Paraná deve regular uso da água para enfrentar a pior estiagem desde 1997

por Beatriz Bleyer
Paraná deve regular uso da água para enfrentar a pior estiagem desde 1997

Barragem do Iraí - Construída entre os Municípios de Pinhais e Piraquara, Paraná, a barragem do Rio Iraí destina-se ao abastecimento de água da região metropolitana de Curitiba. 07/04/2020 - Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A escassez de chuvas já dura 12 meses e a previsão é de que a seca no estado se estenda até setembro

Por Beatriz Bleyer | Foto: Geraldo Bubniak/AEN

O Paraná vive a pior estiagem desde que o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) começou a monitorar as condições do tempo, em 1997. O baixo índice de chuvas já dura doze meses, e as previsões são de que a estiagem no Estado se estenda até setembro. Na região de Curitiba, o abastecimento de água vem sendo feito por sistema de rodízio.

Diante do atual cenário de escassez de chuvas, o governo do Estado decretou, na última semana, estado de emergência hídrica pelo período de 180 dias. O Ministério Público do Paraná expediu, na sexta-feira passada (8), recomendações administrativas dirigidas aos órgãos estaduais responsáveis pela gestão dos recursos hídricos. O objetivo é garantir a adoção de medidas que assegurem o abastecimento de água em todos os municípios do Paraná.

O decreto previu a criação de um grupo de trabalho interinstitucional, com profissionais do Instituto Água e Terra, da Sanepar e das federações das Indústrias, a Fiep, e da Agricultura, a Faep, para elaborar uma  proposta de regulamentação de critérios para o uso e reuso racional da água. A instituição do grupo foi publicada no Diário Oficial do Estado em 28 de abril.

De acordo com a diretora de Políticas Ambientais da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná, e uma das integrantes do grupo, Fabiana Campos, o intuito é garantir medidas para evitar o desperdício. Segundo ela, o rodízio foi uma das providências adotadas para que não falte água por completo em alguma região. “O decreto autorizou rodízios no Estado por 180 dias, mas enquanto estivermos no processo de crise hídrica, o rodízio será mantido”, afirma.

De acordo com informações da Sanepar, o Paraná tem aproximadamente 200 bacias de mananciais. Os efeitos da estiagem variam de acordo com o perfil e as condições de cada bacia, influenciadas por outros fatores além da chuva, tais como evapotranspiração, volume e concentração temporal de precipitação, matriz, uso e conservação do solo. Estão sendo afetadas tanto as grandes bacias, que geram energia elétrica, quanto as pequenas, nas quais é feita a captação de água para abastecimento público.

A diminuição da quantidade de água nos mananciais e reservatórios de abastecimento tem colocado em risco o fornecimento em algumas cidades da Grande Curitiba. “Na região metropolitana de Curitiba a captação de água nos mananciais está com 60% apenas de capacidade, e diminuindo”, afirma Fabiana Campos. Um exemplo é a Represa do Iraí – responsável pelo abastecimento da maioria dos municípios da Grande Curitiba –, que opera com menos de 40% do volume normal.