Instituições religiosas tentam encontrar maneiras para continuar os encontros em meio à pandemia

por Leonardo Henrique da Silva Costa
Instituições religiosas tentam encontrar maneiras para continuar os encontros em meio à pandemia

População possui opiniões diferentes em meio à situação de quarentena e isolamento social na parte religiosa

Por Helene Mendes e Leonardo Henrique | Foto: Johannes Plenio/Pixabay

As igrejas e instituições de religião foram extremamente afetadas pela pandemia. Com o isolamento social e o fechamento dos locais sagrados comumente utilizados, as instituições continuam suas atividades por meios online para manter a fé.

Lives, chamadas de vídeo e conversas virtuais movem as instituições religiosas nessa situação do coronavírus, sem prazo para terminar. Anteriormente com um posicionamento contrário aos cuidados e pedidos da OMS de fechamento dos locais e isolamento social, as igrejas atualmente adotam outra posição.

Com a decisão de manter os encontros presenciais, algumas instituições religiosas adotaram medidas para evitar o contato físico e aglomerações. “As reuniões continuam, porém com poucas pessoas, no máximo 7, e o uso de álcool em gel e máscaras é contínuo’, afirma Jaíne IIvis, fiel da umbanda e líder de um terreiro local.

O mesmo se aplica para algumas instituições católicas; “Foram proibidos casamentos e batizados, mantendo apenas serviços essenciais com hora marcada. Também houve redução do horário da igreja aberta e não se pode entrar mais de 10 pessoas no local, mesmo a igreja sendo bem grande e arejada”, afirma a fiel católica Patrícia dos Reis.

Na página oficial da Igreja Universal do Reino de Deus foi postado um comunicado a respeito do COVID-19 e quais as medidas serão assumidas: ”Não serão realizados cultos presenciais em todos os templos existentes, mas ainda em cada Igreja estará disponível um Ministro de Culto para dar o apoio espiritual a todos que necessitam, porém sempre respeitando as recomendações de segurança”.

A Arquidiocese de Curitiba publicou, no dia 19 de março, um comunicado oficial com as determinações em relação ao Coronavírus destinado aos padres e fiéis da Igreja Católica. “As celebrações eucarísticas, ou quaisquer outras, bem como eventos religiosos de qualquer ordem, não sejam realizadas nem mesmo para pequenas aglomerações. Com isso se quer proteger melhor a saúde dos padres, dos membros das equipes litúrgicas e da comunidade.’’

Já na instituição evangélica Assembleia de Deus, foi anteriormente estipulado o retorno das atividades para o dia 29 de março, contudo, com o grande aumento do número de casos do vírus, a data se tornou incerta. Na página oficial da igreja são postados os comunicados das mudanças de programações e cuidados que devem ser dotados para a minimização do vírus, assim como são feitas transmissões ao vivo destinadas aos fiéis.

Mesmo com as missas e atividades suspensas, grande parte das igrejas recomenda que seus fiéis continuem suas orações e cultos em casa, principalmente nesse momento delicado, é de grande importância a persistência de suas respectivas crenças.

O atual arcebispo metropolitano de Curitiba Dom José Antônio Peruzzo segue em apoio às medidas propostas pelo OMS: ‘‘Hoje é o tal do COVID-19 que está a pôr a humanidade de joelhos. A responsabilidade é de todos e permanecer juntos por mais tempo sem oportunidades para saídas, passeios e eventos festivos exige as melhores disposições à paciência e à tolerância face às fragilidades daqueles que amamos”, diz o arcebispo no site da Arquidiocese. Peruzzo também acrescenta que ‘‘para o vírus, é preciso confiar que a ciência e os cientistas façam a sua parte’’.

Cenário político

O posicionamento a favor da quarentena não é o mesmo para todas as igrejas; no início das medidas de isolamento, várias instituições e seus líderes se posicionaram contra as medidas de isolamento, apoiando o discurso do presidente Jair Bolsonaro. Algumas igrejas continuaram a realizar seus programas normalmente, criando aglomerações e indo contra as ordens de segurança instruídas pelo Ministério da Saúde.

O pastor evangélico Silas Malafaia afirmou abertamente em vídeo que continuaria normalmente seus cultos, sua posição foi extremamente criticada e teve suas atividades proibidas pelo desembargador Agostinho Teixeira, do Tribunal da Justiça do Rio de Janeiro.

O desembargador afirmou; “Não se está a discutir neste processo se a fé é essencial a existência humana nem se os templos prestam serviços imprescindíveis. O que se debate é a possibilidade de uma limitação temporária de parte desses serviços”.

Um assessor parlamentar do Ministério da Saúde, que preferiu por não se identificar, falou sobre os posicionamentos da própria OMS; “O Brasil sendo estado laico, permite o exercício e a liberdade religiosas, porem houve instrução desde o início da epidemia no Brasil para que aglomerações fossem evitadas. Desta forma, o posicionamento da OMS é claro com relação a qualquer evento onde haja número expressivo de pessoas, inclusive as igrejas e ordens religiosas: evitar aglomerações.’’

É importante relembrar que, segundo dados das secretarias Estaduais de Saúde, os casos confirmados de coronavírus no Brasil ultrapassam 203 mil cidadãos e já levou quase 14 mil pessoas a óbito. Deve-se seguir as instruções de especialistas da saúde para evitar que essas taxas aumentem exponencialmente todos os dias.