Operário conquista série C e simboliza “acesso relâmpago” de clubes no Brasil

por Laís da Rosa
Operário conquista série C e simboliza “acesso relâmpago” de clubes no Brasil

Foto: Danilo Schleder

Enquanto o bom planejamento realça times como o Operário, a falta de recursos cria um cenário preocupante para clubes que caem rapidamente

Por Anna Padilha, Laís da Rosa, Marco Antonio Costa

O Operário Ferroviário é campeão brasileiro da série C, venceu o Cuiabá por 1 a 0 no último sábado (22) na Arena Pantanal (Cuiabá-MT) e contou com mais de 41 mil pessoas, recorde de público do estádio. A campanha da principal equipe de Ponta Grossa faz parte dos exemplos de times que subiram rapidamente de divisão no campeonato brasileiro, além de chamar a atenção daqueles que, por outro lado, caíram.

A boa campanha do time empolga torcedores do clube, que até a metade do ano de 2016 não possuía divisão para disputar o campeonato brasileiro. Botafogo-SP, Cuiabá e Bragantino (clubes que subiram com o Operário para a série B 2019) também estavam no grupo B da competição.

A trajetória do Operário ao subir de divisão rapidamente traz à tona exemplos de times que subiram, ou fizeram o caminho reverso, e despencaram. O CSA, de Alagoas, que atualmente ocupa a segunda colocação da Série B, estava sem divisão para disputar o brasileiro em 2015. Por outro lado, a atual fase do Joinville exemplifica negativamente: o time que em 2015 disputava a Série A, este ano caiu para a última divisão, a série D.

Para a jornalista esportiva Juliana Fontes, da Tribuna do Paraná, as quedas de divisão acontecem pela falta de um planejamento financeiro: “Com a verba limitada é praticamente impossível jogar em “igualdade” com os grandes da Série A. Vide exemplo do Paraná Clube, que está fadado ao rebaixamento este ano. O Joinville não conseguiu se manter na Série A por ter um elenco mais barato e, consequentemente, mais limitado. Porém, quando voltou à segundona, se deparou com verbas menores das que contava na Série A”.

A jornalista ainda afirma que, pela falta de apoio e o insucesso contínuo, os times estão ameaçados: “Manter a estrutura de um clube de futebol exige dinheiro, então esses clubes podem acabar a qualquer momento por não terem como se manter.”

Times brasileiros com subidas e descidas de divisão mais rápidas no Campeonato Brasileiro

O acesso do Operário

Para o torcedor Edson Kruger, o início da boa fase do Operário tem início em 2015, quando o time conquistou o campeonato paranaense, ganhando o apoio e empolgação da torcida para as próximas temporadas, embora tenha caído para a série B do estadual no ano seguinte: “Os jogadores foram fundamentais, entenderam as propostas, houve uma comissão que visava o time e os torcedores, não eram apenas empregados”.

Desempenho do Operário e demais classificados ao longo dos 18 jogos do Grupo da fase de grupos da Série C

 

O apoio ao clube aconteceu em massa em Ponta Grossa. A torcida Trem Fantasma saiu às ruas para comemorar o acesso do time à Série B. “Durante a semana prepararam invasão no treino de sábado”, contou o torcedor Juliano Vaz.


Festa da Torcida do Operário em Ponta Grossa após o acesso. Vídeo: Juliano Vaz

A jornalista Juliana Fontes confirma o pensamento do torcedor Edson, reforçando que a boa fase foi iniciada em 2015, quando venceu o Campeonato Paranaense pela primeira vez em cem anos: “Na ocasião, bateu o Coritiba na final e eliminou o Paraná Clube nas quartas de final. Depois disso, o time acabou sendo rebaixado no Estadual no ano seguinte, mas em minha opinião aquele título fez com que internamente a equipe pudesse entender que poderia ter forças para “bater de frente” com times maiores”.

Ela relata também que considera ponto principal para a boa campanha do time, a ação do clube em manter o Técnico Gerson Gusmão no comando da equipe: “Acredito que o fato de o técnico estar a tanto tempo no comando, 2 anos e 4 meses, faz muita diferença. A forma de gestão do clube, que prioriza os salários em dia também é um diferencial, já que em clubes menores os salários são, também, bem abaixo dos times da elite”.

Sobre a expectativa para 2019 do time paranaense, Juliana comenta: “Acho que pode fazer uma campanha regular na Série B, acho difícil brigar pelo acesso, já que se obrigará a contratar algumas peças e, com isso, a característica do time de ter o elenco entrosado (que já joga junto há um tempo) pode começar a se desfazer. A Série B conta com algumas equipes de elite e terá times que estão acostumados com a Série A. Será um campeonato difícil, porém acho que tem condições de se manter na segundona”.