Trabalhadores de casas noturnas buscam alternativas na pandemia

por Stephanie Friesen
Trabalhadores de casas noturnas buscam alternativas na pandemia

Sem previsão de retorno, casas noturnas da cidade são as mais afetadas do setor, junto com seus trabalhadores

Por Gabrielly Dering, Sarah Guilhermo e Stephanie Friesen

Com o fechamento das casas noturnas de Curitiba devido à pandemia de coronavírus, os trabalhadores que antes dependiam desses estabelecimentos estão sem fonte de renda. A suspensão das atividades de baladas e bares está afetando o mercado, a renda de empresários e de quem atuava na área. A incerteza e a busca por outros meios de sobrevivência permeia o setor atualmente.

No Paraná, existem aproximadamente 14 mil estabelecimentos do setor de gastronomia e entretenimento. Segundo Fábio Aguayo, Presidente do Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba (SindiAbrabar), nem metade reabriu as portas e voltou à atividade ainda. “Muitos estão sem capital de giro, estão sem funcionários devido aos contratos suspensos; já outros estão renegociando os aluguéis ou fechando de vez”.

Shed Bar vazio

Não há previsão de retorno às atividades para as casas noturnas da cidade | Foto: Shed Bar

O impacto da pandemia não é só econômico, relembra o economista Daniel Poit. “A economia só existe porque há pessoas por trás, e essas estão verdadeiramente sofrendo com a pandemia”. Segundo Aguayo, 50% dos estabelecimentos ainda não voltaram à ativa. “As pessoas do nosso setor estão tentando se virar como podem. Já perdemos mais de 20 mil funcionários no estado. Nossa estimativa é que esse número chegue a 50 mil logo. A medida em que avançam os números do Covid-19, avança também o número de empresas falindo e aumenta a perda de empregos”.

Impacto econômico para os trabalhadores

Os autônomos que trabalham nesse setor estão incertos sobre o futuro. Apesar de terem campanhas para tentar ajudar os funcionários, as arrecadações não chegam a todos. “O auxílio emergencial está me ajudando no momento, mas estou considerando outra forma de trabalho para me ajudar a sobreviver”, conta o DJ Jo Ferreira (nome artístico). Alguns profissionais partiram para outros empregos: “Meus colegas estão se reinventando, vendendo comida, fazendo máscara e essas coisas”, diz DJ Nabru (nome artístico).

O psicológico desses trabalhadores também está sendo afetado. “Nós temos muito contato com as pessoas e agora estamos isolados, sem a atividade que antes ocupada os fins de semana. Hoje estou um pouco mais tranquila, mas no começo foi bem difícil” relata Nabru. Já para Jo Ferreira, é difícil pensar nas consequências da crise da pandemia. “Não quero criar expectativas de como será”.

A perspectiva de volta para o trabalho, por enquanto, é nula. “Espero que tudo volte ao normal de uma forma que seja confortável para eu trabalhar e também para o público. Imagina uma pista de dança em que todo mundo tem que usar máscara”.

Balada cheia

Trabalhadores estão buscando outras formas de conseguir renda enquanto não podem voltar a atuar | Foto: Valeska Teixeira

Movimento Salve a Graxa

A família Camisa Preta é um grupo que existe há alguns anos que reúne todos que trabalham em casas de show, trazendos cursos para aperfeiçoar profissionais da área técnica. Diante da pandemia, eles foram os primeiros a parar por conta dos shows. “[Cerca de] 80% do pessoal que trabalha na área do show é freelancer, nós resolvemos fazer o movimento Salve a Graxa”, conta o representante do grupo, Lauro Oliveira. Esse movimento é uma campanha para arrecadar cesta básica, produtos de higiene e uma vakinha online para vale-gás com o intuito de ajudar os profissionais que estão sem salário.

“Uma minoria dos técnicos estão participando das lives do Salve a Graxa e estão trabalhando, mas são poucas pessoas”, conta Lauro. Alguns dos profissionais do grupo desistiram do ramo e partiram para outros empregos, como maridos de aluguel, transportes de mercadoria e uber, entre outros.