Fatos Ao Vivo #3: Marion Burger, infectologista da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba

por Beatriz Bleyer
Fatos Ao Vivo #3: Marion Burger, infectologista da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba

Curitiba confirma primeiro caso importado de sarampo. Na imagem a médica infectologista Marion Burger. Foto: Lucilia Guimarães

A doutora respondeu as principais dúvidas sobre a doença e seu agente infeccioso

Por Beatriz Bleyer

A médica infectologista Marion Burger foi a terceira entrevistada da Fatos Ao Vivo, produzida por estudantes de Jornalismo da PUCPR. Coordenadora de uma divisão do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Burger é a principal responsável pelas estratégias de combate ao coronavírus em Curitiba. Ela conta que uma das dificuldades iniciais no controle da doença foi a identificação do novo agente infeccioso, que causava quadros de pneumonia.

Em janeiro de 2020, quando foram publicados diversos trabalhos científicos pela China, local de início da infecção, foi possível a confirmação de um novo vírus. “ A transmissão desse novo vírus foi comunicada para a Organização Mundial de Saúde em janeiro de 2020, e a partir do dia 7 e 10 de janeiro, foi denominado de Coronavírus.” A médica explica que o coronavírus é o agente infeccioso, o vírus, também chamado de Sars-COV-2. A Covid-19 é a doença causada pelo coronavírus. 

Foi necessário um treinamento de todas as áreas da saúde para se prepararem para a nova pandemia. “O Centro de Epidemiologia, sabendo da existência do vírus, preparou todos os setores da Secretaria Municipal de Saúde, tanto relacionados à assistência quanto a gestão”, acrescenta a infectologista. A partir de janeiro, todos os pronto- atendimentos de Curitiba foram orientados sobre como proceder caso houvesse algum paciente com sintomas da doença.  

A alta transmissibilidade é o fator que torna o vírus tão perigoso. Por esse motivo, o isolamento social é de extrema importância, além de cuidados, obrigatórios como o uso de máscaras. A partir dos registros dos primeiros casos, no dia 11 de março, foi recomendado o isolamento social de quem sentisse os sintomas da doença. Sendo no começo de abril o início da transmissão comunitária, necessitando do isolamento social de todos, além do uso de máscaras e de álcool gel 70%.

Marion Burger diz que a pandemia provoca uma mudança permanente na comunidade. “O novo coronavírus veio para ficar, e vamos ter que conviver com essa infecção. Dentro das medidas de segurança.”. Segundo a médica, que se houver uma explosão de casos, qualquer medida de reabertura de lugares públicos deve ser revista.

As autoridades de saúde de Curitiba seguem sem recomendar o uso da hidroxicloroquina. Segundo Burger, o medicamento teve resultado positivo no teste in vitro, ou seja, nas células infectadas, mas não representou melhora quando testado nos pacientes infectados.

A médica infectologista diz que a partir do momento que uma pessoa apresenta sintomas da doença, ela pode transmitir o vírus por até 14 dias. “Já pessoas no quadro grave devem fazer mais uma semana de isolamento, após os 14 dias. A princípio, a pessoa que já foi contaminada não se contamina mais durante um período, mas não se sabe ainda qual é o tempo dessa imunidade.”