Festival Djanho de Curitiba valoriza cinema grotesco e fantástico

por Carolina Senff
Festival Djanho de Curitiba valoriza cinema grotesco e fantástico

Em seis dias de festival foram exibidos títulos de dez estados brasileiros e 15 países diferentes, além do lançamento de um livro com bate papo entre os autores 

Por Carolina Senff | Foto: Carolina Senff e Divulgação Festival Djanho

O festival de cinema curitibano Djanho busca trazer a essência do terror fantástico para os espectadores, valorizando a diversidade da arte e a distribuição cinematográfica. O evento ocorreu na última semana, de 26 de outubro a 1.º de novembro, no Cine Passeio. A mostra contou com filmes nacionais e internacionais, dentre eles curtas-metragens, longas-metragens e filmes universitários.   

Em 2022, o nome do festival foi reformulado e ganhou um novo mascote, uma capivara satânica. O antigo Grotesc-O-Vision passou a se chamar Djanho, trazendo uma essência curitibana para o evento e atraindo um maior público. Criador e curador do Festival e cineasta de terror, Paulo Biscaia Filho, conta que criar um festival com identidade curitibana é parte do seu próprio processo como morador da cidade e como artista. “Sou curitibano da gema, nascido no Alto da XV, criado no Cristo Rei, adolescência no Bigorrilho, fase adulta em Santa Felicidade, um tempinho no Cabral e agora feliz morador do Centro”, diz. “Eu sou bem curitibanão e essa foi uma resposta a mim mesmo ao criar um festival que quer falar com gente como a gente e com o local.”

Agora, em 2023 o Festival aproveitou a temporada de terror próxima ao Halloween para realizar sessões no Cine Passeio e no Coreto do Passeio Público. Ao longo dos seis dias de festival foram exibidos títulos de dez estados brasileiros e 15 países diferentes, além do lançamento de um livro com bate papo entre os autores.  

Filmes do Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Rússia, Súiça, Canadá, França, Noruega, Alemanha e México foram inscritos e selecionados para o festival. Dentre os brasileiros, foram exibidos filmes do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Santa Catarina, Bahia e Espírito Santo. Biscaia Filho diz que o desejo de ver e o amor pelas diferentes manifestações do cinema de terror fantástico e grotesco com suas diferentes interpretações fazem o Djanho acontecer.

Pôster do filme A Life On The Farm

O festival foi aberto com a exibição do documentário A Life On The Farm (2022). O filme britânico de Oscar Harding foi exibido pela primeira vez em Curitiba, e foi a última exibição do longa em festivais. O documentário mostra a história por trás das fitas de VHS perturbadoras do fazendeiro Charles Carson, que expõe uma mistura de humor, horror e uma forte paixão pela arte de filmar. Biscaia diz que a figura de Carson é algo entre um velhinho fofo e um possível serial killer. 

Pôster do filme Verão Fantasma

Outro Longa exibido foi Verão Fantasma (2022) do cineasta mineiro Matheus Marchetti. O horror grotesco é misturado com um musical e romance LGBTQIA+. Em algum lugar na costa brasileira, dois adolescentes se aproximam enquanto investigam o mistério do desaparecimento de uma criança. O filme traz paisagens paradísiacas para compor o tom sombrio da história. 

Pôster do filme Placa Mãe

A animação Placa Mãe (2023) de Igor Bastos, retrata relações familiares e cenários políticos em meio a uma ficção científica brasileira que se passa em Minas Gerais, um dos cenários políticos mais relevantes na história do Brasil.

Novidade da edição de 2023 foi a mostra “Pupilos do Djanho”, que reuniu filmes universitários. Foram selecionados dez curtas-metragens de quatro regiões do Brasil e filmes da Venezuela e Espanha. Filmes da Unespar, UFPR e PUCPR representaram o Paraná no festival.

O diferencial de festivais como o Djanho é o fato de serem festivais organizados por cineastas de terror para cineastas de terror. Outro destaque é a apresentação ao público de títulos novos que se diferenciam dos da grande distribuição. “Através do Djanho, queremos causar ao espectador uma miríade de emoções, uma pletora de satisfações.” 

Supervisor de Operações do Cine Passeio, Gilson Roberto Vancini afirma quma ue sediar esses festivais é importante para valorizar o cinema e organizadores locais. Segundo ele, também é uma forma de valorizar a diversidade, dando a oportunidade de oferecer títulos que estão fora da cultura mainstream. 

A terceira edição do Festival de cinema Djanho está confirmada para 2024 com novidades que serão divulgadas em breve no Instagram e no site do festival. Para acessar o site clique neste link. 

Premiações 

Neste ano, o Djanho teve uma premiação inédita, entregue pelos realizadores e curadores do festival, Paulo Biscaia Filho e Rodolfo Stancki. A premiação foi dividida em três categorias: uma para os Pupilos do Djanho; uma para os Internacionais; e outra para os Brazucas do Djanho. 

Dentre os Pupilos, melhor visual ficou para o filme baiano “Claudio”, de Calebe Lopes. A melhor direção dentre os estudantes foi conquistada pela paranaense Mila de Castro, diretora de Fascínio Láparo. A categoria Efeitos do Djanho ficou para o curta Valentina Versus. O melhor pupilo do djanho foi dado para um filme que fez homenagem a tudo que existe de grotesco e bizarro, o curta paranaense A Criatura. 

Dentre os gringos do Djanho, quem ganhou o melhor visual foi o filme mexicano Aracne. Indonesia conquistou os melhores efeitos visuais e o prêmio de melhor elenco foi para o filme canadense Night Of The Living Bet. O russo Mark Doolin foi o melhor diretor dentre os internacionais com o filme Doors. E o melhor filme foi o britânico Villain. 

Dentre os Brazucas do Djanho, o melhor efeito visual foi do filme Vão Das Almas. O visual do djanho ficou para o filme mineiro Quartzo. A melhor direção entre os Brazucas foi de Ales de Lara, por Manequeim. O melhor filme brasileiro foi de Arapuca, curta paulista dirigido por Joel Caetano. 

Grotesco Mineiro 

João Gilberto falando após receber prêmio no festival

Diretor do curta Quartzo, João Gilberto, ao ganhar o prêmio de melhor visual do Djanho dentre os Brazucas, disse ter ficado feliz com a conquista. Essa foi a primeira vez que ele viu seu filme no cinema. 

O diretor está organizando um novo festival de cinema de horror fantástico em Minas Gerais com o desejo de dar espaço e visibilidade para os filmes do gênero horror fantástico. Gilberto diz que existe uma escassez muito grande desse gênero no Brasil e que é preciso incentivar os criadores desses filmes. 

 

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