Educador Tião Rocha participa de bate-papo sobre extensão universitária na PUCPR

por Krissians Torres
Educador Tião Rocha participa de bate-papo sobre extensão universitária na PUCPR

Antropólogo e educador mineiro é fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD)

Por Bernardo William, Krissians Torres e Tayná Machado | Foto: Bernardo William

O educador Sebastião “Tião” Rocha participou, na última terça-feira (24), de um bate-papo com professores, estudantes e colaboradores sobre o Pacto Educativo Global e a Extensão Universitária. O evento foi promovido pelo Bureau Pacto Educativo Global PUCPR e aconteceu na Arena Digital PUCPR, no campus de Curitiba da universidade.

Tião – que é educador, antropólogo, folclorista e fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) – refletiu sobre o processo de aprendizagem no Brasil e ressaltou a importância da inclusão social e do diálogo entre professores e alunos.

O educador compartilhou suas experiências com educação em comunidades. Em uma missão em Moçambique, ele ouviu um provérbio africano que diz: “Para educar uma criança, é necessário toda uma aldeia”. “Então, eu descobri a minha função: convocador de aldeias”, disse.

Nessas experiências, Tião percebeu que “todo e qualquer lugar possui potencial de desenvolvimento humano”, se houver acolhimento, convivência, aprendizado e oportunidades. Ao longo da carreira, ele fundou, em 1984, o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), uma ONG que promove educação popular e o desenvolvimento comunitário a partir da cultura.

Em um segundo momento, as professoras Patrícia Maggi, especialista em gestão de aprendizagem pela Universidade Positivo (UP); e Mariane Lins, analista de extensão universitária da PUCPR, reuniram-se em uma conversa com Tião sobre projetos de educação extensiva.

“É uma discussão extremamente importante, porque tem uma riqueza muito grande, e a gente precisa aprender a fazer extensão para que a universidade aprenda com as comunidades”, afirma a professora Patrícia.

Neste contexto, também discutiram as medidas para a efetividade destas ações, tendo em vista a necessidade de se colocar ao lado da comunidade. Tião reforçou que, ao integrar esses territórios, é preciso estar aberto para vivenciar de forma imersiva outras realidades, deixando de lado as obrigações curriculares.

Extensão Universitária faz ponte entre universidade e sociedade

A Extensão Universitária tem como objetivo fazer uma ponte entre a universidade e a sociedade. A PUCPR combina o processo de aprendizagem com diálogos que estimulam o trabalho em conjunto com a comunidade.

Abrangendo uma ampla variedade de atividades, ela se concentra na construção de vínculos que visam promover a troca de aprendizados. A união desses núcleos fortalece as relações e amplia as possibilidades para novas soluções efetivas na educação.

As atividades seguem o método de ensino Paulo Freire, o qual Tião defende como uma aprendizagem “mais ética, mais amorosa, onde não haja exclusão, nem oprimidos, mas uma relação fraterna, com solidariedade e transformação para que todos tenham um mundo melhor.”

O Pacto Educativo Global PUCPR é exemplo às outras universidades

Em 2019, o Papa Francisco lançou o Pacto Educativo Global com o objetivo de formar pessoas maduras e livres para viver na sociedade atual, por meio de sete compromissos. São eles:

  • Colocar a pessoa no centro de cada processo educativo;
  • Ouvir as gerações mais novas;
  • Promover a mulher;
  • Responsabilizar a família;
  • Se abrir à acolhida;
  • Renovar a economia e a política;
  • Cuidar da casa comum, o planeta Terra.

As iniciativas propostas no Pacto concordam com as ações de Tião Rocha e com os projetos de extensão da PUCPR. O educador defende que “o Pacto Educativo Global é a razão de ser de uma instituição superior”.

CPCD já impactou mais de 150 mil pessoas

Além da educação, o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) também atua em causas sociais e sustentáveis. O projeto já impactou mais de 150 mil pessoas, por meio da construção de 145 cisternas de 16 mil litros, dois sistemas de distribuição de águas, e cinco cidades para comunidades em Minas Gerais e no Maranhão, entre outras ações.

Tião ressalta que o envolvimento da comunidade nas iniciativas é essencial. “Se a gente juntar a comunidade por uma boa causa, a gente consegue transformar. Por exemplo, nós fizemos o desafio em Bom Jesus da Selva de plantar dez mil árvores em dez minutos. E nós conseguimos, no dia 10 de dezembro de 2014, com mais de 9 mil pessoas, plantar todas essas árvores”, conta.

O papel como educador serve como complemento para as ações sociais do instituto. Para Tião, há uma diferença entre professor e educador. “Professor é quem ensina, e educador é quem aprende. Nós educadores somos criadores de formas, de caminhos. Como eu posso alfabetizar uma criança, ou garantir água potável para as pessoas? Como melhorar a vida na minha rua, meu bairro, ou minha cidade? É esticar os limites do possível, fazendo coisas pequenas. E é isso que eu quero continuar fazendo”.