Crise financeira no Paraná Clube afeta todos os setores e influencia o rebaixamento para série D

por Ana Rossini
Crise financeira no Paraná Clube afeta todos os setores e influencia o rebaixamento para série D

Clube divulga o fechamento de 2020 com R$21 milhões de déficit e dívida total sobe para R$149 milhões

Por Ana Rossini, Eduardo Albano e Marina Poland

O balanço geral do site oficial do Paraná Clube divulga o fechamento de 2020 com R$21 milhões de déficit, subindo assim a dívida para R$149 milhões. Apenas duas áreas renderam ao time saldo positivo no último ano: cota de TV e patrocínios – totalizando um montante de R$15,2 milhões, porém, as despesas do departamento do futebol ainda ficaram em R$23,7 milhões.

As tentativas de diminuir a dívida passam também pela venda de imóveis que são herança da época em que o Paraná era um clube social, mas ainda assim, segundo os últimos números divulgados pelo próprio clube, a receita gerada com a venda não é suficiente para saldar todos os credores.

A crise que afetou o clube paranaense ao longo dos últimos anos é juntamente traçada nas outras áreas do time. Os resultados ruins afastam a possibilidade de novos patrocinadores – fator que é importante na sustentabilidade de qualquer clube, a adesão de novos sócio-torcedores também é afetada pois apesar do clube ter lançado em junho deste ano novos planos de sócios, a quantidade de adeptos foi quase insignificante. 

Aproveitamento do clube

Após três rebaixamentos em quatro anos, o Paraná Clube está definitivamente na quarta divisão do campeonato brasileiro e vive o pior momento de sua história. Em 30 jogos, o clube foi derrotado 15 vezes devido a falta de planejamento e crise de gestão.

A última derrota fora de casa contra o Novorizontino (0x1), no sábado (18), decretou uma situação que vinha se desenhando há algum tempo. Desde o início da campanha deste ano, o tricolor não conseguiu apresentar bons resultados, brigando sempre na parte de baixo da tabela e, dos 54 pontos possíveis, o Paraná somou apenas 13 – o que representa um aproveitamento de 25,5%.

As projeções que se dão a respeito do futuro são no mínimo preocupantes para o clube. O calendário da série D ainda segue as mesmas datas das outras divisões, de maio até novembro serão 64 clubes divididos em oito grupos com oito times cada, em formato de torneio com jogos de ida e volta, de acordo com o site oficial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o que pelo menos dá ao Paraná Clube um calendário cheio durante o próximo ano. 

Fonte: oGol – Paraná Clube

Em Junho de 2019 o departamento de marketing do Paraná em parceria com a Torcida Organizada Fúria Independente lançaram a marca própria, a Valente, no intuito de resgatar a valorização e a identificação do torcedor. A princípio, segundo números divulgados pela Fúria Independente em nota oficial, o trabalho conjunto rendeu aos cofres do tricolor um montante de R$1,6 milhões em royalties e materiais disponibilizados aos atletas.

Entretanto, essa ação perdeu força em decorrência dos resultados ruins apresentados em campo e a má gestão dos recursos geraram desconfiança por grande parte dos paranistas.

Em entrevista exclusiva, o jornalista esportivo Marcelo Fachinello analisa as possibilidades para o time se reerguer, ele pontua: “A grande saída seria algum empresário paranista fazer aportes ao clube e aos poucos ir retirando isso através de publicidade de suas empresas. Ou então, alguma empresa que venha fazer um aporte para comprar o clube, assumir todas essas dívidas, resolver os problemas passados e iniciar uma nova vida e uma nova fase para o clube.”

Alexandre Jonck, 39, torcedor do Paraná Clube desde criança, comenta: “O sentimento é de tristeza e frustração, mas é aquela velha história, sempre existem bons momentos que nos fazem acreditar que dias melhores virão.”

Preocupados com a definição dos próximos anos, a nova gestão paranista assumiu seus cargos de forma antecipada. O novo presidente Rubão é o quarto no comando do Clube em 2021 e pretende, segundo nota oficial, traçar novos rumos para o Paraná. A instabilidade política é uma realidade muito presente nos arredores da Vila Capanema.