Condições de trabalho dos colaboradores de transporte público

por Maria Cecília Marchalek Zarpelon
Condições de trabalho dos colaboradores de transporte público

A jornada excessiva que causa danos a saúde mental de motoristas e cobradores

Por Anna Pires

Atualmente, mais de 25 milhões de pessoas utilizam o sistema de transporte público, todos os dias.  E Curitiba é referência nacional, quando se trata de transporte coletivo. Entretanto, para este modelo funcionar, há um trabalho cansativo feito por motoristas e cobradores.

O trabalho dos colaboradores de ônibus envolve situações, tais como conduzir pessoas nos seus destinos com segurança, atender as exigências e pressões dos horários. De acordo com o secretário, Haroldo Isaak, do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), a jornada de trabalho é feita em escala “12×36”. “Para motoristas profissionais, pode prever uma jornada especial de 12 horas trabalhadas e 36 horas de repouso. Ou seis horas diárias, não podendo ultrapassar 36 horas semanais”, afirma. Ainda de acordo com com Isaak, a jornada de trabalho varia de acordo com cada empresa, e assim também é feito com os cobradores. E os que fazem a jornada de trabalho de oito horas, tem direito a uma hora de intervalo, possuindo todos os seus benefícios e adicionais noturnos previsto em leis trabalhista.

Assim como é previsto em lei, algumas empresas acabam abusando dos horários de transporte coletivo, e seus colaboradores, apenas possuindo o mínimo de seus direitos. Isso faz com que sua jornada trabalhista seja exaustiva e cansativa, somente para ganhar um salário, que em muitos casos atrasam. Como é o caso de um ex- cobrador de ônibus, cujo nome não pode ser revelado por problemas judiciais. “Se analisarem a carga horária, é puxado, cansativo. Durante anos, eu ficava sem comer direito, ou trabalhando 12 horas seguidas. O que foi o cúmulo, em que eu entrei com uma ação judicial foi o atraso do meu salário em três meses”, relata. Além disso, o ex-cobrador assimila a jornada trabalhista com horários de colaboradores em shoppings e tratamentos feito em operadoras de telemarketing.

Para a cobradora de ônibus, Santina de Gois Caudas, que possui oito anos de profissão, em relação a jornada de trabalho, tem que gostar de trabalhar na área e não estar somente por dinheiro. Deste modo, sempre foi muito bem tratada e respeitada em seu local de trabalho. “Já vi colegas distantes passarem por situações desagradáveis por empresas que hoje não estão mais atuando no mercado. Colaboradores sendo tratados iguais lixo, mas eu nunca passei por isso, e mesmo sendo mulher, sempre fui respeitada pelos meus chefes”, consta.  

Nos sábados, domingos, feriados e à noite de acordo com Isaak do Setransp, os horários de funcionamento do transporte coletivo na capital são realizados por escala, sendo remunerado como hora extra e dentro de cada empresa é necessário o monitoramento das jornadas de trabalho de cada colaborador, disponibilidade de um número interno e jurídico para situações de abusos psicológicos, morais e sexuais.