Abertura de Starbucks em Curitiba impacta movimento em cafeterias locais

por Janaína Torres Furtado
Abertura de Starbucks em Curitiba impacta movimento em cafeterias locais

 

Cafeteria reconhecida no mundo inteiro chega à capital do Paraná, e competidores sentem repercussão nos primeiros dias de abertura.

Por: Gabriela Alves, Janaína Furtado, Laura Siqueira e Pietra Gabiatti

Com duas unidades da Starbucks abertas em Curitiba, a primeira (20/10) localizada no Shopping Mueller, já a segunda (01), está no shopping Palladium. O atendimento de ambas as unidades é o chamado de “Take away”, no qual o cliente realiza o pedido e paga sem a interferência de atendentes, fazendo sua escolha pelo cardápio via QR Code ou nos painéis disponibilizados na unidade. 

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Axxus Institute realizaram uma pesquisa onde mostra que o café ganhou mais espaço nas casas de consumidores brasileiros no último ano. O resultado da pesquisa afirma que, com o isolamento social e a permanência em casa por mais tempo, o desejo pela bebida aumentou. 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), o consumo de café solúvel no Brasil continua a crescer, e apresentou avanço de 3,7% no acumulado de janeiro a agosto de 2021. Nesse período, os brasileiros consumiram o equivalente a 669.797 sacas de 60 kg, acima das 645.794 sacas registradas nos oito primeiros meses do ano passado. 

Cafeterias sofrem impacto nas vendas

A caixa balconista no Café da Esquina localizado no Shopping Palladium, Judite Serra, relatou que:

“Sim, percebemos uma diferença muito grande nos 3 primeiros dias do lançamento do Starbucks. Nosso movimento diminuiu bastante. Mesmo com pouco movimento e a fila do Starbucks grande, as pessoas continuam a preferir esperar do que ir a outros cafés. Não mudamos nada em nosso estabelecimento. Continuamos atendendo do mesmo jeito de sempre. Vamos esperar para ver o que vai ser do competidor e sempre temos nossa clientela fiel que compra regularmente.”

Coffee To Go, cafeteria em frente ao Shopping Palladium, sentiu uma diferença de 20% em sua clientela após abertura da Starbucks. Gabriel de Oliveira, barista, comenta que “Com uma loja nova, certamente o movimento dela cresce bastante. Semana passada o movimento foi muito menor, mas hoje, (09), parece estar normalizando. Nós já trabalhamos com redes sociais, então temos mantido nossa presença para ganhar mais publicidade e agora temos desconto no café para quem trabalha na região.”

Vilson Dussin, proprietário do Dark Sugar no Shopping Mueller, teve uma experiência diferente com a chegada da Starbucks em relação às outras cafeterias. Ele comenta que “Aumentou o tráfego do shopping e consequentemente aumentou o nosso movimento também. Porque assim, muitas pessoas que não entravam no shopping, começaram a frequentar atrás do Starbucks, e, assim, conheceram estabelecimentos novos, coisas que não conheciam antes, que não imaginavam que tinham lá dentro. Então, para o Dark Sugar foi positiva a abertura do Starbucks.”

O professor do curso de Publicidade e propaganda da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), Karlan Muniz, especialista em marketing e comportamento do consumidor, comentou que:

“A Starbucks acabou se tornando um ícone em termos de cafeteria, tem uma força de um McDonalds de marca que se transforma em ícone no mundo inteiro, transformando o mercado do café vendendo um ambiente que não é nem casa ou trabalho, é uma mistura das duas coisas”. 

Quando questionado em relação a estratégias de aumento de cliente para auxiliar os cafés, o professor diz que “Em termos de ambiente, as cafeterias podem fazer e mudar o ambiente também, criando vários temas. O mercado só tem a ganhar, acho que a concorrência pode sofrer um baque mas pode voltar e se posicionar de uma maneira diferente, tendo um ambiente confortável, café mais gostoso e curitibano a preço mais acessível. Todos ganham, o consumidor ganha opções diferentes e a concorrência não ganha no começo, mas tem uma chance de se posicionar e competir com o Starbucks, não imitando, mas com um diferencial. O café da Starbucks vai ser caro pois a franquia é cara. Então podem investir em ambiente, portfólio qualitativo, tendo o café que não tem no Starbucks para agradar as pessoas locais, algo que o Starbucks não tem.”

Aleandra Soares, 39, amante de café, foi ao Starbucks do Shopping Mueller no dia depois da inauguração. “Eu fui porque nunca tinha entrado em um Starbucks antes por não ter em Curitiba. Por ser a novidade do momento. Agora se vale a espera, na minha opinião, não. O único motivo pelo qual fiquei é que minha filha estava comigo e ela queria muito por sempre ver fotos nas redes sociais. Caso contrário, não ficaria 2 horas esperando por um café que poderia comprar em outro lugar e esperar apenas 10 minutos.”

E quanto ao café, ela disse que “É bom, não achei nada de diferente. Teria que provar outros sabores para saber melhor se gosto ou não, mas não voltarei até e se a novidade passar.”

Por fim, de acordo com a previsão do especialista em Marketing Karlan Muniz, “Novidade não é parâmetro, é modinha. Temos que esperar para ver, dar tempo de entrar na vida das pessoas; se depois de um ano vai se encaixar na rotina ou se vai ser só para turista.” 

Nossa equipe visitou as lojas, confira o que achamos.

Resenha – Starbucks do Shopping Palladium (09/11/2021)

Eu cheguei às 16h10. Para a segunda semana de abertura, a fila estava grande, e ao meu redor muita gente reclamou da espera, mas todos continuaram aguardando. O que me chamou atenção é que a maioria das pessoas que estavam esperando eram grupos de amigos, tanto adolescentes quanto adultos. Cheguei no caixa para fazer o pedido às 16h35, onde tinha o cardápio que é acessado por QR Code, que deveria estar espalhado pela unidade para ser mais prático para os clientes como está na primeira unidade do shopping Mueller. Fui então aguardar para retirar o pedido. A primeira coisa que recebi foi o brownie, o que não gostei muito. Seria melhor receber o pedido completo e não separados para não parecer que fiquei mais tempo esperando do que realmente foi. O tempo total de espera, da chegada na fila até receber a bebida, foi de 39 minutos e preço final de R$20,5.

O Refresher de frutas vermelhas foi refrescante por conta do calor que fez em Curitiba no dia 09 de Novembro. O sabor é meio amargo para uma bebida com frutas mas estava geladinho então deixei passar. Peguei o tamanho pequeno de 300ml que foi R$11.

O Brownie Expresso estava maravilhoso, no ponto certo com cobertura de chocolate. Com certeza vou voltar para comprar mais. Foi R$9,50.

O ambiente é agradável, porém não muito confortável por conta da aglomeração de pessoas no meio da loja onde fica a fila. Tem bastante lugares para sentar e uma pintura muito bonita na parede o que torna o ambiente, se não estivesse tão cheio, mais tranquilo de passar o tempo e não só pegar a bebida e ir embora.

Contam com 10 opções de bebidas variadas, que incluem cafés, frappuccinos e chás. No estabelecimento também são oferecidos acompanhamentos, como salgados ou doces. A loja conta com algumas novidades: o blend de café brasileiro, que pode ser comprado separadamente; o novo sabor de frappuccino, brigadeiro; e as opções salgadas de coxinha e pão de queijo. 

Resenha – Starbucks do Shopping Mueller (27/10/2021)

Cheguei na fila às 20h07. A fila estava enorme, mas, pondo em pauta que no dia 27 ainda era uma novidade para todos, a fila estava considerável. Ainda que a espera fosse grande, muitos estavam mais ansiosos do que estressados na fila. Era notória a presença de muitos adolescentes acompanhados pelos pais e/ou em um grupo de amigos. Um fator que facilitou muito foi o cardápio digital, via QR CODE, onde pude decidir melhor o meu pedido. 

Cheguei no caixa apenas às 20h50, onde fiz o pedido de um Frappuccino de Maracujá, um Latte de Avelã e um Donut de Doce de Leite. Vale ressaltar que eu não estava sozinha, eu estava acompanhada. Então, após o pedido, aguardei cerca de 7 minutos para a preparação de tudo. Então, o tempo total, desde a entrada da fila até receber o pedido, foi de 50 minutos (20h07 às 20h57). O preço final foi de R$40,5.

O Latte de Avelã foi o que chamou a atenção da minha companhia que, no final, disse que não atendeu às suas expectativas para a bebida, assim como o Donut. Porém, ainda que não tenha atendido às expectativas, foi uma refeição saborosa e o café estava no ponto certo. O preço do Latte foi R$13,5 e do Donut foi R$8,5

Eu experimentei o Frappuccino de Maracujá que não vai café. Eu preferi uma bebida sem café porque já era noite e, com café, sou muito agitada. Eu gostei muito do Frappuccino de Maracujá, porque eu não gosto de bebidas doces e o maracujá tem um azedinho único, que não deixa a bebida completamente azeda. Para os que gostam de maracujá e preferem bebidas não tão doces, é uma recomendação. Foi melhor do que eu imaginava, peguei o de 400ml e o preço dele foi R$18,5. 

Por fim, um ponto fraco foi que, por conta da aglomeração constante, o espaço fica pequeno e não é muito agradável comer no ambiente. Acredito que, depois da onda passar, o ambiente ficará mais agradável e sem tantas pessoas. Apesar disso, a decoração do Starbucks é muito bonita.