Taxa de transmissão do coronavírus em Curitiba atinge menor índice em quase quatro meses

por Leticia Fortes Molina Morelli
Taxa de transmissão do coronavírus em Curitiba atinge menor índice em quase quatro meses

Indicador sofreu a maior redução desde maio, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde

Por Guilherme Araki e Letícia Fortes | Foto: Fernando Zhiminaicela – Pixabay

A taxa de transmissão do coronavírus atingiu o patamar mais baixo desde o pico da pandemia na capital paranaense, segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde na terça-feira (25). A mais recente diminuição desse indicador, que atingiu 0,76, indicou uma redução no potencial de transmissão do vírus de uma pessoa para outra em Curitiba. Isto significa que cada grupo de 100 contaminados transmite o vírus para outras 76 pessoas. Durante o pico da pandemia na capital paranaense, verificado entre 13 e 18 de junho, a taxa de transmissão chegou a atingir 1,65.

Pela análise da taxa de transmissão, a pandemia na capital paranaense acelerou a partir de maio e atingiu seu ápice na segunda quinzena de junho. A taxa de transmissão permaneceu em 1,65 até a última semana de julho, período no qual a pandemia atingiu o platô, mas com uma alta taxa de transmissão. Em 7 de agosto, a taxa caiu para 1.0, indicando o início da desaceleração da pandemia em Curitiba. 

Segundo a médica infectologista Susanne Edinger, a análise da taxa de transmissão é fundamental para rastrear a evolução da pandemia na capital. “Essa redução na taxa de contágio significa que uma pessoa infectada tem potencial de transmitir o vírus para menos indivíduos do que tinha no início da pandemia. Na prática, isso acontece porque alguns pessoas já tiveram a doença e outras já estão imunes”, explica Susanne.

A taxa de transmissão é calculada com base no número de casos ativos da doença, isto é, o número de pessoas que podem transmitir o vírus caso desrespeitem o isolamento social e as medidas de higiene. Os casos ativos correspondem ao total de casos confirmados menos os recuperados e os óbitos. 

Aplicada sobre os casos ativos da doença, a taxa de transmissão indica que, se os 3.877 curitibanos que sabem que têm Covid-19 não respeitarem o isolamento, elas poderão contaminar outras 2.946 pessoas (dados de 30 de agosto). Se a taxa fosse 1,0, elas transmitiriam para outras 3.877 pessoas, seguindo a tendência de transmissão exponencial do vírus. 

 

Dois em cada três paranaenses desrespeitam o isolamento

No último final de semana, com termômetros chegando a marcar 28°C, praças, parques e bares voltaram a ficar lotados em vários pontos de Curitiba, com muitas pessoas sem máscara e desrespeitando o isolamento social. Segundo a In Loco, empresa de tecnologia especializada em localização, o índice de isolamento social no Paraná caiu para 33,99% na última sexta-feira (28), ou seja, de cada três pessoas, duas circularam pelas cidades.

Para a médica infectologista Susanne Edinger, o relaxamento em relação ao confinamento não é o problema, e sim o relaxamento em relação às medidas de prevenção. “Sair de casa, retomar algumas atividades em locais públicos ou ambientes de trabalho não confere problemas. Agora frequentar ambientes públicos sem máscara, permanecer em ambientes fechados sem circulação de ar ou com aglomerações (como as que temos visto desde o último final de semana na capital) são medidas de relaxamentos não permitidos”, afirma Susanne.

Em caso de relaxamento antes da hora, Susanne adverte para o risco de um novo aumento das taxas de transmissão/contágio, principalmente em indivíduos do grupo de risco. “É hora de ter liberdade com responsabilidade, pois temos que lembrar que não vivemos sozinhos no mundo e nossas ações implicam em consequências que podem prejudicar outras pessoas.”