que o assunto seja aprofundado. “Tudo depende de cada criança e de seu tempo, mas com a quantidade de informação disponível hoje em dia, é de grande importância que os pais estejam abertos para as dúvidas dos filhos”.

A pedagoga Caroline Fernandes explica que tudo deve ser tratado com naturalidade com as crianças. “A sexualidade não deve ser assunto visto como tabu, mas, sim, como algo que contribui para a formação, desde que seja bem condicionado pelo professor, que deve estar destituído de preconceitos”.

Ana Luísa Pereira tem dois filhos e conta que conversa  abertamente com eles sobre sexualidade e que trata tudo de uma forma muito natural. “Minha filha de 10 anos e meu filho de 5 me perguntam tudo que eles têm dúvida e sempre tento responder a eles de uma forma que possam compreender de acordo com idade de cada um”. Ana afirma que também ensinou aos filhos sobre respeito e sobre escolhas e cuidados que eles devem ter em relação a sexualidade.

Educação sexual nas escolas

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê que a sexualidade seja abordada em sala de aula para que os alunos possam, por exemplo, analisar e explicar as alterações que ocorrem no corpo durante a puberdade, comparar métodos contraceptivos e justificar a necessidade de compartilhar a responsabilidade pelo uso destes e identificar sintomas de doenças sexualmente transmissíveis (DST’s).

Para a pedagoga, é importante tratar deste temas nas escolas porque este é um local em que a criança transpassa sentimentos e é possível notar por meio de desenhos dos alunos, por exemplo, possíveis mensagens do que ela vive em casa, como por exemplo uma situação de abuso.

A coordenadora pedagógica do Colégio Passionista Nossa Senhora Menina, Rossana Marchiori, diz que o diferencial do colégio está a procura de informação preventiva sobre este assunto para os alunos, e que a instituição está disposta a utilizar novas práticas de abordagens. “O colégio está aberto às novas tendências, sem colocar-se se certo ou errado, motivo pelo qual prima pela informação com profissionais preparados para sanar dúvidas ou curiosidades sobre o assunto”.