Presidente do Conselho Deliberativo do Coxa confirma que proposta da Treecorp está na mesa

por Felipe Emanuel Benato de França
Presidente do Conselho Deliberativo do Coxa confirma que proposta da Treecorp está na mesa

A expectativa é de que o clube anuncie em breve detalhes sobre o acordo que vai transformar o Coritiba em uma SAF

Por Felipe Benato e Henrique Jorge | Foto: Coritiba

Com a pior sequência dos últimos três anos, o Coritiba completa dois meses sem conquistar vitórias, além de ter amargado duas eliminações para times de divisões inferiores. A crise financeira não é tão aguda quanto em campo. Na atual temporada, o Coxa investiu R$30 milhões na montagem do elenco para 2023, mas é na transição do clube para uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) que as esperanças estão depositadas. A Treecorp é a única empresa citada oficialmente como a autora da proposta em análise.

Nos bastidores, toda semana aumenta a expectativa para um anúncio do plano escolhido pelo Coritiba. Em entrevista ao Portal Comunicare, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Jamil Tawil, confirma a Treecorp nas negociações. “Com relação à proximidade entre Coritiba e Treecorp, isso não é novidade. A diretoria, Conselho de Administração já falou sobre isso, que eles, sim, estão na mesa, tem proposta deles”, afirma.

Ainda segundo o presidente, depois de o Conselho Deliberativo aprovar a empresa e o modelo de transição, será elaborado um novo estatuto. Ele é que definirá qual o número de cadeiras que a associação civil (como o clube hoje está estruturado) terá no conselho. Tawil afirma que a transformação do clube numa SAF não seria a única alternativa possível, mas que, pessoalmente, considera a forma mais viável de dar longevidade a um modelo de gestão para o Coritiba. 

Quem é SAF do Coritiba 

A Treecorp, empresa que deve gerenciar o fundo de investimentos da SAF do Coritiba, tem como Sócio-Diretor o empresário Bruno Levi D’Ancona. Ele é genro do milionário Roberto Justus, que em entrevista ao programa Pânico na Rádio, afirmou que não está participando das negociações entre o fundo de investimentos e o clube, mas que confia tanto no projeto, que vai investir recursos.

Criada em 2010, a empresa conta com cerca de R$ 2 bilhões sob gestão em 11 empresas, entre elas a Ademicon, que, antes mesmo do interesse manifestado pela Treecorp na SAF, já têm parceria com o Coritiba desde 2021. O Coritiba mantém um consórcio gerido pela Ademicon.

Recursos sem resultado

Os recursos investidos neste ano ainda não conseguiram tirar o Coritiba do sufoco em campo. O time acumula uma série de nove jogos sem vitória. Entre os vexames estão as eliminações no Campeonato Paranaense e para Copa do Brasil para, respectivamente, o Cascavel e o Sport, ambos times de divisões inferiores no Campeonato Brasileiro. 

Entre reforços e renovações, o Alviverde fez o maior investimento da história do clube, contratando jogadores como Robson (R$2.2 milhões); Alef Manga (renovação por R$2 milhões); Rodrigo Pinho (R$2,5 milhões); Jamerson (R$4,5 milhões); Bruno Gomes (renovação R$4.5 milhões); Bruno Viana (R$8.2 milhões); e Kuscevic (R$6.2 milhões). 

O diretor de futebol do Coxa, Lucas Drubscky, afirma que 100% do investimento é recurso próprio. Em entrevista coletiva transmitida pelo canal do Coritiba no YouTube, Drubscky diz que o dinheiro aplicado na compra de jogadores não tem relação com os rumores das negociações com empresas relacionadas à SAF.

Torcedores reclamam de algumas escolhas feitas pelo Coxa para a temporada 2023. Segundo o consultor de atletas Fernando Jardim, boas contratações costumam ser resultado de um trabalho de observação e análise de atletas que vai além das questões táticas. Para Jardim, o extra campo pode ser tão importante quanto a competência do jogador em campo. Ele diz que é possível vetar uma contratação por conta do comportamento do atleta, mesmo ele se adequando a todos os aspectos táticos e físicos impostos pelo clube e olheiros.

Entre os critérios técnicos, o consultor chama a atenção para a necessidade de observar fatores como desempenho e características que cada posição necessita, cabendo à equipe de scout avaliar e entender quais são os atributos exigidos para cada posição, de acordo com o modelo de jogo adotado pelo clube.

O que são as SAF’s

As Sociedades Anônimas do Futebol, mais conhecidas como SAF’s, possuem o objetivo de profissionalização do futebol brasileiro, transformando as gestões dos clubes em estruturas empresariais, de modo a garantirem aos investidores de futebol mais segurança aplicação de capitais. Atualmente, times brasileiros que não são SAF são constituídos como associações civis, onde há eleições de presidentes de quatro em quatro anos. Nesse modelo, corre-se o risco de haver uma quebra na continuidade no trabalho. 

Segundo analista de mercado de futebol João Henrique Chiminazzo, ao trocar o modelo de gestão, a empresa que assume o clube precisa adotar um dos dois seguintes mecanismos para gerir as dívidas herdadas: regime centralizado de execuções ou uma recuperação judicial. Dessa forma, as dívidas podem ser pagas, fazendo com que a SAF não assuma unilateralmente a responsabilidade de quitar os débitos. 

SAF’s já efetivadas

No Brasil algumas SAF’s já foram instauradas e ainda procuram mostrar melhores resultados em campo. Porém, têm se mostrado alternativas viáveis para conter as dívidas de clubes que estavam em situações financeiramente complicadas. Alguns exemplos:

Cruzeiro

  • Adquirida por R$ 400 milhões pelo ex-jogador Ronaldo Fenômeno
  • SAF assinada em abril de 2022
  • Acesso para a Série A no fim de 2022
  • 6.° colocado no Campeonato Brasileiro

Vasco

  • Adquirida pela 777 Partners por R$ 700 milhões
  • SAF assinada em maio de 2022
  • Acesso para a Série A no fim de 2022
  • 9.° colocado no Campeonato Brasileiro

Botafogo

  • SAF assinada em março de 2022
  • Adquirida pelo bilionário John Textor, com 400 milhões investidos
  • Classificação para a Sulamericana no primeiro ano de Série A
  • 1.° colocado do Campeonato Brasileiro de 2023 

Bahia

  • Acordo com Grupo City
  • SAF assinada em dezembro de 2022
  • 15.° colocado do Campeonato Brasileiro
  • R$ 1 bilhão em até 15 anos

O que os coxas brancas acham da SAF?

Para grande parte da torcida, a SAF ainda gera muitas dúvidas, porém é vista como uma solução moderna para fazer o Coritiba voltar a figurar entre os gigantes do país. Confira:

 

Confira as trechos da entrevista do Presidente do Conselho, Jamil Tawil, ao Portal Comunicare:

Portal Comunicare – Sabe-se que o Coritiba está próximo de fechar acordo com a SAF. Como ficam a diretoria e os conselhos diante desse acordo?

 

Portal Comunicare – Sabendo dessa proximidade entre o Coritiba e  a Treecorp, quais são as movimentações entre os conselheiros, quais são os posicionamentos dentro do próprio Conselho?

 

Portal Comunicare – Para o senhor, a SAF seria a melhor maneira de o clube sair dessa situação que vem enfrentando nos últimos anos?