Pesquisa revela que Corinthians tem torcida de maioria feminina

por Laura Luzzi
Pesquisa revela que Corinthians tem torcida de maioria feminina

Ibope indica que mulheres representam 53% da torcida do Alvinegro, mas índice não reflete na ocupação dos estádios

Por Laura Luzzi

Pesquisa publicada pelo Ibope/Repucom, chamada “Clube DNA 2020”, revela que 53% dos torcedores do Sport Club Corinthians são mulheres. Ou seja, há mais mulheres que torcem para o time paulista do que homens. 

Apesar de estudos realizados pela Sports Value apontarem o maior índice de desinteresse pelo futebol ao longo dos anos, 42%, este dado não se reflete na comunidade esportiva feminina, já que  o número de mulheres interessadas pelo esporte vem aumentando. No entanto, segundo dados de levantamento feito pelo Datafolha, citado em coletiva pela Federação Paulista de Futebol (FPF), o público feminino nos estádios durante o Paulistão 2019 foi de apenas 14%. Já, levando em conta o cenário nacional, de acordo com diagnóstico realizado pela plataforma Statista, somente 12% das mulheres frequentam estádios.

Outro estudo encomendado pela FPF e realizado pelo Ibope/Repucom indica que as mulheres não têm companhia ou incentivo do seu círculo social para frequentarem estes ambientes. Um dos motivos mais citados pelas mulheres, também, é a falta de segurança, como afirma uma das fundadoras do Movimento Alvinegras torcida feminina do Corinthians –, Tatiane Vidal, 35: “Não somos maioria no estádio devido à violência, ao medo, a toda preocupação que existe da mulher sair de casa. Tem jogos de quarta-feira que acabam tarde e para uma mulher estar sozinha, dependendo de transporte público às 23h é perigoso”. 

Diante destas dificuldades, as mulheres ao redor do país têm se unido para ocuparem juntas as arquibancadas, através da criação de movimentos de torcidas femininas. Verdonnas do Palmeiras, Movimento Alvinegras no Corinthians, São Pra Elas do São Paulo, Atleticaníssimas no Athletico, Gralhas da Vila do Paraná Clube, Gurias do Couto no Coritiba e Força Feminina Colorada do Internacional são só alguns exemplos destes coletivos. Visando a solidariedade com a classe feminina, até a rivalidade é deixada de lado. Tatiane relata que o que motivou a criação do Movimento Alvinegras foi o episódio vivido por uma torcedora palmeirense, que foi intimidada  por torcedores do time de Itaquera em um metrô na capital paulista.

Para a torcedora corinthiana, o aumento do interesse do público feminino pelo futebol deve-se ao fato das mulheres estarem começando a entender que o ambiente futebolístico não é “coisa de homem”. A torcedora também atribui créditos às campanhas realizadas por alguns clubes para exigir respeito e atrair audiência feminina, como a #RespeitaAsMinas do Sport Club Corinthians. 

A Federação Paulista, junto com os 16 clubes participantes do Campeonato Paulista, também decidiu lançar a campanha #ElasNoEstádio. Contudo, por conta da pandemia do novo coronavírus, o campeonato foi adiado e teve a participação do público proibida.