Paratletas encontram desafios muito além do esporte

por Fatos
Paratletas encontram desafios muito além do esporte

Através do esporte deficientes físicos buscam a inserção na sociedade, mas encontram dificuldades de incentivo

Por Andressa Carvalho

Curitiba atualmente conta com grupos de pessoas com deficiência física que praticam algum tipo de esporte e participam de jogos paradesportivos.  A cidade já é heptacampeã do Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná (PARAJAPS). Apesar das conquistas, os paratletas sofrem com a falta de incentivo.

Para o paratleta de esgrima Clodoaldo Zafatoski, o incentivo hoje em dia está estável, dado que antes os paratletas arcavam com todas as despesas, e hoje já é mais incentivado na questão de recursos. Já sobre a inserção, ele acredita que é de total importância para o atleta deficiente, pois acaba  conhecendo pessoas da mesma realidade que ele dentro do esporte e assim começa sua reabilitação pessoal e física.

Segundo o coordenador de projetos da Associação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), Fabio Ingenito, a falta de incentivo que o esporte paralímpico sofre está relacionada ao fato das pessoas ou patrocinadores não acreditarem nesses projetos de pessoas com deficiência física, pois não traz visibilidade ou interesse público.

O árbitro internacional de bocha Marcelo Nunes relata que para haver mais incentivo no esporte paraolímpico seria necessário existir leis mais flexíveis para captar recursos financeiros para as adaptações e ter mais recursos para a prática, locomoção até os treinos, alimentação, entre outros incentivos. “Se houvesse a captação de recursos, hoje o esporte paraolímpico estaria sendo muito mais divulgado e estaria num nível muito mais avançado de incentivo para outros atletas”.

O paratleta de beach tennis, Marcus Vinícius, afirma que no começo foi muito difícil sua adaptação ao esporte, mas não deixou se abalar e arranjou um jeito de praticar tênis apenas com uma mão e acabou se adaptando ao esporte que joga até hoje, mas não de forma profissional e diz que têm o objetivo de usar o esporte para incentivar todo o tipo de pessoa que acredita não ser capaz de praticar um esporte pela limitação física. “Não existe limitação física, apenas mental”.

O coordenador de esporte da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ), Maurício Brocca, afirma que hoje a Prefeitura já promove nos Jogos Escolares de Curitiba, atividades para alunos com necessidades especiais para ajudar em sua inserção. Neste mês foi realizada a primeira Copa Down em Curitiba, que foi um projeto piloto dentro dos Jogos Escolares e também a Prefeitura promove a Copa Paradesportiva que envolve jogos de basquete em cadeira de rodas, bocha paralímpica e natação paralímpica.

Segundo a médica esportiva Flávia Manoel, é altamente benéfico os deficientes físicos serem inseridos no ambiente esportivo, pois melhora as questões tanto físicas, psicológicas e emocionais. E além de tudo eles precisam contar com uma equipe multidisciplinar (médico esportivo, fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista) para fazer todo o processo, como saber as limitações do paratleta e o que ele desejar praticar. “A equipe multidisciplinar direciona o atleta deficiente físico para o esporte melhor se adaptar a ele nas suas limitações e a equipe também procura respeitar o desejo do atleta em qual esporte ele quer praticar, mais sempre cuidando da parte física”.

A lei nº 11.438/06 de incentivo ao esporte permite que pessoas jurídicas e pessoas físicas doem recursos que serão revertidos às associações de acordo com os projetos apresentados. Segundo o gerente de incentivo ao esporte da SMELJ, Eloir Machado de Castro a lei de incentivo é um dos canais de entrada para o atleta já de rendimento, para o atleta que já tem uma carreira esportiva e está buscando melhorá-la.

 

Primeira Copa Down em Curitiba – Fotos por Andressa Carvalho