Curitiba é uma das cidades mais perigosas do Brasil

por Helene Mendes da Rocha Loureiro
Curitiba é uma das cidades mais perigosas do Brasil

O município é um dos mais desenvolvidos do país e também é um grande epicentro de denúncias de homicídios e agressões contra o indivíduo. Entre 2020 e 2021 foram registrados 465 casos de homicídio doloso na capital paranaense. 

Por Helene Mendes

A metrópole de Curitiba é conhecida pela sua beleza, clima frio e inúmeras atrações turísticas que atraem muitos curiosos pelo país. Entretanto, é presente um alto índice de homicídios cometidos na região, sendo este um dos principais indicadores de violência. Pelo relatório da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, em 2021 ocorreram o total de 218 vítimas de homicídio doloso, com outubro (27 casos) e fevereiro (22 casos) os meses que mais tiveram denúncias desse tipo de agressão dolosa. 

O estudante de história da UFPR Ralph de Moraes era amigo de uma vítima de homicídio que ocorreu no bairro Fazendinha, perto da região da Vila Estrela. ”Foi encontrado morto próximo ao córrego que atravessa a rua aristides borsato no fazendinha. Baleado, com indícios de execução. Devido ao envolvimento com drogas, Mateus tinha contato com traficantes da área.” Ele explica que a causa do assassinato não é confirmada, mas a suspeita é que foi por conta de quitação de dívidas.

Numa comparação por bairros, os três que mais apresentaram mortes violentas dolosas em 2021 foram a Cidade Industrial (26 homicídios), Tatuquara (23 homicídios) e Parolim (19 homicídios), segundo balanço divulgado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). 

O motivo dessas regiões terem alta concentração de violência é por conta de serem afastadas do centro urbano da cidade, onde não há muito monitoramento do Estado e policiais locais. Bairros com significativos núcleos de favelas também são epicentro de tráfico de drogas e conflitos internos entre a comunidade que se instala no local, tornando a região alarmante e com foco de crime organizados.

O presidente do Sindicato de Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná (SINPOAPAR), Alexandre Guilherme de Lara, observa que Curitiba não pode ser considerada uma cidade segura, pois além de ter crescentes casos de furtos e delitos contra o patrimônio, é perceptível áreas de maior concentração de ocorrências de homicídios dolosos e qualificados. 

”É possível classificar regiões da cidade que são mais perigosas, como é o caso da Cidade Industrial ou Cajuru que tiveram muitos casos de assassinatos, mas deve ser feito uma análise também sobre as circunstâncias. Nem sempre o local com maior número de cadáveres é o local mais violento, pois pode ser um local de desova de corpos. Um exemplo é a região próxima ao Zoológico.”

O crime de homicídio é um dos que mais traz prejuízos à sociedade pelo seu impacto na vida em comunidade. No Brasil, ele aparece no Código Penal (1940), estabelecendo pena de 6 a 20 anos para o homicídio simples, além de diversas qualificadoras, que elevam a pena de 12 a 30 anos de reclusão. Esse delito está alocado no Título I, Dos Crimes Contra a Pessoa, no Capítulo I, dos Crimes Contra a Vida.

O perfil das vítimas não varia muito. Em Curitiba, o padrão é de um homem periférico, pardo e com a idade entre 30 a 35 anos. A causa de morte das vítimas são normalmente por questões de tráficos de drogas, brigas internas e balas perdidas.

O coronel aposentado da Polícia Militar, Marcos Palma, afirma que outro alvo muito comum das vítimas de homicídio no país são as pessoas conhecidas por X9. ”Os famosos delatores ou X9 são indivíduos da comunidade local que fazem acordos com a polícia civil, entregando outros participantes do crime organizado da região. Nesses casos, quando pego, ele acaba pagando com a própria vida.

Segundo o agente funerário da Unidos do Brasil e antigo guarda municipal Antônio Leal, a funerária atendeu uma média de 2 casos de homicídio para 30 casos de óbitos gerais, até o mês de março de 2022. Além disso, há um tratamento diferenciado dos corpos que foram vítimas desse tipo de agressão. ”Existe o tratamento da Tanatopraxia, que é um trabalho de retirada de líquidos do corpo do falecido e troca por líquido para manter a boa aparência. Em alguns casos, é necessário realizar um procedimento de reconstrução da face, quando há lesão no rosto.”

Em 2020, Curitiba foi o município que teve maior volume de requisições de exames de necropsia. De acordo com o relatório estatístico da Polícia Científica do Paraná, foram 1100 demandas feitas pela cidade, além das solicitações de exames de exumação de cadáveres ou complementação de exames de necropsia já realizados (0,2%).

 

Quantitativo de vítimas de mortes violentas de acordo com bairros de Curitiba – Paraná de 

janeiro a dezembro 2020/2021

Fonte: Polícia Civil

Ano 2020
Cidade Industrial Tatuquara Parolin Cajuru
Janeiro 1 1 3 3
Fevereiro 4 3 1 1
Março 6 2 2 4
Abril 1 1 1 4
Maio 1 3 1 3
Junho 2 2 1 0
Julho 3 1 4 1
Agosto 1 1 0 2
Setembro 0 0 1 0
Outubro 6 2 2 1
Novembro 4 0 0 0
Dezembro 3 7 5 1
Total 32 23 21 20

 

Ano 2021
Cidade Industrial Tatuquara Parolin Cajuru
Janeiro 3 3 1 2
Fevereiro 4 1 5 0
Março 3 1 2 0
Abril 2 3 0 1
Maio 1 1 0 4
Junho 0 3 0 2
Julho 0 2 1 1
Agosto 3 3 2 1
Setembro 3 1 1 3
Outubro 2 1 6 1
Novembro 1 2 0 2
Dezembro 4 2 1 0
Total 26 23 19 17

Número de casos de homicídios em Curitiba 2020 e 2021

Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP)

2020 2021
Janeiro 22 21
Fevereiro 27 22
Março 31 12
Abril 19 19
Maio 19 21
Junho 22 17
Julho 18 14
Agosto 13 18
Setembro 11 19
Outubro 24 27
Novembro 13 13
Dezembro 28 15
Total 247 218

 

Municípios que mais demandaram Exames de Necropsia 2020

Fonte: Polícia Científica 

Curitiba 1000 – 1200
Maringá 200 – 400
Guarapuava 200 – 400
Ponta Grossa 0 – 200
Cascavel 0 – 200
São José dos Pinhais 0 – 200
Colombo 0 – 200
Londrina 0 – 200
Paranavaí 0 – 200
Campo Mourão 0 – 200