Grafite de OSGEMEOS no MON divide opiniões entre o público

por Janaína Torres Furtado
Grafite de OSGEMEOS no MON divide opiniões entre o público

 

O grafite na fachada é temporário e removível, permanecerá apenas para a divulgação da exposição dos irmãos artistas OSGEMEOS

Por: Gabriela Alves, Janaína Furtado, Laura Siqueira, Pietra Gabiatti | Foto: Janaína Furtado

A discussão sobre se o grafite é ou não vandalismo passou a ser ainda mais debatida com a inserção de nomes como OSGEMEOS, Gustavo e Otávio Pandolfo, no Museu Oscar Niemeyer. O arquiteto Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer, publicou em suas redes sociais a sua opinião acerca do grafite da dupla de irmãos, expressando seu descontentamento com a obra.

O bisneto do fundador do MON classificou o trabalho dos grafiteiros como “pichação” e decidiu acionar a justiça. “É com grande tristeza e revolta que vi o que esses dois fizeram na obra de meu bisavô. No mínimo deveriam ter o respeito pela arte e criação de Niemeyer”, escreveu em suas redes sociais. Em resposta, o Museu Oscar Niemeyer se pronunciou informando que a pintura é temporária, sendo utilizada apenas para divulgação e que a fachada será pintada de branco novamente após o fim da exposição dos irmãos.

Opinião pública

Marcelo Diamant, 42, artista de murais de Curitiba, disse que em sua concepção o grafite tem várias facetas e deve possuir um objetivo para “falar com a galera” e que seja um “movimento pensativo da rua”. O artista falou que a dupla está em alta, principalmente para romper o paradigma de que os museus devem ser tradicionais, sem pinturas. Os irmãos vieram para abrir uma ideia nova sobre a cultura do grafite da rua, vindo para outros espaços. Marcelo se pronunciou quanto a iniciativa do museu e declarou: “Se o Oscar fez algo para artistas, ele ficaria deslumbrado de ver a arte dele trazendo outras artes de outros artistas complementando a obra que ele deixou”.

A estudante de artes visuais Juliana Noimann, 19, comentou que o Museu Oscar Niemeyer possui uma arquitetura retilínea e não orgânica, e que trazer a obra da dupla de irmãos, que tem como característica principal a contemporaneidade, desconfiguração da forma e uma linguagem periférica, é de extrema importância para um museu tradicional da arquitetura e arte.

Já sobre a discussão entre o grafite e a pichação, a estudante comenta acerca da crítica de Paulo Niemeyer, que classificou a obra como pichação. A jovem diz que o posicionamento do arquiteto foi um “atropelo”, ou seja, uma intervenção artística por cima de outra. “É falta de entender o mundo hoje, falta de cultura absurda classificar o grafite como pichação, até porque a pichação também é uma forma de expressão, também é arte, a pichação não é menos que o grafite. E, sobre o posicionamento, só mostra que pessoas que têm muita relevância socialmente não possuem conhecimento sobre a cultura de hoje, sobre o que acontece dentro do mundo da arte.” completou.

Aqueles que assistiram a arte sendo produzida em tempo real têm uma opinião única e de primeira mão. A estudante de Engenharia de Produção da PUCPR, Mariana Imperial, 22, presenciou o processo da montagem da obra. “Foi muito incrível! Não estava acreditando que estava vendo artistas tão famosos trabalhando na minha frente. Fiquei tão animada com o trabalho deles que todo dia passava lá para ver!”.

Vídeo: Mariana Imperial

A exposição “OSGEMEOS: Segredos” começou no dia 18 de setembro, ficando em cartaz até dia 3 de abril de 2022, o preço dos ingressos variam de R$10 a R$20, de quinta a terça-feira, com entrada gratuita às quartas-feiras.