Casos de racismo vem sendo cada vez mais comuns em estádios de futebol

por Felipe Emanuel Benato de França
Casos de racismo vem sendo cada vez mais comuns em estádios de futebol

Por: Felipe Benato e Jeferson Kolscheski | Divulgação: CBF

Atos racistas na Arena da Baixada, na Espanha e na Copa do mundo Sub-20

Partidas recentes do Athletico Paranaense nesse mês de maio, na Arena da Baixada, foram marcadas por gestos e falas racistas. Os torcedores em questão já foram identificados e afastados por tempo indeterminado do estádio do Furacão. Amanhã, dia 31 de maio, o Athletico será julgado pela 3º Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro. A legislação prevê a possibilidade de perda de pontos na competição caso tenha um “considerável número de pessoas”, por enquanto, o caso denunciado envolve apenas um torcedor. Não tão diferente, mais um caso ocorreu com o jogador brasileiro Vinícius Junior, do Real Madrid. Na partida contra o Valência, pela 35º rodada do Campeonato Espanhol. O estádio Mestalla foi palco de cânticos racistas contra Vini, sonorizado por “mono”, que em Português significa “macaco”.

O caso mais recente do time paranaense envolveu um torcedor gesticulando como um macaco diretamente para a torcida do Flamengo. Logo depois do jogo foi aberta uma investigação com todas as imagens e dados para as autoridades, após o início dos procedimentos internos, o torcedor poderá ficar de fora permanentemente do acesso ao estádio. Já o Athletico terá de pagar uma multa de R$ 100,00 a R$ 100.ooo,00, pois de acordo com o Art. 243-G, praticar atos discriminatórios, desdenhosos ou ultrajantes, com minorias, nesse caso a raça. Além do julgamento na esfera da Justiça Desportiva, o torcedor é investigado pela Polícia Civil em 8 de maio. A Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos informou que abriu inquérito para apurar o caso – e ele pode sofrer outras punições.

Já na partida contra o São Paulo, no 31 de julho de 2022, em que o mesmo foi ocorrido, o Athletico identificou os torcedores envolvidos em gestos racistas contra o São Paulo, incluindo uma menor de idade. O tricolor paulista alegou que um funcionário e torcedores do clube foram vítimas da agressão na Arena da Baixada, em Curitiba. No Boletim de Ocorrência, feito poucos minutos após o fim da partida, é relatado que um torcedor do Athletico fez uma série de ofensas, algumas em tom homofóbico, e que chamou a vítima de “macaco de merda”.

Caso Vini Jr

Vinícius Júnior há algum tempo vem passando por diversos casos de racismo em jogos fora de casa, e na partida contra o Valência, não foi diferente. No segundo tempo, ele localizou algumas pessoas que estavam o chamando de “macaco”. O brasileiro não gostou e foi em busca desses torcedores durante o jogo, enfurecendo o time adversário, por acharem que estava parando o jogo por algo irrelevante. No final do jogo, Vinícius se envolveu em mais uma briga, por estar perdendo a partida, o número 20 do Real Madrid foi agarrado no pescoço por Hugo Duro, aonde foi o momento em que o brasileiro do Real Madrid também se descontrolou e acertou com a mão em rosto do atacante do Valência e acabou sendo expulso, enquanto o espanhol não foi advertido.

Na terça-feira, dia 23 de maio, após o caso de Vinícius, a polícia espanhola prendeu sete pessoas que estavam envolvidas com os cantos racistas perante Vinícius Júnior. Três deles foram detidos na cidade de Valência, e após prestarem depoimento foram liberados. Entretanto, os outros quatro estiveram na cidade de Madrid, em uma polêmica antiga que no clássico contra Atlético de Madrid, em que fora pendurado em uma ponte a frente do CT (centro de treinamento) do Real Madrid, um boneco negro com uma camisa de Vínicius Jr. Luis Rubiales , presidente da Federação Espanhola afirma “Somos um país muito acolhedor e que recebe milhões de habitantes todos os anos, também no futebol. Vinícius e qualquer jogador de futebol feminino ou masculino que sofra uma ofensa, neste caso por racismo, conta com o apoio da RFEF”.

Rubiales também comenta “Quero mandar um recado ao presidente da CBF. Em primeiro lugar, haverá poucos países no mundo como a Espanha que admiram e respeitam o futebol brasileiro. Não só os jogadores brasileiros, mas também todos os jogadores que vêm de outras partes do mundo: Ásia, África, América Latina. Temos que fazer com que esse esporte continue sendo um espetáculo e que todos gostem”. Já o Presidente da La Liga, via Twitter, “Relatamos nove casos de insultos racistas nesta temporada (oito foram contra Vini Jr). Sempre identificamos os responsáveis ​​pelos responsáveis e levamos as denúncias até os órgãos competentes que têm competência para puni-los. Não importa quão poucos sejam, nossos esforços são implacáveis.”

O Real Madrid também soltou uma nota oficial em seu site em apoio a Vini, “O Santiago Bernabéu e o plantel do Real Madrid mostraram o seu apoio a Vini Júnior, antes do jogo contra o Rayo Vallecano. Os adeptos e os companheiros do brasileiro juntaram-se a ele para fazer frente aos contínuos ataques que sofreu ao longo da temporada com uma homenagem nos minutos prévios ao encontro da Liga.” Todos os jogadores do time entraram com a camisa 20, de Vínicius, em apoio ao atleta, que não estava relacionado para o jogo, porém subiu aos gramados para agradecer, tanto seus companheiros e a torcida madridista.

Com racismo não tem jogo – CBF

Após o caso, diversos portais, celebridades, companheiros de equipe o incentivaram à favor de Vini Jr, postando em suas contas no Instagram, Twitter, entre outras redes. O que levou a CBF à fazer uma ação para o brasileirão de 2023, o lema “com racismo não tem jogo”, em que todos os jogos os jogadores da Série A, antes dos jogos todos sentam em momento de respeito a luta contra o racismo dentro do futebol. Em forma de protesto, clubes também se pronunciaram, como Palmeiras, Flamengo, Athletico, Grêmio, Coritiba, entre outros. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues também veio a público se pronunciou a apoio ao jogador “Com racismo, não tem jogo. Contamos com o apoio de cada torcedor. Racismo é um crime brutal e deve ser banido dos estádios. Basta de preconceito”.

Ontem, pela Copa do Mundo Sub-20, na partida entre Brasil contra Tunísia, Robert Renan, após sair expulso o zagueiro, saiu provocando a torcida adversária, mandando beijos e apontando para as estrelas no escudo, remetendo as cinco Copas do Mundo, depois do jogo torcedores invadiram seu Instagram, o chamando de macaco e outras coisas. A CBF já se prontificou e mandou uma representação à Fifa em protesto aos atos racistas sofridos pelo jovem zagueiro, da Seleção Brasileira Sub-20. A Confederação Brasileira de Futebol condena qualquer tipo de ação discriminatória no futebol e não irá mais tolerar esses casos no esporte.