O colecionador de desafios

por Carolina de Andrade
O colecionador de desafios

#Perfil

Por Carolina de Andrade

Em 1999, apenas quatro anos depois de vir ao mundo, um menino vestia seu Dobok – nome coreano dado a típica vestimenta da arte marcial Taekwondo – e de forma desajeitada, já que a roupa era muito maior que seu corpo, dava seus primeiros passos no tatame, sem imaginar o que aquilo representaria mais tarde na sua vida.  

Collessel exibe o título de campeão mundial

Inspirado pelos filmes de luta da década de 90, o curitibano Nychollas Collesel, de 24 anos, tem muito para contar, já que passava a maior parte da sua infância na academia de luta, local que se tornou sua segunda casa. 

Das três horas da tarde às nove da noite. Era assim todos os dias depois que voltava da escola e ia direto para o treino.  Aos 14, de tanto frequentar e participar das atividade da academia, Collesel começou a trabalhar, sendo desde assistente de aulas, até panfleteiro e atendente de telefone. Em meio a rotina apertada, ainda encontrava um espaço para se divertir. Seu passatempo preferido era jogar futebol e videogame.

 

O primeiro grande desafio do rapaz foi aos sete anos de idade, momento em que colocou a prova toda a preparação que realizava desde os quatro anos, no seu exame de faixa-preta. O conteúdo a ser apresentado para os juízes era o mesmo que o dos adultos, e mesmo com pouca idade, sabia o que deveria ser feito. Assim, em 2002, Collesel se tornou o mais novo faixa-preta de Taekwondo da América do Sul, na federação em que ainda treina.

A competição também veio de forma natural, quando pequeno começou a participar dos primeiros campeonatos. O peso de competir e de ser faixa-preta desde muito cedo é sentido principalmente na forma fisíca. Tendinite na lombar, rompimento do ligamento colateral de um joelho, e parcial dos dois foram algumas das consequências dos treinos intensos, e que geram eventuais dores. “Costela foi a única coisa que quebrei” afirma ele.

O atual faixa-preta 4º dan, dá aulas por paixão, mas também porque as competições não trazem nenhum tipo de retorno financeiro. Desde 2016 ele tem a certificação de professor, título que na federação é conquistado através de exames e pré-requisitos.

Seu tempo se divide entre dar aulas para crianças, adolescentes e adultos, e treinar para os campeonatos. “Minha experiência é uma coisa que eu posso passar para as outras pessoas, e isso me deixa muito feliz” comenta Collesel.

Com tantas horas dedicadas ao treino, o jovem começou a se destacar no mundo da competição. Atualmente coleciona 12 títulos nacionais, 8 títulos pan-americanos e 5 mundiais, sem contar as colocações de 2º e 3º lugar. São muitas as fotos com medalhas no pescoço que a mãe do rapaz guarda, e tem orgulho de postar nas redes sociais, demonstrando o apoio que sempre deu ao filho. Dificilmente perde a oportunidade de assistir a um torneio.  

Em 2013, foi convidado a integrar a Seleção Brasileira de Taekwondo, time que em 2015 ganhou o título de campeão do mundo e que permanece até hoje. Na sua federação, quando um atleta vence algum título, tem o direito de bordar em forma de escrita nas costas, ou em patches. O uniforme (dobok) do atleta exibe muitos deles. 

Pelos pais dos alunos e alunos, ele é conhecido por ser uma pessoa muito paciente e tranquila. Nunca ninguém o viu irritado e muito menos agitado. O descrevem com muito carinho e boas memórias. Nas competições, quando chega a hora dele competir, seus conhecidos se aproximam, não só para torcer, mas também para contemplar as técnicas adquiridas pelos anos de prática.

Nychollas Collesel, apesar de campeão mundial na modalidade aberta, é bastante reservado em sua história se você não perguntar, provavelmente ele não contará a sua história.  Hoje, o atleta almeja conquistar o título do melhor do mundo na categoria fechada, ou seja, apenas entre os 10 melhores do mundo. Buscando o título, está nos Estados Unidos, representando o Brasil e a sua cidade natal, Curitiba. 

O colecionador de desafios inspira muitas pessoas, inclusive sua própria família. Sobrinhas do atleta, Giovanna, de 9 anos, e Laura, de 5 anos, seguem os mesmos passos que o tio. 

Fotos cedidas pelo atleta

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Collesel representa Curitiba por todo o globo