Paratletas de Curitiba se destacam nas Paraolimpíadas de Tóquio

por Mariana Bridi
Paratletas de Curitiba se destacam nas Paraolimpíadas de Tóquio

Representantes da cidade tiveram bons resultados em modalidades como natação e futebol de 5

Por Amanda Nery, Annelise Mariano, Enrique Ceni, Giovana Catapan, Igor Barrankievcz, Mariana Bridi e Vinicius Setta | Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

Os atletas curitibanos Eric Tobera, da natação; e Cássio, Gledson e Jefinho, do futebol, foram os representantes da cidade que ganharam medalhas (bronze e ouro, respectivamente) nos Jogos Paralímpicos de 2020, em Tóquio.

Eric começou a carreira no esporte por motivos fisioterapêuticos e continuou por paixão: “Eu não escolhi a natação; a natação que me escolheu”, afirma o nadador, com emoção. Até 2019, o medalhista fazia os treinos nas piscinas da PUCPR; atualmente, treina na piscina olímpica do Santa Mônica Clube de Campo, que fica na região metropolitana de Curitiba.

Devido às incertezas e logísticas afetadas durante a pandemia, os treinos foram comprometidos. Antes que o Clube pudesse voltar às atividades normalmente, o atleta teve de treinar na chácara do próprio técnico, Rui Menslin. Segundo Eric, a jornada até Tóquio exigiu muito esforço.

Canoagem

Outro destaque curitibano na Paraolimpíada foi a Adriana, conhecida como Drica, da canoagem. Ela ressalta a melhora ano após ano da estrutura e incentivo do esporte Paralímpico em Curitiba. A canoísta comentou sobre a importância de manter estruturas acessíveis para a prática dos esportes para que o público com deficiência também tenha oportunidade da prática. Para ela, o esporte é uma importante ferramenta de resgate, autoestima, inclusão; e toda a população deveria ter acesso.

Durante a pandemia, a preparação de Drica para as Paraolimpíadas não parou. “Por muitas vezes, fui remar em represas ou lagos privativos de sítios de conhecidos. Treinei em casa no Ergômetro, montamos uma academia básica de musculação em casa. Tivemos de dar esse passo e nos planejar, porque tínhamos um objetivo a cumprir, um sonho pra realizar. Eu não podia dar desculpas. Tinha que ter disciplina e foco.”.

Triathlon

O atleta de triathlon Ronan Cordeiro teve destaque após conquistar o 5º lugar em Tóquio. O triatleta diz sobre sua carreira: ”Sou incentivado financeiramente desde os 15 anos. Acredito que há bastantes oportunidades de iniciar o esporte, claro que não como os outros países, porém a força de vontade do brasileiro ajuda bastante.” O atleta também valoriza a Ebanx, que o patrocina. A empresa paranaense também incentiva diversos atletas de alto rendimento, como o skatista de 12 anos Gui Khury.

“Curitiba tem se destacado há longa data, desde 2001″, diz Leonardo Sumida, treinador de Ronan. Um dos motivos que contribuiu para o destaque da capital paranaense foi a Lei de Incentivo ao Esporte, projeto que converte o IPTU que está em atraso de Clubes e Associações em Bolsas para os atletas. O dinheiro recebido ajuda a financiar viagens, consultas médicas, equipamentos esportivos, entre outras necessidades do atleta. Além de custear verbas para atletas, outros projetos também colaboram para o incentivo ao esporte, como a construção de piscinas pela cidade para captar possíveis futuros grandes atletas.

Futebol de cinco

Já para os jogadores de futebol de cinco Cássio, Gledson e Jefinho, a medalha de ouro foi conquistada no dia 4 de setembro. Os três campeões paralímpicos são provenientes do Maestro da Bola – projeto de uma instituição sem fins lucrativos que visa a inclusão social.

Os atletas do projeto Maestro da Bola representam o atual campeão do Campeonato Brasileiro da Série B de Fut 5. A coordenadora Renata Pozzi explica a importância do time para a cidade: “Nós começamos com o objetivo de resgatar a modalidade no nosso município, fazia 8 anos que não se tinha uma equipe de alto rendimento”. Os treinamentos ocorrem na Praça Oswaldo Cruz e no Parque Peladeira, uma estrutura cedida pelo município.

Vôlei sentado

Uma modalidade também promissora na cidade é o Vôlei Sentado. Através do convênio com o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), o Círculo Militar do Paraná vem incentivando o engajamento no esporte, criando uma equipe de iniciação esportiva paraolímpica voltada para o rendimento individual.

O professor Marcelo Francisco de Oliveira, formado em educação física, trabalha há 12 anos com esta modalidade. Já treinou atletas paralímpicos, que representaram o Brasil. Para ele, a modalidade possibilita uma nova perspectiva para o paratleta, proporcionando a retomada da autoestima e a inclusão na sociedade: “O vôlei sentado tira o deficiente físico de dentro de suas casas, que muitas vezes estão lá sem fazer nenhuma atividade, com algum problema de relacionamento ou em depressão por causa da amputação; e insere-os no esporte. Isso é importante porque ele convive com outros deficientes, o que ajuda ele a recuperar a autoestima.”.