Pandemia prejudica preparação de times paranaenses para Série D

por Emily Carravieri Peixoto Redis
Pandemia prejudica preparação de times paranaenses para Série D

Três times do interior do Paraná, FC Cascavel, Toledo e Nacional, disputarão em setembro o Brasileirão Série D, a quarta divisão do campeonato brasileiro de futebol

Por Emily Redis, Enzo Bacarin e Gabriel Américo | Foto: Felipe Fachini/Futebol Clube Cascavel

FC Cascavel, Toledo e Nacional, os times paranaenses que vão disputar a Série D do Campeonato Brasileiro 2020, têm a preparação prejudicada pela pandemia da Covid-19. A dificuldade financeira é o maior impacto causado, como falta de renda (jogos serão sem público), patrocinadores ameaçando rompimento e salários sendo pagos mesmo com a pausa do futebol. Essa pausa fez o planejamento de cada clube mudar.

O Campeonato Brasileiro ganhou datas diferentes do costume, incluindo a Série D, que este ano, inicia em setembro e tem a grande final programada para fevereiro do ano que vem. Algo novo para times como os paranaenses, os quais costumam ter seu calendário anual de jogos terminado em abril, quando o campeonato estadual chega ao fim, ou em dezembro, quando a Série A acaba.

O presidente do Nacional Atlético Clube, José Danilson, comenta sobre a situação de jogar em meio a uma pandemia: “Temos que enfrentar o problema, não podemos desanimar e parar tudo”, acrescentando que o cuidado é fundamental: “Prevenção em primeiro lugar.”

A equipe de Rolândia conseguiu a vaga nacional ao conquistar a Taça FPF em 2019, diferente das outras duas, que conseguiram via Campeonato Paranaense. O clube vai a campo pela primeira vez no ano, já que disputa a 2ª Divisão do paranaense deste ano, competição que ainda não teve seu início. 

José Danilson prevê ainda como será os jogos na atual circunstância. “É uma situação diferente. Muito difícil, acredito que vai ser uma competição fora dos padrões do futebol brasileiro, todos nós devemos nos adequar a essa nova maneira de fazer futebol”, diz o presidente.

A classificação para a Série D assegurou ao Nacional um auxílio de R$120 mil da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o que possibilitou à diretoria manter grande parte do elenco e a comissão técnica. Mesmo assim, alguns jogadores receberam redução salarial.

O Futebol Clube Cascavel se classificou no ano passado e disputa o torneio pela primeira vez, assim como o Nacional, que não participava de uma competição a nível nacional desde 2004, há 16 anos. O Toledo Esporte Clube também é um estreante no torneio, apesar de já ter disputado a Série C em 2008, quando só havia três divisões nacionais.

O FC Cascavel é o único dos três que já voltou a campo após a parada em março. Isso porque o time estava nas finais do campeonato paranaense, que retomou suas atividades em julho. Rudinei Guimarães, ex-futebolista e atual diretor de futebol da equipe de Cascavel, afirma que a pandemia afetou a torcida e patrocinadores.

Clubes sentem falta de renda com bilheteria

“Nós tínhamos uma renda e acabamos sendo prejudicados. Os patrocinadores de início deram uma retraída, mas já se mostraram favoráveis a continuar pagando.” Ele falou sobre a necessidade da volta à normalidade e sobre o jogo contra o Athletico na semifinal, que levaria muitos torcedores ao estádio. O estádio da Serpente Aurinegra tem a melhor média de público entre os clubes de fora de Curitiba, foram cerca de 10 mil pagantes contra o próprio Athletico em fevereiro.

“Precisamos que volte rápido o público, nós temos um bom número de torcedor que vai ao estádio, estávamos com uma média de 5500 pessoas por jogo. E é uma pena, pois se não tivesse parado, nessas finais nós teríamos colocado contra o Athletico, 20, 25 mil pessoas”, diz Rudinei.

A Serpente Aurinegra pediu aprovação da CBF para ter torcida em seus jogos, algo que ainda nenhum clube conseguiu. O pedido é com base em um Decreto Municipal que liberou os jogos na cidade, sem restringir o público. “Por mais que a gente tenha a liberação de público no decreto do município, precisamos da liberação do organizador do campeonato”, disse o presidente Valdinei Silva ao jornal O Paraná.

O Toledo apresentou nesta semana o elenco para a série D, frisando que usará vários jovens atletas de suas categorias de base. O clube também anunciou parcerias com empresários, que viabilizaram a chegada de novos jogadores.

O time do oeste paranaense será treinado pelo técnico Davi Lima, que iria comandar o Batel, de Guarapuava, na 2ª Divisão do Campeonato Paranaense, ele até dirigiu a equipe guarapuavana em amistosos e treinos. Davi chegou ao Toledo ainda este mês e terá pouco tempo para trabalhar na preparação do time.

                                      Foto: Carlos Chiossi/Divulgação (Facebook)

 

Conheça a tabela e o regulamento da Série D

Os três paranaenses iniciam a competição, já na fase de grupos, no dia 19 de setembro, e não demorarão a se enfrentar, já que estão no mesmo Grupo 7, junto a times de São Paulo (Mirassol e Ferroviária) e Rio de Janeiro (Bangu, Cabofriense e Portuguesa).

Como já mencionado, devido às dificuldades causadas pela pandemia do coronavírus, o calendário da série D teve de ser remodelado para que os times possam cumprir os compromissos.

O campeonato terá uma fase preliminar com oito clubes, de 6 a 13 de setembro, os quatros classificados se juntam à fase de grupos, que contará com 8 grupos de 8 equipes, totalizando 64. Pouco menos que os 68 dos últimos anos. Os quatro melhores de cada grupo se enfrentam no sistema mata-mata até conhecermos o campeão e os quatro que subirão à Série C.

Isso porque três clubes conseguiram, junto à CBF, desistência da competição sem punição, e outros emitiram um pedido de ajuda para a organização buscando apoio financeiro já que vários deles enfrentam graves problemas em relação a pagamentos, agora agravados pela pandemia.